terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Ex-policial condenado por assassinato é o novo presidente do Supremo da Venezuela

MAOLIS CASTRO

O polêmico magistrado Maikel Moreno, ex-oficial da Sebin, é acusado de estar envolvido em casos de corrupção

O polêmico magistrado Maikel José Moreno Pérez foi eleito, nesta sexta-feira, por unanimidade, o novo presidente do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) daVenezuela. A nomeação gerou um rebuliço no país caribenho por causa do passado do advogado.

Uma semana atrás, Moreno, presidente da Sala de Cassação Penal do TSJ, ratificou a condenação do preso Leopoldo López, ex-prefeito do município de Chachao, parte do distrito metropolitana de Caracas, de quase 14 anos de prisão pela sua participação em protestos contra o governo de Nicolás Maduro, ocorridos em 2014 e nos quais morreram 41 pessoas.

Mas foi o passado do presidente do Supremo que provocou as críticas mais fortes. Moreno, que substitui a advogada Gladys Rodríguez, é acusado de haver assassinado uma mulher no Estado de Bolívar (sul da Venezuela) em 1987. Nessa década, trabalhou como oficial da polícia política venezuelana, agora chamada de Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), e ficou dois anos preso por este crime.

Depois de conseguir um benefício processual e ser reincorporado ao corpo policial, Moreno foi relacionado ao homicídio de Rubén Gil Márquez, durante um tiroteio, em Caracas, em 1989. Desta vez, não foi considerado culpado pelas autoridades venezuelanas, mas foi retirado de seu cargo como oficial de segurança.

Sua fama questionável ressuscitou no governo de Hugo Chávez. Moreno já havia abandonado a polícia política para trabalhar como advogado do Ministério Público. Em 2007, o ex-magistrado chavista Luis Velásquez Alvaray, fugitivo das autoridades venezuelano, apontou o atual presidente do Supremo como um dos membros de uma organização chamada A banda dos anões, que supostamente opera no sistema judicial deste país sul-americano e está submersa em vários casos de corrupção. Mas esta denúncia foi rejeitada pela Promotoria.

Moreno é um homem de peso no chavismo. O advogado foi nomeado adido comercial de Caracas em Roma, depois de ser destituído como juiz por desacato a uma ordem da Sala Constitucional do TSJ, em 2007. Agora, o novo presidente do Supremo jurou acabar com a impunidade na Venezuela. "Eu, a partir de agora à frente do Supremo Tribunal de Justiça, e junto com meus companheiros magistrados, trabalharei 24 horas por dia para acabar com a impunidade e a corrupção deste país", declarou.

Na quinta-feira, o deputado opositor Lester Toleado, atualmente perseguido pelo governo venezuelano, denunciou que Moreno estava em trâmites para obter a cidadania italiana. "Pedimos que as autoridades (italianas) negassem a nacionalidade ao magistrado Maikel Moreno porque o primeiro requisito que qualquer país pede para conceder nacionalidade é não ter antecedentes criminais, e este senhor os tem de sobra: julgado por homicídio e um violador dos direitos humanos", disse.

A nomeação de Moreno pode ser uma jogada extrema do chavismo na luta entre o Supremo e o Parlamento da Venezuela. Desde a eleição da oposição na Assembleia Nacional, em dezembro de 2015, as decisões dos deputados têm sido invalidadas. Os adversários do governo temem que o novo presidente do TSJ possa dar um golpe para fulminar o Legislativo.

El País

(*) Comentário do editor do blog-MBF:  não admira que nossos ex-Presidentes presidiários, Lula e Dilma, sejam irmãos siameses dos bolivari-asnos chavistas.
O que me causa náusea é ouvir a hipocrisia desses retardados se auto-intitulando democratas.

Trump : o negócio em vez da guerra

Thierry Meyssan

convida-nos a analisar Donald Trump sem o julgar pelos critérios dos seus predecessores, antes tentando compreender a sua própria lógica. Ele observa que o Presidente norte-americano tenta restaurar a paz e relançar o comércio mundial mas sobre uma base nova, totalmente diferente da atual globalização.

Buscando derrubar o poder que o precedeu e que tenta manter-se apesar dele, o Presidente Trump não pôde compor a sua administração apoiando-se. para isso, na classe política ou sobre os altos funcionários. Solicitou, pois, outras pessoas, empreendedores como ele, apesar do risco que esta confusão de gêneros comporta.

De acordo com a ideologia puritana, em voga depois da dissolução da União Soviética, confundir a política de um Estado e os seus negócios pessoais é um crime; razão pela qual se instaurou uma estrita separação entre estes dois mundos. Pelo contrário, durante os séculos passados não se abordava a política sob um ângulo moral, mas sob o da eficácia. Considerava-se então normal associar empreendedores à política. Não se qualificava o seu enriquecimento pessoal de «corrupção» senão quando eles se enchiam em detrimento da Nação, e não quando a desenvolviam.

No concernente às suas relações com os dois Grandes, o Presidente Trump aborda a Rússia no plano político e a China no plano comercial. Ele apoia-se assim em Rex Tillerson (antigo patrão da ExxonMobil), um amigo pessoal de Vladimir Putin, para Secretário de Estado; e em Stephen Schwarzman (o patrão da sociedade de capital-investimento Blackstone), um amigo pessoal do presidente Xi Jinping, como presidente do novo órgão consultivo encarregue de propôr a nova política comercial: o Fórum Estratégico e Político (Strategy and Policy Forum) que foi inaugurado pelo Presidente Trump, a 3 de Fevereiro na Casa Branca [1]. Tal Fórum reune 19 empreendedores do mais alto nível. Contrariamente às práticas precedentes, estes conselheiros não foram escolhidos sob o critério de saber se tinham apoiado ou não o Presidente durante a sua campanha eleitoral, nem em função das empresas que dirigem, do seu tamanho e da sua influência, mas, antes, das suas capacidades pessoais para liderar.

Rex Tillerson
Enquanto diretor da ExxonMobil, Rex Tillerson concebeu uma forma de parceria com os seus homólogos russos. A Gazprom e, depois, a Rosneft autorizaram os Norte-americanos a vir trabalhar com eles, na Rússia, na condição de que estes os autorizassem a cooperar com eles em outros lados. Os Russos investiram assim, em cerca de um terço, nas operações da ExxonMobil do Golfo do México, enquanto a multinacional participou nas sondagens do gigantesco campo de hidrocarbonetos no Mar de Kara [2].
É este sucesso partilhado que fez Rex Tillerson receber a Medalha da Amizade das mãos do Presidente Vladimir Putin.

A imprensa destacou os laços pessoais que ele desenvolveu com o presidente russo, assim como com Igor Sechin, o seu homem de confiança.
À cabeça da ExxonMobil, ele enfrentou a família Rockefeller, fundadora da empresa. No fim, ele impôs o seu ponto de vista e os Rockefeller começaram a vender as suas ações tendo em vista deixar a companhia [3].
Segundo os Rockefeller, o petróleo e o gás são recursos finitos que em breve chegarão ao fim (a teoria vulgarizada nos anos 70 pelo Clube de Roma). A sua utilização liberta carbono para a atmosfera e provoca, assim, o aquecimento climático (teoria popularizado nos anos 2000 pelo GIEC e por Al Gore) [4]. É hora de mudar para fontes de energia renováveis. Pelo contrário, segundo Rex Tillerson, nada permite validar a ideia de que os hidrocarbonetos são um espécie de composto de resíduos orgânicos. Não pára de se descobrir novas jazidas em zonas desprovidas de rochas-fonte e a profundidades cada vez maiores. Nada prova que os hidrocarbonetos vão esgotar nos próximos séculos. Nada prova, ainda mais, que o carbono libertado pelo homem para a atmosfera seja a causa das evoluções climáticas. Neste debate, cada um dos campos financiou um intenso lóbing [5].

Ora, os dois campos defendem, além disso, posições diametralmente opostas em política externa. É por isso que a luta entre os Rockefeller e Tillerson certamente teve um impacto na política internacional. Assim, em 2005, os Rockefeller aconselharam o Catar —cujas receitas provêm da ExxonMobil— a apoiar os Irmãos Muçulmanos, depois, em 2011, a investir na guerra contra a Síria. O emirado aí derramou dezenas de milhares de milhões(bilhões-br) de dólares para apoiar os grupos jihadistas. Ao contrário, Tillerson considerou que se a guerra clandestina é boa para a política imperial, ela não faz avançar os negócios. Após a derrota dos Rockefeller, o Catar retira-se progressivamente da guerra e consagra as seus gastos à preparação do Mundial de Futebol (Copa do Mundo-br).
Seja como fôr, de momento, a Administração Trump não tomou nenhuma decisão face à Rússia, além da revogação das sanções tomadas em resposta a uma, suposta, ingerência russa na campanha eleitoral presidencial que teria sido observada pela CIA.

Stephen Schwarzman
O Presidente Trump primeiro chocou a China Popular ao aceitar uma chamada telefônica da Presidente de Taïwan, apesar do principio «Uma China, dois sistemas». Depois desculpou-se junto de Xi desejando-lhe calorosamente «Bom Ano do Galo de Fogo».

Simultaneamente, concedeu-lhe um presente sumptuoso anulando o Tratado Trans-Pacífico. Este acordo, que ainda não tinha sido assinado, fora concebido como a resultante da globalização dos últimos quinze anos para excluir a China do poder de decisão.

O Presidente Trump abriu um canal de negociação com as principais autoridades comerciais e financeiras chinesas, através dos membros do seu Fórum Estratégico e Político. A empresa de Stephen Schwarzman, Blackstone, é detida desde 2007 em cerca de 9,3% pelo fundo soberano da República Popular, a China Investment Corp. [6], cujo diretor à época, Lou Jiwei, é hoje em dia ministro das Finanças do seu país.

Schwarzman faz parte do Conselho Consultivo da Escola de Economia e de Gestão da Universidade de Tsinghua [7]. Ora, este Conselho, colocado sob a presidência do antigo Primeiro-ministro Zhu Rongji, reúne personalidades chinesas e ocidentais das mais importantes. Entre elas: Mary Barra da General Motors, Jamie Dimon do JPMorgan Chase, Doug McMillon da Wal-Mart Stores, Elon Musk da Tesla Motors e Indra K. Nooyi da PepsiCo, os quais também são membros do novo Fórum Estratégico e Político da Casa Branca.

Num artigo precedente, eu indiquei que desde o seu encontro com Jack Ma, da Alibaba (também membro do Conselho Consultivo da Universidade de Tsinghua), Donald Trump está considerando a possível adesão ao Banco Asiático de Investimento para as Infra-estruturas. Se tal se viesse a dar, os Estados Unidos deixariam de conter a China e se envolveriam numa verdadeira cooperação para desenvolver as «Rotas das Seda», tornando, assim, inúteis os conflitos na Ucrânia e na Síria [8].

A cooperação pelo comércio
Após a dissolução da URSS, a política dos Estados Unidos era guiada pela «doutrina Wolfowitz». Para fazer do seu país «o primeiro», as sucessivas administrações não hesitaram em desencadear, conscientemente, uma quantidade de guerras que os empobreceram [9].

Bem entendido, este empobrecimento não tocou a todos. Assistiu-se, pois, a um conflito interno no capitalismo entre as sociedades com interesse na guerra (diga-se a BAE, Caterpillar, KKR, LafargeHolcim, Lockheed Martin, Raytheon, etc.) e as que têm um interesse na paz.

A Administração Trump pretende relançar o desenvolvimento do país rompendo com o ideal «do primeiro» e tornando-se «o melhor». Isso pressupõe agir rápido. Levará anos para abrir as Rotas da Seda, mesmo se a sua construção está bem encaminhada. Por conseguinte, os Estados Unidos não têm tempo para renegociar os grandes Tratados comerciais multilaterais atuais. Eles têm de concluir sem demora acordos bilaterais de modo a que os contratos sejam imediatamente implementados.

Sabendo da extrema dificuldade em reconverter uma economia de guerra numa economia de paz, Donald Trump associou ao seu Fórum Estratégico e Político um empreendedor de uma das sociedades capaz de desenvolver-se tanto em tempo de paz como no de guerra: Jim McNerney (Boeing).

Thierry Meyssan [Rede Voltaire] Intelectual francês, presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana e russa. Última obra em francês: L’Effroyable imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertrand, 2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación (Monte Ávila Editores, 2008).

ORIENTE mídia

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

BRUNCA E O BUNKER PETISTA NA PREVIDÊNCIA CONFRATERNIZANDO....

Médicos e Peritos

A Previdência Social está perdida. Após 13 anos de destruição completa, a reforma que viria a salvá-la está sendo conduzida por Benedito Brunca, líder da resistência do bunker petista que ainda toma de assalto a Secretaria da Previdência da Fazenda bem como importantes diretorias do INSS.

Brunca ainda comanda setores estratégicos da previdência social, como a área de consignados, acordos internacionais, reconhecimento de benefícios, coordenações de recursos humanos e a própria secretaria de políticas previdenciárias, da qual é chefe.

Para se ter uma idéia da intimidade de Brunca e os antigos czares vermelhos do INSS, vejam as fotos abaixo, todas com menos de 8 meses de registro. Devido a presença de menores de idade em algumas delas, as fotos foram editadas...

 Confraternizando - Brunca, Elisete Berchiol e marido (que publica chacotas contra o Presidente Temer na internet), Carlos Eduardo Gabas e a esposa que ficou anos a fio em nepotismo na Previc, Célia Medeiros (eterna secretária de Brunca, que curte postagens contra Temer), Francisco Barreto ("Mano Barreto"), que ainda ocupa cargo na Ouvidoria do INSS/MDSA.  Foto: Maio/2016
Festas e festas: Brunca, Elisete, Marcelo (ex-DIROFL, exonerado recentemente) e companheiros petistas. Foto:  Out/2016.

Intimidade: Brunca, Maria Conceição (Chefe dos Acordos Internacionais - DIRBEN), Célia Medeiros (petista e eterna secretária de Brunca), família de Elisete Berchiol. Foto: Nov/16.

São muitas fotos assim, públicas, nas redes sociais, nem fazem questão de esconder. Brunca continua com cargo, seus subordinados continuam com cargos, Francisco Barreto continua com cargo, a DIRBEN continua aparelhada. 

Até quando?

Perito.Med

Inteligência - Crime organizado tomou conta do país

Equipe do DefesaNet

Além de dominarem áreas da Amazônia as gangues estão interagindo com as polícias, governos e até judiciário.

Os assassinatos nos presídios nos Estados Norte, Nordeste e no Sudeste e o caos nos Espirito Santo e Rio de Janeiro tem pontos comuns e outros totalmente divergentes. Embora todos estejam alinhados a questão do crime organizado, um Estado paralelo formado por organizações criminosas ligadas tanto ao narcotráfico, às polícias estaduais como aos políticos. A revelação não chega a surpreender, mas é parte das respostas obtidas pelos serviços de inteligência, que estão à frente das investigações sobre os recentes episódios no país.

O DefesaNet conseguiu com exclusividade depoimentos de agentes que estiveram nas operações de desmantelamento e identificação das gangues criminosas e das razões dos levantes. Para os investigadores da inteligência, o crime organizado tomou conta de parte do país e está muito bem estruturado, inclusive sob bandeiras políticas como as dos partidos de esquerda.

Segundo informações, as rebeliões no Amazonas e parte dos conflitos no Nordeste estão longe de apenas ser uma briga por controle de tráfico de drogas envolvendo PCC (primeiro Comando da Capital), CV (Comando Vermelho) e Família do Norte. A situação passa desde o controle dos presídios até a grilagem de terra, entre outras questões de gravidade ímpar.

“Os noticiários fizeram novamente o jogo dos marginais, simplificaram e reduziram o problema à uma questão de bandos de criminosos disputando pontos de tráfico de drogas. Isso beira ao ridículo em termos de reducionismo de um quadro gravíssimo, que estamos vivendo, praticamente de suspensão dos direitos civis em vários pontos do país. Estou falando de coisa pesada, de tráfico intenso de armamentos pelo Acre via Bolívia e Venezuela, principalmente por Roraima, de ouro e diamantes, que estão sendo extraídos dentro de reservas indígenas por organizações criminosas e a busca por estabelecer ‘franquias’ do crime organizado em outros países”, ressaltou a fonte.

A questão amazônica começa pela traçado das rotas de tráfico, pela constituição de campos do pouso no meio da floresta e pela aquisição de terras e a constituição de fazendas tanto para a criação de gado como para a lavagem de dinheiro. As organizações criminosas hoje são donas, além do  morro no Rio de Janeiro, das favelas do Espírito Santo, dos mega presídios de São Paulo ou da periferia de capitais como Manaus, João Pessoa e Fortaleza.

“O dinheiro que é movimentado por estas gangues é alto, algo espantoso, são empresários do crime e conquistaram uma rede de colaboradores e apoiadores imensa.  Os Super Tucanos da FAB tem sido alvos de tiros de armas antiaéreas (o DefesaNet questionou o patrulhamento do espaço aéreo da Amazônia), não tem mais aquilo de voar com Cessna e colocar um indiozinho na janela para não levar tiro, esse tempo já passou. Isso foi lá no começo da Lei do Abate, agora o cenário é outro”, observou o agente.

O que impressionou a inteligência é o grau de sofisticação, que em pouco tempo os criminosos conseguiram reunir condições de criar um exército altamente preparado e equipado para atuar dentro da floresta amazônica. Em vários casos, os militares e a Polícia Federal tiveram que escoltar cientistas brasileiros e estrangeiros que estavam promovendo estudos em regiões agora ocupadas pelas ‘empresas do crime’.

“Hoje eles têm acampamentos no meio da selva, que se locomovem com uma agilidade impressionante, e usam armamentos antiaéreos leve, o que você imaginar em tecnologia de solo. Tanto que já derrubaram um dos nossos aviões e empregam táticas militares. Temos um quadro de guerra de selva e que o Exército está enfrentando dificuldades para rechaçar, esses bandidos são treinados por profissionais, nós encontramos indícios que membros da FARC (Colômbia) e do antigo Sendero Luminoso (Peru) foram contratados para aperfeiçoar as técnicas de combate. Embora eu não descarte que haja indígenas e ex-militares brasileiros das Brigadas de Selva no meio dessa gente”, revelou a fonte.

Para o agente de campo, a questão do Norte do país e parte do Nordeste se resume a esses tópicos. Embora esteja fisicamente distante, o conflito no Espírito Santo explodiu quando uma parcela das atividades criminosos na Amazônia foi domada e sufocada. Segundo ele, as ações no Sudeste do país foram coordenados por pessoas com visão estratégica aguçada e bem preparados para desmobilizar em uma localidade e remontar um novo cenário em outro local, ‘fraturando’ as forças táticas.

“No Espírito Santo houve uma negligência medida, se demorou demais para chamar o Exército, a situação estava totalmente fora de controle. Aquele aquartelamento dos policiais militares facilitou e estimulou a criação de um cenários de caos total, de ausência do Estado, de chegarmos e encontrarmos dezenas de corpos em avenidas. Houve a organização de milícias pagas por empresários, de policiais que saíram dos quartéis para acertar contas de dívidas com criminosos, de criminosos matando familiares de policiais, aquilo virou um verdadeiro inferno e os políticos ficaram assistindo até o último minuto, fingindo que tinham controle sobre aquilo. Ali tinha mesmo que tocar o Estado de Sítio e descarregar sobre quem surgisse na mira. Não havia outra maneira de se obter resultado”, revelou.

Cultura da Morte
“A morte será nosso instrumento de Poder”

Frase atribuída a Pablo Escobar, quando entrou em guerra total contra o Governo Colombiano tentando evitar a extradição para os Estados Unidos.

A quantidade de mortes nos conflitos nas prisões de: Manaus (56), Roraima (33) e  Rio Grande do Norte (26) . Os números incríveis da mortes no Espírito Santo, alcançando 176, até 23FEV2017.

Cumplicidades ente Políticos, Polícias, Milícias e Gangues levou a um show macabro. A participação da imprensa também tem sido observada, em especial órgãos que dão apoio a partidos de esquerda e em especial o PCC.

Outro ponto que preocupa os analistas é a crescente tendência de cobertura da imprensa ser negativa às ações das Forças Armadas nas ações de Garantia da Lei e da Ordem. O grupo Folha e a Rede Globo, no afã de atacar o governo colocam-se em posição crítica às Forças Armadas. Mas, na prática, só amplificam e reforçam as ações das gangues.

Outro mais sutil é a crescente posição dos governos estaduais, de simplesmente omitirem-se nas atividades de Segurança Pública, tentando jogar os ônus para o Governo Federal. Esta tendência é seguida também pelos judiciários, que estão omitindo-se em julgar as ações ligadas às principais gangues.

Um fato simples que ilustra esta tendência foi a posição do Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que ao receber a convocação da presidente do STF, a Ministra Carmen Lucia, para discutir a questão da Segurança Pública,feita a todos os Presidentes dos Tribunais de Justiça Estaduais, correu para reuniões sem significado no interior do estado para não viajar à Brasília. 


DefesaNet

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Cofres públicos da Alemanha batem recorde

DW
(*)

País arrecadou em 2016 23,7 bilhões de euros a mais do que gastou, um recorde desde a Reunificação, em 1990. Resultado é atribuído a um crescimento econômico sólido e a um mercado de trabalho aquecido.
A Alemanha registrou um novo recorde de superávit orçamentário em 2016, anunciou nesta quinta-feira (23/02) o Escritório Federal de Estatísticas (Destatis).
Segundo o comunicado, o país apresentou no ano passado um excedente de 23,7 bilhões de euros, o mais alto em termos absolutos desde a reunificação alemã nos anos 1990.
O resultado, ainda mais elevado que a estimativa inicial divulgada em janeiro, foi atribuído a um crescimento econômico "sólido e contínuo" e aos baixos índices de desemprego.
Este já é o terceiro excedente anual consecutivo da Alemanha e, de acordo com o órgão, representa 0,8% do PIB alemão. Em 2015, o país havia registrado um superávit de 19,4 bilhões, ou 0,6% do PIB, e em 2014 ficou em 0,3%.
O valor de 2016 é ainda maior do que os 0,6% estimados no mês passado e coloca a Alemanha em uma situação confortável em relação às regras financeiras da União Europeia. O bloco estabelece, entre outras normas, que os déficits de estados membros não ultrapassem 3% do PIB de cada país.
O excedente do ano passado provém de recursos tanto dos 16 estados alemães quanto de municípios e do governo federal. Este último arrecadou sozinho 7,7 bilhões de euros a mais do que gastou.
O montante, no entanto, é inferior ao superávit de 10 bilhões acumulados em 2015, algo que pode estar associado aos elevados gastos para lidar com a entrada de mais de 1 milhão de migrantes e refugiados no país.
O PIB alemão, por sua vez, teve uma alta de 1,9% no ano passado, impulsionado sobretudo por um crescimento de 0,4% no último trimestre do ano.
A previsão do banco central alemão é de uma expansão ainda maior no início de 2017. Para isso, o órgão aposta no forte consumo doméstico, no boom no setor de construções e num programa especial para acomodar um alto número de migrantes.

DW

(*)  Comentário do editor do blog-MBF:  respeito ao seu povo que paga a conta. Esta é toda diferença. Enquanto na Alemanha, com todo investimento que fazem, ainda conseguem economizar para situações difíceis 23,7 bilhões de euros no ano (R$ 81,054 bilhões), no Brasil, nossos “governantes” conseguem a proeza de gastar a mais do que arrecadado, R$ 170 bilhões, sem contar o que eles transferem para contas a pagar, e sem falar que pouco investem.
Na Alemanha com responsabilidade fiscal, a taxa CELIC deles está em zero% a.a.. A nossa, embutida com um alto spread para calotes, pois somos caloteiros contumazes, está em 12,25%. Isto que baixou 0.75% nesta semana.
Enquanto isto, o Brasil está discutindo o nome do próximo Presidente da República, como se esta fosse a solução. Triste sina.

Seria prudente dar ao mundo um instrumento que permitisse assistir cenas do passado? Tudo que já se passou neste e outros planetas em qualquer época? Ainda podendo ouvir os sons e as palavras como se ocorressem ao vivo?

Vittorio Medioli

Ora, a primeira resposta seria “sim”, mas, pensando um pouco, chega-se à conclusão de que isso devastaria o mundo e poderia levar ao caos. Não haveria mais segredos a velar a intimidade de quem quer que seja. Desmoronariam a fachada das pessoas e as relações entre elas. Tudo seria visível ao conhecimento nítido e abrangente de quem tivesse acesso a essa “coisa” inacreditável.

Justamente pensando nisso, o papa Pio XII, em 1953, quando um grupo de cientistas lhe apresentou o invento, chamado de “Cronovisore”, decidiu sequestrá-lo, desmontá-lo e guardá-lo nas profundezas das criptas do Vaticano, em Roma, impondo sigilo absoluto aos descobridores.

Esses eram dois padres cientistas, Agostino Gemelli, franciscano, reitor da Pontifícia Academia de Ciências, e Pellegrino Ernetti, beneditino, exorcista e diretor da escola de estudos de música sagrada em Roma. Exigiu-se de ambos a obediência sobre o segredo de todas as imagens filmadas em preto e branco. O cronovisore é descrito como um conjunto de antenas de metais nobres e de filtros que sintonizavam-se por coordenadas permitindo assistir cenas e sons num tela de tevê.

O papa pôde assistir as estrepitosas imagens de Cícero, Napoleão e Mussolini e à crucificação de Jesus Cristo, no ano de 36 d.C. (e não 33 d.C.). Frei Agostino Gemelli (1878 – 1959), reitor da Pontifícia Academia das Ciências, que contava com 11 prêmios Nobel e ilustres colaboradores como Enrico Fermi e Wernher von Braun, estava acima de qualquer charlatanismo. Era acompanhado do musicólogo padre Pellegrino Ernetti (1925 – 1994) que em seguida ficou recolhido na abadia da ilha de São Jorge, em Veneza – onde morou o resto da vida.

Na Itália, das décadas de 20 até 60, cientistas de excepcional categoria, como Marconi e Fermi, estimularam um filão de estudos sobre ondas gravitacionais, que continua até hoje na localidade de Cascina, província de Pisa, e tem como laboratório uma ilha do Mediterrâneo, mantida como “top secret”.

Tudo ficaria obliterado e enterrado para sempre, como ordenou o papa Pio XII, se o repórter italiano Vincenzo Maddaloni, despertado por comentários inusitados que corriam em Milano e Roma não tivesse entrevistado frei Pellegrino Ernetti e se convencido de que o Cronovisore existiu e sumiu.
Dessa forma, a mais lida revista da Itália, “La Domenica del Corriere”, publicou, em 2 de maio de 1972, a chocante história do aparelho Cronovisore.
Cronos, o mitológico deus de um tempo, que, nas telas dos primeiros aparelhos de televisão da década de 50, era desvelado impiedosamente.

O “visor do tempo” sintonizava-se que qualquer registro guardado no “akasha”, termo indiano que indica o reservatório da memória universal, indelével e indestrutível.

Padre Gemelli e padre Ernetti são considerados, até hoje, cientistas consagrados – esse último resgatou músicas de mais de 5.000 anos, egípcias, gregas e árabes.

O repórter Maddaloni não conseguiu tirar nenhuma prova cabal de frei Ernetti, apenas relatos, já que, atendendo a ordem pontifícia, o monge se desfez de tudo.
Mas, na ânsia de produzir o maior furo da história, queimou a fama de padre Ernetti, estampando no jornal uma foto que nada tinha a ver com as imagens realizadas por Ernetti com o Cronovisore. Fez, contudo, um favor ao monge, que passou por charlatão espantando o interesse desenfreado dos serviços de inteligência do mundo inteiro.

Padre Ernetti silenciou-se e saiu do cerco que sofria na época passando por impostor barato quando se descobri que a imagem publicada na revista era reprodução do Cristo na cruz, realizado por Coullaut Valera sob orientação da visionária estigmatizada irmã Esperança de Jesus, guardada na Igreja de Collevalenza, em Todi, na Itália.

Hoje, a internet, inexplicável pela velocidade de seu alcance, tem algo de milagroso e permite deixar crível que desvendar o conjunto de ondas vibracionais do passado poderia permitir penetrar na esfera que os padres italianos teriam acessado, abrindo o túmulo da verdade que descansava em paz.

Jornal O Tempo

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Nomeações políticas para o Judiciário: apadrinhamento nas cleptocracias.

Luiz Flávio Gomes

Temer nomeou (no dia 30/12/16) o candidato indicado por Renan Calheiros e Gilmar Mendes para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A cleptocracia institucional brasileira, tal como o polvo, finca seus pés em todos os espaços do poder. Isso se faz pelo apadrinhamento, que é uma espécie de clientelismo, que faz parte do patrimonialismo (forma de governar que confunde o público com o privado).

Mesmo que o professor da PUC-SP (Henrique Ávila) seja um bom nome (isso é algo que a população não sabe, por falta de transparência no processo de nomeação puramente político), a forma da indicação e escolha dos membros do Poder Judiciário (e outros órgãos de controle e fiscalização) está completamente errada.

Os reis faziam essas nomeações políticas e o Judiciário desse tempo era imprestável. Qual o problema? O método é viciado. Todos os vícios somados estão na origem do Brasil que estamos vendo em 2017 (recessão, desemprego, baixo crescimento econômico, ridículo desenvolvimento humano, desigualdade brutal, violência, roubalheira do dinheiro público para o bolso de poucos etc.).

A nomeação política unida ao apadrinhamento é nitidamente antirrepublicana (porque abre muito espaço para conchavos e conluios, não apenas no momento da escolha, senão depois também). É um canal aberto para a corrupção (que só excepcionalmente pode não acontecer).

O apadrinhamento e a indicação política fazem parte da correia de transmissão que retroalimenta a cleptocracia das influências, da impunidade, das conivências, das amizades, dos “acertos”.

A sociedade civil não pode mais aceitar essa indecorosa maneira de preencher os mais relevantes cargos públicos do Estado relacionados com o controle e a fiscalização de todos os poderes.

Dilma nomeou ministro para favorecer Odebrecht
Dilma Rousseff (consoante delação de Delcídio do Amaral) teria nomeado o ministro Marcelo Navarro para o STJ sob a promessa de ele votar pela soltura de empreiteiros presos na Lava Jato (Marcelo Odebrecht e presidente da Andrade Gutierrez).

Efetivamente seu voto foi favorável ao ex-presidente da Odebrecht. Mas ele foi voto vencido. A trama toda, ainda segundo Delcídio, seria do conhecimento do ministro Francisco Falcão (então presidente do STJ).
Até hoje não temos investigações conclusivas sobre tudo isso. Dilma teria usado seus poderes legais para conspurcar a honradez da magistratura e favorecer cleptocratamente financiadores da sua campanha. A demora nas investigações faz parte da cleptocracia institucional que acoberta a cleptocracia da rapina, da roubalheira.

O sistema de nomeações políticas para cargos de controle e fiscalização dos poderes e agentes estatais (a começar pelas nomeações ao próprio STF) tende a ser um descalabro em qualquer país do planeta (veja o caso obsceno da Espanha, por exemplo), mas alcança patamares nitidamente indecorosos quando se trata de um país agudamente cleptocrata.

Temer vai nomear dois ministros para o TSE
No próximo mês de maio/17 o presidente Temer irá nomear (por esse processo viciado) dois novos integrantes do Tribunal Superior Eleitoral, por onde tramita o pedido de cassação da chapa Dilma-Temer, em virtude da desavergonhada e criminosa campanha eleitoral de 2014 (regada a propinas decorrentes do superfaturamento de contratos com estatais).
O escândalo é o seguinte: Temer vai nomear os juízes que vão julgá-lo. O STF faz uma lista tríplice e o presidente escolhe. Haverá imparcialidade no julgamento?

A substituição de dois dos sete ministros do TSE pelas regras tradicionais “é vista como um trunfo do governo Temer contra a ameaça de cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer. Interlocutores do presidente dizem que ele espera essa indicação para garantir uma margem folgada no TSE caso a cassação da chapa vá a julgamento. A estratégia do governo é empurrar o caso até maio, quando Temer poderá ter maioria folgada no colegiado, indicando dois novos integrantes da corte” (Estadão, 23/12/16).

Pode haver surpresa (quando do julgamento do mensalão o PT tinha nomeado 8 dos 11 ministros do Supremo e, no final, uma decisão independente mandou 25 pessoas para a prisão).

Essa surpresa pode ocorrer no caso Temer-TSE. Por enquanto, no entanto, todas as suspeitas do tradicional favorecimento cleptocrata institucional (que as elites sabem manobrar muito bem) pairam sobre os ares da República.

Mudança de critério
O STF tentou, em 2012 (por proposta regimental de Cezar Peluso), mudar a forma de indicação dos ministros juristas para o TSE. Cada ministro indicaria dois nomes e, no final, o Plenário formaria a lista tríplice (os três mais votados). Lewandowski pediu vista e ficou com o processo durante quatro anos (Estadão, 23/12/16).

O pedido de vista, sobretudo no STF, virou perdido de vista, equiparável ao poder de veto. O voto do ministro Lewandowski, finalmente, foi favorável à mudança. Desde agosto/16 o processo agora está com Dias Toffoli (por força de novo pedido de vista).

O mais pronto possível o tema deve ser deliberado pelo STF (e a ministra Cármen Lúcia é a grande responsável por colocar a matéria em pauta). Se deixar para depois de maio (depois que Michel Temer nomear dois ministros), com certeza será por força de mais um lastimável conchavo cleptocrata institucional dentro do STF. Isso denigre, é claro, toda magistratura (e deveria ser evitado a todo custo).

Tripartição e independência dos poderes
Do ponto de vista formal a República Federativa do Brasil tem na separação dos poderes (Legislativo, Executivo e Judicial) a base do Estado Democrático de Direito. Na realidade, essa separação está longe de ser uma verdade incontestável.

O que temos no Brasil é uma cleptocracia institucional que ampara e acoberta a cleptocracia da rapina, da pilhagem e do enriquecimento politicamente favorecido. Como se vê, a cleptocracia é bípede. Sem o pé do acobertamento o pé da rapinagem não faria muito sucesso.

Todo “poder” que depende do dinheiro do caixa central do Estado constitui um “meio-poder”. A falta de independência financeira assim como a politização dos máximos órgãos judiciais dá abertura para a manutenção ou o incremento de uma república cleptocrata, que todos nós (ressalvados os beneficiários dela) gostaríamos de varrer da nossa história.

A ideia da separação dos poderes foi consolidada no século XVIII e defendida brilhantemente (no livro O Espírito das Leis, de 1748) por Charles de Secondat, conhecido como barão de Montesquieu (1689-1755).

A vergonhosa “Justiça” manipulada descaradamente pelos monarcas ensinou que ela não pode estar subordinada aos políticos. Cada poder tem a função de controlar os demais. Daí o sistema de “pesos e contrapesos” desenvolvido no século XVII por John Locke (na Inglaterra).

A existência da Justiça se explica porque os humanos precisam se defender dos ataques, dos abusos, da prepotência e da fraude dos outros humanos. E quando o agressor é o próprio Estado? Quem vigia o Estado vigilante (como era chamado por Stuart Mill)?

Somente os juízes (e os demais órgãos da Justiça) são capazes, dentro do Estado de Direito, de controlar e, eventualmente, punir pelos seus abusos e arbitrariedades os donos do poder (político, administrativo, militar, econômico, financeiro e corporativo).

A escolha e a nomeação “política” dos ministros dos tribunais superiores (assim como de outros órgãos de controle e fiscalização) pelo Presidente da República (como ainda hoje acontece no Brasil) retratam um dos mais graves defeitos na nossa Justiça. Há outros, mas esse é bastante grave. É vício que vem da monarquia.

Esse vício da “indicação e escolha política” do juiz faz com que a separação dos poderes seja, quase sempre, uma utopia. Nesse sentido, se parece com a democracia real (ou republicana): é uma quimera. Quando mais cresce a cleptocracia menor fica a democracia.

O sistema de investidura dos ministros (e outros cargos de controle) em suas funções merece aprimoramento, porque frequentemente eles são chamados a julgar os atos da presidência ou de integrantes do seu partido.
As castas (os donos cleptocratas dos poderes político, administrativo, militar, econômico, financeiro e corporativo), que já contam – alguns deles – com foro especial, não podem também escolher “seus juízes” (que com elas possuem afinidades, no mínimo, ideológicas ou a mesma visão de mundo). A combinação do foro privilegiado + nomeação do juiz que vai julgar o nomeante é uma clepto-nitroglicerina pura.

A Justiça, antes de tudo, tem que ser independente frente ao governo e ao legislador. Onde os juízes não são independentes, só resulta a “harmonia”, que não passa de subserviência ou clepto-conivência.
Quando o governo espanhol propôs uma profunda reforma do Judiciário (1985) para subordiná-lo ao governo (assim é até hoje), todos perguntavam pela separação dos poderes. O sincericídio do vice-presidente Alfonso Guerra, em defesa da reforma, foi impressionante: “Montesquieu já morreu”. Assim se exerce o poder nas cleptocracias.

Se não queremos desistir do Brasil, deveríamos pensar em uma grande quantidade de reformas plausíveis, sobretudo naquelas que possam contribuir para retirar do seu curriculum a fama de república cleptocrata. Mas isso jamais vai ocorrer sem muita pressão popular (das ruas e das redes sociais).

Como garantir a independência dos ministros (e outros controladores e fiscais dos poderes)? O sorteio.
Diante da vacância de um cargo, deveria o STF abrir um concurso público. Dentre todos os que superarem a nota de corte e que preencherem os requisitos constitucionais, o Plenário do STF faria uma lista sêxtupla.

Ao Congresso Nacional caberia analisar, em seguida, com toda transparência, o curriculum e a vida profissional de cada postulante (dentro de prazo certo), fazendo-se as devidas arguições públicas (o que possibilita o controle democrático). As redes também opinariam, obviamente.

Após essa aprovação pública e democrática de cada candidato, segundo a perspectiva da meritocracia, haveria sorteio para a escolha do ministro, a ser nomeado pelo presidente do STF. Sorteio?

Garantida a idoneidade de todos os candidatos aprovados, é indiferente para a República a pessoa concreta a ser nomeada. Todas estão aptas para o exercício do cargo (em razão dos filtros qualificativos do STF e do CN).
O sorteio tem a virtude de evitar a escolha “a dedo” (que na teoria e, muitas vezes, na prática destrói a legitimidade da independência do juiz). A sorte permite o exercício da jurisdição com absoluta independência.

Outro ponto relevante é fixar um limite máximo de duração do exercício do cargo.  Reforçar as instituições da República e buscar o aprimoramento educacional do povo em geral, além de lutar pela independência e transparência dos órgãos do controle jurídico dos demais poderes, é o caminho adequado para o contundente combate da cleptocracia.
A magistratura subserviente é um ser disforme, diabólico, movido pelo medo ou pela paixão. Um “juiz” desse jaez pode ser tudo, menos “juiz”.

Catve.com

A perturbadora história do 'Polígono', campo de testes onde soviéticos explodiram quase 500 bombas atômicas

BBC-Brasil

Semipalatinsk, no Cazaquistão, foi o maior campo de testes nucleares da história e, apesar de abandonado há 25 anos, ainda causa sequelas nos habitantes da região.
O Polígono" do Cazaquistão é um lugar com um passado aterrador.

Durante a Guerra Fria, mais precisamente entre 1949 e 1989, o local, conhecido oficialmente como Campo de Testes de Semipalatinsk, esteve no coração do programa nuclear da União Soviética - nada menos que 456 bombas foram detonadas nos 18 mil quilômetros quadrados do espaço.
E as consequências são sentidas até hoje.

Situado em uma região de estepe na Ásia Central, o Polígono era o maior campo de testes do mundo e sua extensão equivalia ao território da Bélgica.
Os testes eram coordenados a partir da cidade planejada de Kurchatov, que recebeu este nome em homenagem ao físico Igor Kurchatov, um dos pais do programa nuclear soviético.

A região foi escolhida tanto pelas suas características geográficas quanto por sua relativa proximidade de Moscou e, de acordo com o chefe do programa nuclear soviético, Lavrenti Beria, por ser um local "praticamente desabitado".

Foi justamente a desolação do terreno que fez com que, em meados do século 19, o czar russo Nicolau 1º enviasse para um campo de trabalhos forçados da região o escritor e dissidente russo Fiódor Dostoiévski.
Desabitado?
Porém, quando as autoridades russas decidiram criar ali o campo de testes, em 1947, cerca de 700 mil pessoas viviam nos arredores.
Karipbek Kuyukov é uma vítima dos testes. "Nasci sem braços. Minha mãe ficou chocada, foi tudo muito difícil para ela. Ficou dias sem olhar para mim", conta ele à BBC.

O icônico 'cogumelo' de explosões nucleares (Foto: BBC)
Nascido em 1968, Kuyukov é filho de um casal que pertencia a um grupo de pastores nômades evacuado pelo Exército soviético apenas horas antes de um teste nuclear.

"Os médicos disseram à minha mãe que, se ela não me quisesse, poderiam me dar uma injeção para acabar com meu sofrimento e o dela", explica.
Seu pai, porém, disse não.
"Ele me deu o presente da vida. Creio que desde então minha missão na Terra é assegurar que seja uma das últimas vítimas dos testes nucleares", completa Kuyukov.
'Espetáculo bonito'

As detonações foram realizadas em segredo absoluto pelo regime soviético. E muitos detalhes sobre o programa nuclear da URSS permaneceram desconhecidos porque o governo da Rússia ainda mantém os documentos sob sigilo.

"Minha mãe contava que subia as colinas para observar as explosões", diz Kuyukov.
"Ela dizia que era um espetáculo bonito, que começava com um flash e terminava com a subida ao céu de uma espécie de cogumelo. Segundos depois, tudo ficava escuro".

Durante muitos anos, os habitantes do "Polígono" eram examinados periodicamente por médicos do Exército. A região registrou o surgimento de doenças, incluindo inúmeros casos de câncer. Famílias inteiras se suicidaram, segundo contam moradores.

No final da década de 80, surgiu o Movimento Antinuclear Nevada-Semipalatinsk, que pedia o fim dos testes. Dois de seus principais líderes foram o poeta Olzhas Suleimenov e Kuyukov, convertido em ativista.

Karipbek Kuyukov tornou-se ativista (Foto: BBC)
O movimento teve repercussão internacional e, consequentemente, a URSS cancelou 11 de 18 testes programados para 1990.

Material abandonado
Em 29 de agosto de 1991, o presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, ordenou o fechamento de Semipalatinsk. A república soviética declarou sua independência em dezembro daquele ano e renunciou de forma voluntária ao arsenal nuclear herdado após o colapso da URSS.
O dia 29 de agosto foi escolhido pelo ONU o Dia Internacional contra os Testes Nucleares, a pedido do governo cazaque.

O representante permanente do Cazaquistão na ONU, Kairat Abdrakhmanov, disse que o país tinha, então, mais de 110 mísseis e cerca de 1,2 mil ogivas nucleares - que foram devolvidas à Rússia até 1995.
A retirada das tropas soviéticas trouxe consequências socioeconômicas terríveis para Semipalatinsk. Um contingente de apenas 500 soldados cazaques ficou a cargo da segurança das instalações.

Habitantes da região começaram a desmantelar a estrutura abandonada para vender como sucata, expondo-se ainda mais à radiação. O próprio diretor do "Polígono" foi despedido em 1993, depois de vir à tona que traficava equipamento militar.

'Impacto crônico'
E os problemas de saúde continuaram depois do fim dos testes nucleares. O Instituto de Medicina Radioativa e Ecologia do Cazaquistão estima que, entre 1949 e 1962, uma população de entre 500 mil a 1 milhão de pessoas tenha sido exposta à radiação.

Hoje, investigadores como o médico Talgat Muldagaliev estudam os efeitos da contaminação.

"O que aconteceu no 'Polígono' é diferente de outras catástrofes radiotivas como Chernobil e Hiroshima", contou Muldagaliev à BBC Mundo (o serviço em espanhol da BBC).
"Naqueles locais houve apenas uma explosão, mas no Cazaquistão as pessoas estiveram expostas por muito tempo ao impacto crônico da radiação."

Outros 'cemitérios'
O "Polígono" não é a única região do mundo afetada pelos testes nucleares.
Durante a Guerra Fria, URSS, Estados Unidos, França e Reino Unido realizaram testes nucleares em vários pontos do planeta.

Apesar de a maioria das detonações ter sido realizada em regiões remotas - como atóis desabitados -, o governo americano durante muitos anos explodiu bombas no Campo de Nevada, a apenas 105 km de Las Vegas, o maior que os EUA já tiveram.

Em uma superfície de 3,5 mil quilômetros quadrados, o Exército americano realizou 928 testes entre 1951 e 1992 - mais de 800 detonações foram subterrâneas.
Muitas explosões se converteram em espetáculos midiáticos, pois podiam ser vistas a mais de 150 km de distância.

Mas em cidades como St. George, no Estado de Utah, moradores sofreram os efeitos da radiação arrastada pelo vento. Autoridades sanitárias dizem que casos de leucemia e cânceres de tireoide, seio e tumores cerebrais aumentaram consideravelmente entre as décadas de 1950 e 1980.
Especialistas como Carl J. Johnson criticaram abertamente o governo americano e alertaram sobre os riscos dos testes nucleares.

Em um estudo, Johnson assegurou que as detonações provocariam aumento de casos de câncer em Utah.
O mesmo estudo já trazia um indicador preocupante: as mortes de crianças por leucemia no condado de Jefferson, no Estado do Colorado - vizinho a Nevada -, eram o dobro da média nacional entre 1957 e 1962.

Fim dos testes
Além de Semipalatinsk e Nevada, a maioria dos testes nucleares realizados durante a Guerra Fria teve lugar em ilhas do Pacífico.
A URSS usou a região ártica de Nova Zembla para realizar 224 testes entre 1955 e 1990. Um deles produziu a mais potente explosão humana da história, com a detonação, em 20 de outubro de 1961, de uma Bomba Tsar com potência de mais de 57 megatons - o equivalente a 57 milhões de toneladas de dinamite.

Cientistas calculam que a explosão foi 3 mil vezes mais potente que a provocada pela "Little Boy", a bomba lançada em 6 de agosto de 1945 em Hiroshima.

A Polinésia, por sua vez, foi campo de provas do exército francês. Nos atóis de Fangataufa e Mururoa, foi lançado um total de quase 190 bombas nucleares.
Os EUA levaram a cabo mais de 40 detonações nas Ilhas Marshall - uma delas foi tão forte que destruiu por completo a ilhota de Elugelab.

BBC-Brasil

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Após primeiro mês de Trump, o que mudou para Rússia?

Aleksêi Timofeitchev

Nesta segunda-feira (20) completou um mês desde que Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos. Até agora, o novo líder não assumiu qualquer medida para alterar a política de Barack Obama em relação à Rússia, e não há previsão de as sanções econômicas serem suspensas. A Gazeta Russa faz um balanço desses primeiros dias de governo Trump e responde a seis questões sobre o futuro das relações bilaterais.

1. Houve contato entre Pútin e Trump? Quando eles se encontrarão pessoalmente? 

Os presidentes da Rússia, Vladímir Pútin, e dos EUA, Donald Trump, falaram ao telefone uma vez, em 28 de janeiro, por cerca de 45 minutos. Em coletiva à imprensa na última quinta-feira (16), Trump disse que a conversa foi “muito bem”.

O Kremlin foi menos emotivo em sua avaliação e informou que a conversa havia sido realizada de “maneira positiva e profissional”. Sabe-se também que os dois líderes discutiram os principais problemas mundiais: da crise na Ucrânia ao programa de mísseis da Coreia do Norte. Também foi levantada a questão de uma “verdadeira coordenação” entre os EUA e a Rússia para derrotar o Estado Islâmico na Síria.

Pútin e Trump encarregaram suas equipes de organizar uma data e um lugar para a realização de um encontro presencial. No último 13, porém, o porta-voz do Kremlin, Dmítri Peskov, disse que os dois certamente se encontrarão durante a Cúpula do G20, na Alemanha, em julho. “Por enquanto não há informações sobre a possibilidade de uma reunião antes disso”, declarou Peskov.

2. O que acontecerá com as sanções antirrussas?
Ainda não há detalhes sobre o que os dois líderes chamaram de “restabelecimento das relações comerciais e econômicas” durante a conversa. No entanto, isso não pode ser feito sem que as sanções contra Moscou sejam suspensas.

O único passo construtivo até agora partiu do Departamento do Tesouro dos EUA, que atenuou as sanções contra o FSB (Serviço Federal de Segurança da Rússia, órgão que substituiu a KGB). Segundo documento assinado no início do mês, todas as transações e contatos de empresas norte-americanas com o FSB, que haviam sido proibidas por Obama em abril de 2015, passaram a ser liberadas.

Mais cedo, Trump vinculara o fim das medidas à possibilidade de Moscou assinar um acordo para a redução adicional de arsenais nucleares. A proposta, no entanto, não tem perspectivas de vingar.

3. Trump mudou seu posicionamento em relação à Crimeia?
Trump e sua equipe parecem manter posicionamentos distintos sobre esta questão. Ainda durante a campanha eleitoral, o presidente declarou que a votação na Crimeia (para que a península fosse reintegrada à Rússia) representava a escolha legítima dos locais, e que estava claro que eles preferiam fazer parte da Rússia a permanecer no território ucraniano. Além disso, Trump destacou que qualquer tentativa de devolver a Crimeia à Ucrânia poderia resultar na Terceira Guerra Mundial.

Há poucos dias, no entanto, a administração dos Estados Unidos publicou uma declaração completamente diferente a respeito da Crimeia. O secretário de Imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, disse que o presidente “está esperando que a Rússia ajude a abrandar a situação na Ucrânia e devolva a Crimeia”.

Em sua conta no Twitter, Trump também disse que “a Crimeia foi TOMADA pela Rússia durante a administração Obama. Obama foi muito mole com a Rússia?”. Esta foi sua primeira declaração pública sobre a questão desde que se tornou presidente, e acredita-se que o tuíte esteja mais relacionado com Obama e com as acusações de conexão entre Trump e Moscou do que com a questão crimeana.

4. E em relação à Otan, Trump assumiu uma nova atitude?
A nova administração também mudou sua atitude em relação à Otan. Em entrevista às revistas alemã “Bild” e britânica “Times”, em 16 de janeiro, Trump se referiu à Aliança como uma organização “obsoleta” e reiterou sua opinião de que a Otan possui diversos problemas. Ainda assim, acrescentou que a parceria é “muito importante”.

Durante sua campanha presidencial, Trump lançou dúvidas sobre o Artigo 5 da Otan, que versa sobre a necessidade de proteger coletivamente um membro da Aliança no caso de ataque. Segundo o presidente americano, o compromisso dos EUA pode ser revisto se os países-membros não pagarem uma parcela justa pelos custos da Aliança.

Paralelamente, em reunião com ministros de Defesa da Otan em Bruxelas, no último dia 15, o chefe do Pentágono, James Mattis, disse que “a Aliança continua a ser um alicerce fundamental para os EUA e para toda a comunidade transatlântica”.

Reverberando o posicionamento de Trump, porém, Mattis destacou a necessidade de os aliados ofereceram maior contribuição para cobrir os custos da Otan. Já em relação à Rússia, o chefe do Pentágono não ecoou a retórica reconciliadora de Trump.

5. Haverá cooperação entre os EUA e a Rússia na Síria?
Apesar de Pútin e Trump terem discutido a necessidade de uma luta conjunta contra os terroristas islâmicos na Síria, o novo chefe do Pentágono exclui qualquer cooperação militar com a Rússia. “Não estamos em posição de colaborar em nível militar, mas nossos líderes políticos irão se empenhar e tentar buscar um denominador comum ou um caminho a seguir para que a Rússia, cumprindo com seu compromisso, possa voltar algum tipo de parceria aqui na Otan”, disse Mattis em Bruxelas.

Em 22 de janeiro, o Ministério da Defesa russo anunciou que militares de ambos os países haviam começado a trocar informações sobre a Síria, incluindo coordenadas de alvos do Estado Islâmico. No dia seguinte, porém, Washington negou a notícia.

Na última quinta-feira (16), o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, Valéri Guerasimov, e o chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, Joseph Dundorf, se reuniram na capital do Azerbaijão, Baku. Foi a primeira reunião de alto escalão desde 2014, quando as tensões acerca da Ucrânia começaram a abalar as relações. Embora os dois generais tenham provavelmente debatido sobre a Síria, ainda não há informações oficiais sobre os possíveis resultados das negociações.

6. O que se sabe sobre os contatos do ex-assessor de Segurança Nacional do presidente dos EUA, Michael Flynn, com Moscou (que lhe custaram seu cargo)?

De acordo com a Casa Branca, o ex-assessor de Segurança Nacional de Trump, Michael Flynn, renunciou após ter mentido para o vice-presidente americano, Mike Pence, sobre as conversas mantidas com o embaixador russo Serguêi Kisliak.

Os EUA estão investigando agora se Flynn prometeu ao diplomata russo ajudar na revogação das sanções. Ao anunciar sua demissão, Flynn negou o fato, e, em uma entrevista posterior, afirmou que não havia “cruzado quaisquer fronteiras”.

Segundo um colunista da Bloomberg, que cita um funcionário da Casa Branca, não havia nada impróprio ou ilegal sobre as negociações.

Trump chegou a declarar que, embora Flynn não tivesse informado o vice-presidente sobre suas discussões, seu assessor “estava fazendo seu trabalho” ao conduzir as negociações. O presidente americano negou que a renúncia de Flynn esteja ligada a qualquer tentativa de bastidores de estabelecer acordos com Moscou e expressou descontentamento com os vazamentos ilegais que revelam negociações confidenciais do governo. Trump enfatizou, mais uma vez, que não possui nenhuma ligação com a Rússia, embora deseje melhorar as relações com Moscou.

Gazeta Russa/Brasil Soberano e Livre

Brasil em desmanche

Luiz Eduardo Rocha Paiva

Uma causa longínqua, mas decisiva do desmanche do Brasil é a falência do sistema de ensino, precário na transmissão de conhecimentos, no desenvolvimento da cultura, na formação cívica do cidadão, na valorização da história e tradições, o que enfraquece o patriotismo, e na conscientização de princípios morais e éticos, fatores de fortalecimento da sociedade. Essas deficiências facilitaram a implantação e expansão no país da crise de valores, dos anos 1960-1970, que contaminou a instituição da família, globalmente, e abalou sociedades imaturas como a brasileira.
   
Esse cenário foi explorado pela esquerda socialista, a partir dos anos 1960, permitindo-lhe o progressivo domínio do sistema de ensino. Os partidos e movimentos dessa ideologia acabaram por dominar, também, o meio artístico e grande parte da mídia. Com os formadores de opinião nas mãos, promoveram a satanização da maioria conservadora, falsamente acusada de radical, regressista e avessa a anseios da população carente.

Na verdade, o conservador não é contra a evolução política e social, desde que se considere a experiência, a tradição, as virtudes e os valores construídos e consagrados ao longo da história. Condena revoluções sociais e políticas propostas por ideologias radicais e utópicas de viés socialista internacionalista ou nacionalista, esta última chamada de extrema direita e maliciosamente confundida com o conservadorismo.
   
Democracias não se sustentam em nações sem consciência cívica, justiça legítima e eficaz e onde o Estado não provê as necessidades básicas à população e é gerido por lideranças desacreditadas. A esquerda socialista estava no poder desde 1994, primeiro a fabianista e depois a marxista, ambas parceiras de lideranças patrimonialistas. Essa aliança desacreditou a democracia e afundou o país no mar de lama que sufoca a nação.

Com sua ultrapassada visão de Estado, governo e sociedade, os socialistas ditaram rumos desastrosos na busca do Estado do bem-estar social em um país sem o nível de riqueza capaz de sustentá-lo e manter o desenvolvimento. Imagine se tivessem tomado o poder nos anos 1960, quando o Brasil ainda era a 48ª economia mundial.
   
A crise brasileira está no limite do suportável. A continuar o ritmo de deterioração política, econômica, moral e social a tendência será a eclosão de rebeliões generalizadas, comprometendo a unidade política do país. Eis o resultado de mais de uma década de danosas políticas populistas eleitoreiras, de gestão econômica irresponsável e insustentável e da estratégia de corrupção para perpetuar o PT no poder.
   
O atual presidente da República e o PMDB foram parceiros da liderança petista e, por isso, também são responsáveis pela crise. Assim, embora o impeachment de Dilma Rousseff fosse o melhor para o país, e o processo tenha sido legal, era possível antever as dificuldades para o sucessor superar os óbices e recolocar o Brasil nos eixos.
   
Hoje, o Estado não cumpre o papel que lhe delega a nação de garantir sua segurança, desenvolvimento e bem-estar. Na segurança pública, a situação é de pré-anomia, pois o Estado não demonstra autoridade e capacidade de controlar todo o território nacional, nem de exercer o comando e a disciplina sobre órgãos de segurança da população. A demora em controlar as revoltas em presídios do Norte e do Nordeste e o motim da PM do Espírito Santo revela leniência, indecisão e falta de vontade ou autoridade dos governos Federal e estaduais. A mistura dessas fraquezas com o não atendimento das necessidades básicas da população é um estopim para a disseminação de revoltas capazes de provocar o caos político-social e comprometer a segurança nacional.
   
A efetiva reabilitação do Brasil, em todos os setores afetados, demandará mais de uma década, mas o ponto de partida e os alicerces da recuperação estão na economia. Será fundamental haver evidências seguras de reabilitação, nos próximos meses, para as tensões se amenizarem. Com isso, o governo terá folego para encaminhar as soluções aos problemas dos setores político e social.
   
É justo reconhecer que o governo busca implantar medidas necessárias à recuperação econômica, mas precisa convencer a sociedade a aceitar sacrifícios. Ela concordaria em arcar com um pesado ônus para ajudar o Brasil a sair do abismo, desde que o andar de cima apertasse, e muito, o próprio cinto. Porém, a liderança nacional, nos três Poderes da União, não entende que o exemplo vem de cima e é a base moral da autoridade. Nos altos escalões do serviço público, da União e dos estados, existem mega-salários turbinados por benesses complementares, cuja legalidade sem legitimidade afronta a justiça. A socializaçãoequilibrada desse custo é a única forma de legitimar sacrifícios impostos a uma sociedade sem reservas para cortar.
   
A deterioração da economia nos próximos meses geraria cenários de conflitos, pois as tensões sociais se agravariam, escalando para revoltas em diversas regiões e ameaçando os poderes constitucionais e a unidade nacional. O Executivo sem a confiança da nação, leniente, tímido e sem força política, ao lado do Legislativo desacreditado e descompromissado e do Judiciário dividido, terá muita dificuldade para pacificar o país com base no arcabouço legal vigente. Para aquilatar o provável nível de violência desses conflitos, basta lembrar que a unidade nacional é cláusula pétrea para as Forças Armadas.      
   
A nação precisa entender que o poder da esquerda socialista, ideologia liberticida e fracassada, e da nossa liderança política fisiológica é fator de atraso e falência moral. Elas afundaram o Brasil, promoveram a quebra de valores morais e do princípio da autoridade, bases da paz social, incentivaram a indisciplina no serviço público e fraturaram a coesão nacional.

Como deter o desmanche do país, dentro das normas legais, com a nação sujeita à forte influência socialista e sob o poder de lideranças fisiológicas tão difíceis de expelir?

Luiz Eduardo Rocha Paiva
General de Divisão na reserva.

Alerta Total

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Os burros n’água

Arnaldo Jabor

Estamos começando do quase zero, fazemos só o conserto, a recauchutagem do óbvio

Não sei o que se passa hoje no Brasil. Só vejo expectativas, nenhuma clareza. Nosso último acontecimento foi o impeachment de Dilma. Jornais batalham para ter um assunto concreto. A Lava Jato é intocável, todos dizem, principalmente os mais citados por ela.

A Lava Jato foi uma grande conquista. Mas, pergunto, e depois que julgarem e prenderem, em que ela vai desembocar? Haverá por exemplo uma grande campanha para acabar com a espantosa burocracia do País? Seria importantíssimo. A burocracia não é apenas uma aporrinhação; ela é a capa que protege a corrupção e faz a manutenção do eterno patrimonialismo que nos assassina.

O Brasil é uma região interior de nossa cabeça e, do lado de fora, só há uma confusa paisagem destroçada, feita propositadamente para não funcionar. Isso. Fomos colonizados para dar sempre com os burros n’água. O governo Temer por exemplo faz uma tentativa de modernização (que está funcionando com bons executivos) e uma vida política de velhíssimas raposas chafurdando na lama de sempre. As caras e bocas de nossos representantes retratam a loucura de nossa vida – um desfile com as caras de gente como Sarney, Jucá, Renan, o inesquecível corno do Waldir Maranhão, o extraordinário rostinho operado do Eunício ou a carranca fantasmática do Lobão mostram nosso destino atual.

A história de minha vida política sempre oscilou entre dois sentimentos: esperança e desilusão. Cresci ouvindo duas teses divergentes: ou o Brasil era o país do futuro ou era um urubu caindo no abismo. Além disso, dentro dessa dúvida, havia outra: UDN ou PTB? Reacionários da “elite” ou o “povo”? Comecei a me interessar por política quando votei em Jânio. Confesso. Eu tinha 18 anos e não me interessei por Lott, aquele general com cara de burro, pescoço duro. Jânio me fascinava com sua figura dramática, era uma caricatura vesga, cheia de caspa e dava a impressão de que ele, sim, era de esquerda, doidão, “off”. Meses depois, estou no estribo de um bonde quando ouço: “Jânio tomou um porre e renunciou!”. Foi minha primeira desilusão. Eleito esmagadoramente, largou o governo como se sai de um botequim. Ali, no estribo do bonde, eu entendi que havia uma grossa loucura brasileira rolando por baixo da política, mais forte que slogans e programas. Percebi que existia uma ‘sub-história’ que nos dirigia para além das viradas políticas. Uma anomalia secular que faz as coisas ‘desacontecerem’, que criou ‘um país sob anestesia, mas sem cirurgia’, como diagnosticou M.H. Simonsen.

Nos dois anos seguintes, vivi a esperança de um paraíso vermelho que ia tomar o País todo, numa réplica da rumba socialista de Cuba, a revolução alegre e tropical que acabaria com a miséria e instalaria a grande pátria da justiça e da beleza, que seria replicada aqui, pelo presidente Jango e sua linda mulher. Eles fundariam a ‘Roma tropical’, como berrava Darcy Ribeiro em sua utopia. Não haveria golpes, pois o ‘Exército é de classe média e, portanto, a favor do País’ – nos ensinava o PCB. Dá arrepios lembrar da assustadora ingenuidade política da hora.

No dia 31 de marco de 64, estou na UNE comemorando a ‘vitória de tudo’.

Havia um show com Grande Otelo, Elsa Soares, celebrando a ‘vitória do socialismo’. Um amigo me abraçou, gritando: “Vencemos o imperialismo norte-americano; agora, só falta a burguesia nacional!”. Horas depois, a UNE pegava fogo e, no dia seguinte, materializou-se a figura absurda de Castelo Branco, como um ET verde-oliva. Acho que virei adulto naquela manhã, com os tanques tomando as ruas. Eu acordara de um sonho para um pesadelo.

No entanto, os tristes dias militares de Castelo ainda tinham um gosto democrático mínimo, que até serviu para virilizar nossa luta política. Contra ele, se organizou uma resistência cultural rica e fértil, que se refinou e perdeu o esquematismo ingênuo pré-64. As ideias e as artes se engrandeceram. Nossa impotência estimulou uma nova esperança. A partir daí, as passeatas foram enchendo as ruas, num movimento que acreditava que os militares cederiam à pressão das multidões. Era ilusão.

Ventava muito em Ipanema, dezembro de 68, enquanto o ministro Gama e Silva lia o texto do Ato #5 na TV, virando o País num sinistro campo de concentração. Com uma canetada, o Costa e Silva, com sua cara de burro, instado pela louca ‘lady Macbrega Yolanda’, fechou o País por mais 15 anos.

Vieram os batalhões suicidas das guerrilhas urbanas. Nos anos do milagre brasileiro, os jovens românticos ou foram massacrados à bala ou caíram no desespero da contracultura mística, enquanto os mais caretas enchiam o rabo de dinheiro nos ‘milagres’ de São Paulo. O bode durou 15 anos.

“Quando vier a liberdade, tudo estará bem!”, dizíamos.

Na verdade, a democracia voltou por causa das duas crises do petróleo, que acabaram com a grana que sustentava os militares no poder. Isso nos devolveu a liberdade na hora de pagar a conta da dívida externa.

Vitória de Tancredo. Nova esperança! Aí, veio um micróbio voando, entrou no intestino do homem e mudou nossa história. Entrou outro micróbio no poder.

No período Sarney, tudo piora. Nossos velhos vícios reapareceram. Apavorado, vi que a democracia só existia de boca, não estava entranhada nas instituições que passaram a ser pilhadas pelos famintos corruptos.

Daí para frente, só desilusão e dor: inflação a 80% ao mês (lembram?) , o messianismo de Collor, montado no cavalo louco da República, vergonha e horror.

Depois, nova esperança com o impeachment de Collor.
Depois, mais esperança com o Plano Real, vitória da razão reformista com FHC, juntamente com o Brasil no tetra, céu azul, esperança sem inflação. Nunca acreditei tanto na vida.

O governo de FHC foi o único momento da democracia em que o Brasil foi governado por pessoas sensatas e cultas.

E agora, estamos começando do quase zero. Fazemos apenas o conserto, a recauchutagem do óbvio, das regras mínimas de gestão que o PT e Dilma especialmente destruíram. Só nos resta esperar, olhando o vazio.

O Estado de S. Paulo