terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Macri defende reforma da Previdência e diz que violência foi orquestrada

Janaína Figueiredo

‘Não cheguei até aqui para jogar o lixo debaixo do tapete’, afirma presidente da Argentina

BUENOS AIRES - O presidente da Argentina, Mauricio Macri, defendeu enfaticamente nesta terça-feira a nova lei de reforma da Previdência, aprovada por 127 votos (de um total de 257) após intensos e violentos protestos e mais de 17 horas de debate no Parlamento.

Acompanhado por todo seu gabinete, o chefe de Estado assegurou, em coletiva na Casa Rosada, que “estas reformas geram incomodidade, mas ninguém pode duvidar da intencionalidade. Tudo o que estamos fazendo busca abrir a porta de um futuro melhor”.

— Não cheguei até aqui para jogar o lixo debaixo do tapete — declarou Macri, que acusou a oposição, sobretudo o kirchnerismo, de ter “incitado a violência” de manifestantes.

O presidente afirmou que “o que vimos e vivemos gerou muita angústia” e disse ter certeza de que “a violência esteve orquestrada”. A Justiça está investigando os incidentes da última segunda-feira, que deixaram mais de 160 feridos.

— Demonstramos que a democracia funciona. Tivemos 17 horas de sessão, nas quais 14 horas falou a oposição — afirmou Macri.

Para o presidente, a nova lei, que será complementada por um decreto que criará um bônus para compensar aposentados e pensionistas em 2018, “garante uma fórmula (de cálculo das remunerações) que os defenderá do pior mal, que é a inflação”.

— A Argentina foi se recuperando, começou a crescer, o crédito voltou, nos reconectamos com o mundo. Todas as mudanças geram incomodidade, claramente, mas são as necessários — insistiu o chefe de Estado.

Nesta terça-feira, o Congresso, em período de sessões extraordinárias convocadas por decreto pelo Executivo, retomará os debates. A agenda instalada pelo governo prevê o debate das reformas fiscal e tributária, iniciativas que a Casa Rosada espera aprovar até o final deste ano.

Somente a reforma trabalhista, que também enfrenta forte rejeição, ficaria para o ano que vem.

Perguntado sobre a pressa de seu governo em avançar com as reformas, Macri negou que o momento escolhido tenha sido um erro:

— Num país onde temos pouco menos de 30% de pobreza não temos tempo de especular. Depois de ganhar esta eleição (legislativa, em outubro passado), que fácil teria sido tirar férias, não propor reformas e não criar nenhuma incomodidade. Mas as pessoas confiaram em mim para que faça mudanças. Se fizermos mais do mesmo não teremos futuro.

O presidente disse que a política deve dar o exemplo a sociedade e lembrou que o governo nacional cortou 20% de suas despesas. Sobre as manifestações e panelaços não violentos, Macri pediu um voto de confiança às reformas:

— Respeito que algumas pessoas pensem que estas reformas não são boas. É lógico. O que peço aos que estão contra é que não duvidem da intencionalidade, de por que estou tão convencido. Que manifestem seu desacordo mas que acreditem que talvez sim vão funcionar e sim serão boas. Elas têm direito a se expressar, mas é importante que também não se fechem totalmente.

Aos que protestaram violentamente e à oposição que justificou a violência, o chefe de Estado referiu-se como “uma minoria que sonha com a ingovernabilidade”.

O Globo

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