Martim Berto Fuchs
A
filosofia Liberal não contempla quem, através do seu trabalho, não consegue
andar com as próprias pernas. A base da pirâmide, por exemplo, sempre trabalhou
duro para garantir seu emprego, não obstante sua baixa remuneração. Remuneração
que não lhe permite caminhar com as próprias pernas, mas contribui enormemente
para a acumulação por parte dos donos do capital. É simplesmente impossível um
trabalhador de salário mínimo, a parte maior do todo, pagar do próprio bolso
plano de saúde, educação, transporte, e ainda juntar para a aposentadoria.
Na sua prosa
habitual, o Liberal apresenta o desenvolvimento de um país pelo PIB, e a renda
per capita pela média. Se estes dois índices estão em alta, o país é um
sucesso. Para o Liberal, a base da pirâmide teve TODA liberdade de crescer
junto, de sair da base. Se não cresceu e lá permaneceu, é problema dela.
Não é
levado em conta que sem a base a pirâmide desmorona, não se mantém em pé, ou,
não gera produto. Não gerando produto, não há acumulação de capital para os
acumuladores e nem haveria especulação financeira.
A raça
humana se reproduz de forma crescente, e cada vez mais na base da pirâmide, o
que garante aos Liberais o excedente de mão de obra para continuar acumulando
capital.
Se num
país os salários da base começam crescer em seu valor nominal e não apenas pela
média, eles transferem suas empresas para países onde ela é abundante e quase
de graça, abandonando em seus países de origem, seus ex-colaboradores.
Tudo
isto, diz a prosa filosófica Liberal, para baratear o custo da mercadoria, e
com isto permitir a mais pessoas ter acesso aos bens produzidos. Fica portanto
o trabalhador de salário mínimo, autorizado a gastar sua “fortuna” nos bens
produzidos por ele mesmo, bens que, se ele não trabalhasse, nem existiriam.
Por
óbvio, há algo de muito ERRADO nesta filosofia. Não é para menos que os
Liberais não se mantém no Poder em lugar nenhum do mundo. Servem para consertar
as burrices dos socialistas, que conseguem a “proeza” maior ainda, de enviar TODOS
para a base da pirâmide. Mas uma vez equilibradas as contas, com o maior sacrifício
imposto a base descartável, os socialistas voltam ao Poder.
E é
nesta gangorra que o tempo vai passando, pois tanto um como o outro estão há
séculos nesta disputa inglória. Prosa de um lado e burrice do outro. No meio, a
maior parte da humanidade, que apenas tem servido como boi de piranha, ou
cobaia para experiências absurdas.
Está
mais do que na hora de encarar o problema com novos olhos, partindo de outro
paradigma, construindo um novo Contrato Social. A natureza nos oferece tudo em
abundância. Não tem porque tratar o ser humano como produto descartável.
Antes
que me tachem de comunista, antecipo que não estou a pregar a igualdade de renda
entre todos os atores desta tragédia humana, e nem a condenação do sistema
capitalista, bandeiras da burrice histórica do socialismo.
Estou a
pregar a distribuição meio a meio dos resultados da produção (lucro) entre
Capital e Trabalho, hoje todo ele direcionado ao Capital. Ambos são indispensáveis
para a obtenção dos resultados. E disto resultaria o óbvio: aumento de consumidores
com poder de compra.
E nem a
governança de um país pode ser deixada à revelia dos atores, como querem os
Liberais, e nem nas mãos dos agora “politicamente corretos”, como quer a obtusa
esquerda brasileira, que não consegue aprender com a história, seja por burrice
ou por cretinice, ou ambas.
O Estado
pode e deve ser pré-dimensionado – o Estado, vejam bem, e não o mercado -, para
que não seja máximo como querem os socialistas, nem mínimo como querem os
liberais, onde, além disto, este mínimo deve estar atrelado aos seus interesses.
Liberalismo
é um projeto econômico, que se aproveita do político para chegar ao Poder, e de
lá explorar o social. Nele, todos tem a liberdade de subir na vida, usando os
menos dotados como degrau, e se este degrau ceder, descartá-lo e trocá-lo por
um novo. O ser humano, para eles, não passa de uma peça de máquina, facilmente substituída.
Nas prateleiras do mundo, tem milhares dessas peças em estoque.
É o
liberalismo que mantém o moribundo socialismo na UTI, ligado aos aparelhos. Se
desligar e ele vier a morrer e ser enterrado num caixão de segunda, que é o que
merece, à quem os Liberais vão culpar pelos descalabros ?
Hoje
posam de vestais, comparando seus resultados econômicos – sempre pela média -
com os do socialismo. Sem a proposta marxista de economia dirigida e na mão do
Estado, a quem eles iriam culpar ? Se voltariam novamente contra os
monarquistas ?
Nenhum comentário:
Postar um comentário