Equipe Universalismo Crístico
Uma pesquisa divulgada pela
Ipsos-Mori – chamada Perigos da Percepção –mostra que o mundo não
está tão ruim como pensam as pessoas
A partir
de quase 30 mil entrevistas conduzidas entre setembro e outubro passado em 38
países, a enquete testou a percepção das pessoas sobre 14 temas que causam
preocupação, ou são de grande importância na mídia, para saber se elas
achavam que esses assuntos estavam perto da realidade – “realidade”
baseada em informações retiradas “de uma variedade de fontes verificadas”,
segundo a Ipsos-Mori.
A
conclusão da pesquisa é de que pessoas no mundo inteiro estão bem equivocadas
sobre a verdade de questões-chave e características da população de seus
próprios países.
E no
ranking dos países cujas populações mais “erraram” – onde a média percentual
obtida pelas respostas esteve mais distante do número “real” – o Brasil aparece
em segundo lugar, atrás apenas da África do Sul.
Os enganos
Veja
algumas informações que não correspondem à realidade, mas mesmo assim
a população acredita:
No
Brasil, a taxa de homicídios hoje é bem mais alta do que no ano 2000: falso.
No
Brasil quase metade das meninas e mulheres de 15 a 19 anos engravidaram: falso.
No
Brasil quase metade dos adultos sofrem de diabetes: falso.
Essas
afirmações falsas refletem o que pensa a maioria dos brasileiros, segundo a
pesquisa da Ipsos-Mori.
As verdades
O estudo
mostra, por exemplo, que a taxa de homicídios caiu na maioria dos países
analisados, nos últimos 15 anos, mas que a maior parte das pessoas acredita que
o quadro piorou.
No
Brasil, 76% têm essa percepção, embora o índice tenha permanecido estável em
relação ao ano 2000, usado como base de comparação – estável mas ainda
é alto, claro.
A
porcentagem de mulheres entre 15 e 19 anos que têm filhos também é
superestimada. No Brasil, a média estimada pelos entrevistados foi de 47% –
quase a metade das mulheres adolescentes do país. Mas o dado registrado no
Brasil corresponde a 6,7%.
O índice
de mortes por ataques terroristas ao redor do mundo, que nos últimos anos
diminuiu em relação aos 15 anos anteriores, também é percebido de forma
equivocada. Apenas um quinto das pessoas entre todas as entrevistadas nos 38
países acredita que houve queda.
Motivo
Essa
lacuna entre percepção e realidade existe porque que muitos enxergam
as coisas piores do que são por estarem preocupadas.
“Nós
sabemos de estudos anteriores que isso ocorre, em parte, porque superestimamos
o que nos causa preocupação”, diz Bobby Duffy, diretor gerente da Ipsos Public
Affairs, em texto para apresentar os resultados da pesquisa.
Os
pesquisadores afirmam que somos geneticamente programados para acreditar mais
nas más do que nas boas notícias.
Cérebro armazena o negativo
Nossos
cérebros, segundo os pesquisadores, processam informações negativas de um jeito
diferente e as armazenam de forma a estarem mais acessíveis que as positivas.
Um
neurocientista comprovou isso mostrando a pessoas imagens de coisas conhecidas,
como pizzas e Ferraris, para estimular sensações positivas, e outras, como um
rosto mutilado e um gato morto, por exemplo, para despertar outro tipo de reação.
A partir
desse experimento, ele mediu a atividade elétrica no cérebro e constatou que
respondemos mais fortemente a imagens negativas.
Papel da mídia
A mídia,
geralmente, leva a culpa por mergulhar as pessoas em um mar de desânimo e
pessimismo.
Eles
questionam: se somos alimentados com uma dieta [de notícias] tão
implacavelmente negativa, é de admirar que acabemos pensando que o mundo é um
lugar terrível?
Na
prática, essa hipersensibilidade que temos a informações negativas – ou a más
notícias – aparentemente desempenha uma função importante na evolução.
Um
cérebro mais sensível a más notícias reage mais intensamente a informações
sobre possíveis perigos – a defesa – o que acaba pesando no instinto de
sobrevivência.
Só notícia boa
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