quinta-feira, 31 de maio de 2018

O aviso que vem de Itália

Helena Garrido

O Governo seguiu uma política económica arriscada e agora Portugal pode ficar de novo em risco de ser abalado por uma tempestade financeira como se vê pelos efeitos que já tivemos da crise italiana.

Os problemas económicos e financeiros portugueses não estão ultrapassados, como sempre aqui se tem dito. Os efeitos que sofremos com a crise política italiana mostram até que ponto continuamos vulneráveis ao mais pequeno abalo político ou económico. Ninguém quer ouvir, mas corremos riscos de pagar caro o facto de não termos dado ainda maior prioridade à descida da dívida. Uma crise que obrigue, de novo, a cortes nos salários da função pública e nas pensões será catastrófico para Portugal. Resta-nos a esperança de António Costa continuar a ter sorte, para nós termos também.

Eis alguns factos preocupantes. O INE confirmou esta semana que o crescimento da economia no primeiro trimestre foi de 2,1% (tinha sido de 2,4% no quatro trimestre de 2017). A taxa de desemprego continua a cair mas agora o número de pessoas empregadas está a diminuir há dois meses consecutivos. O abrandamento da actividade económica, que já se confirma nos dados, parece manter-se como o revela o indicador coincidente do Banco de Portugal relativo a Abril e que está a cair desde Setembro de 2017, antecipando assim o que se está a ver agora. As projecções de crescimento para este ano estão neste momento basicamente alinhadas. Separadas por uma décima, que é nada, o FMI prevê 2,3%, tal como o Governo, e a OCDE 2,2%. Em 2017 crescemos 2,7%.

A perspectiva de crescer menos está presente desde finais do ano passado reflexo do abrandamento externo e da incapacidade que a economia portuguesa tem revelado em aumentar a produtividade. Juntou-se a isso a subida do preço do petróleo.

Como se tudo isto não fosse suficiente, a situação política italiana veio colocar de novo Portugal no radar dos financiadores. Lá está a taxa de juro da dívida pública portuguesa a subir nas comparações com Itália e Espanha, como se pode ver neste artigo do Financial Times (para assinantes). A taxa de juro das obrigações do Tesouro a 10 anos (yield) passou de 1,7% em meados de Maio para 2,1% agora, situando-se em valores mais altos do que há um ano.

Uma reacção reveladora da fragilidade financeira do país: quando chega a tempestade os investidores começam a olhar para os números. E a dívida pública portuguesa continua ainda elevada ao mesmo tempo que a redução do défice público não dá quaisquer garantias de que é duradouro e não apenas fruto do crescimento da economia.

O primeiro-ministro António Costa, oportunamente, disse no início desta semana que a prioridade da política orçamental é reduzir a dívida pública, não prevendo alterações na carga fiscal. O contágio a Portugal da instabilidade que se vive em Itália aconselha obviamente essa estratégia.

Claro que os efeitos desta subida dos juros não se fazem sentir de imediato nas contas públicas – estas reacções vivem-se no mercado secundário – e é também uma realidade que a gestão da dívida pública tem sido feita com inteligência, protegida que tem estado dos discursos populistas. Ainda bem que se ignorou algumas das recomendações do relatório sobre a dívida pública, nomeadamente quando se recomendava que o país se financiasse mais com empréstimos de mais curto prazo. Mas se a instabilidade se mantiver durante muito tempo, os nossos encargos com os juros vão aumentar.

O que se está a passar demonstra que devíamos ter sido mais prudentes no passado recente, dando desde logo maior prioridade à redução da dívida pública – e não apenas agora -, para nos aproximarmos o mais depressa possível do porto seguro da solidez financeira. Assim como devíamos ter na mão uma lista de medidas das chamadas políticas estruturais, em vez de termos para apresentar reversões.

É impossível saber se teríamos crescido mais num cenário alternativo. Mas face ao contributo limitado que a procura interna deu para a recente prosperidade, é de admitir que teríamos crescido pelo menos o mesmo se a devolução dos salários da função pública tivesse sido mais lenta, usando essa margem para baixar ainda mais a dívida pública.

No Congresso, António Costa disse que acabou o mito de que só a direita sabe gerir a economia e as finanças públicas. Esse mito nunca existiu verdadeiramente uma vez que Mário Soares teve de gerir as finanças com mão de ferro nas duas primeiras intervenções do FMI. O PS e o PSD, quando os tempos assim o exigem, gerem as finanças públicas com rigor.  O problema de Portugal tem sido as fases de prosperidade, é nestas alturas que se cometem erros de política económica que se pagam mais tarde. E nestes últimos dois anos e meio cometeu-se o mesmo erro, não se aproveitou a conjuntura favorável para proteger o País da incerteza que se vive no mundo e em especial na Zona Euro.

A gestão económica e financeira de António Costa só passa no teste se Portugal conseguir ultrapassar, sem problemas de maior, uma crise económica ou uma tempestade financeira. Os efeitos que já tivemos da crise italiana não são sinais positivos para este Governo passar na avaliação da sua política económica. Como sempre se disse aqui, a combinação de políticas seguida pelo Governo foi arriscada e, ao mesmo tempo, pouco ambiciosa. Sim, sabemos que a política de conquista e manutenção do poder assim o exigiu. Esperemos agora que a sorte continue a proteger António Costa para não pagarmos um preço elevado por essa falta de prudência.

Observador - Portugal

A prisão da cúpula petista

Editorial

Com a volta do deputado cassado José Dirceu à prisão, agora toda a cúpula do primeiro governo de Lula da Silva, exercido de 2003 a 2006, encontra-se na cadeia. Dirceu, Lula e o ex-ministro Antonio Palocci estão condenados por corrupção. Nada há a celebrar nesse desfecho, a não ser o auspicioso fato de que a Justiça, no Brasil, finalmente alcançou gente tão poderosa e com tanta influência política. No mais, é triste que a República tenha sido entregue, por meio de eleições livres, a indivíduos tão acintosamente despreparados para o exercício minimamente ético do poder, gente que agiu à margem da lei de forma sistêmica e profissional, usando como desculpa a fajuta promessa de “justiça social”.

A coincidência - chamemos assim - da prisão dos três homens mais importantes do primeiro mandato petista na Presidência dá àquela gestão ares de organização criminosa - coisa que, aliás, já havia ficado razoavelmente clara, até para o mais inocente observador, desde que estourou o escândalo do mensalão, em 2005.

Recorde-se que a campanha eleitoral que levou esse pessoal ao poder incluiu ferozes ataques aos políticos governistas de então, comparados, em uma peça publicitária, a ratos que estavam a roer a bandeira do Brasil. A peça, concebida pelo marqueteiro Duda Mendonça, veio acompanhada de um chamamento dramático aos eleitores: “Ou a gente acaba com eles, ou eles acabam com o Brasil. Xô, corrupção. Uma campanha do PT e do povo brasileiro”. Como se sabe, Duda Mendonça confessou mais tarde que o PT pagou por esse e outros serviços com transferências milionárias para contas secretas em paraísos fiscais, coisa típica de quem tem muito a esconder. Era apenas um fiapo do mensalão, que se revelaria um dos maiores escândalos de corrupção da história - só não foi o maior porque, em seguida, viria o petrolão, que dificilmente será destronado.

O PT nunca admitiu a corrupção de seus próceres. Ao contrário, tratou-os como “guerreiros do povo brasileiro”, como se tudo o que se comprovou a respeito dos crimes por eles cometidos fosse mentira. Segundo os petistas, as evidências colhidas contra Lula, Dirceu, Palocci e tantos outros - nada menos que três ex-tesoureiros do partido foram encarcerados - integram uma imensa conspiração das elites para impedir que os pobres tenham uma vida decente - algo que, conforme o evangelho petista, só é possível com a turma de Lula da Silva no poder.

Se resolvesse seguir à risca seus estatutos, o PT teria de expulsar todos os que foram condenados por receber propinas, casos de Lula da Silva e de seus parceiros. Mas é evidente que essa ameaça não vale o papel em que está escrita. A expulsão está reservada aos que ousam mostrar que o rei Lula está nu, como aconteceu com um dos fundadores do PT, Paulo de Tarso Venceslau, que em 1997 denunciou um esquema de corrupção engendrado por um compadre do demiurgo de Garanhuns em prefeituras administradas por petistas. A Paulo de Tarso foi reservado o estigma dos traidores; já o esquema por ele denunciado revelou-se um aperitivo do que viria a ser o petrolão.

Do PT não é possível esperar regeneração. Enquanto estiver sob o domínio de Lula da Silva - e nada parece capaz de diminuir esse domínio, nem mesmo sua condição de presidiário -, o partido será a expressão do cinismo dos que se dizem campeões da “ética na política”, mas exercem o poder como se nenhum limite moral lhes dissesse respeito, ademais de se considerarem proprietários do governo, e não inquilinos temporários. É isso o que explica por que razão Lula da Silva, José Dirceu e Antonio Palocci, esteios do primeiro governo petista, estão presos.

Em um país civilizado, não se admite que um grupo político com esse comportamento tão explicitamente criminoso, que fez da corrupção um método de governo, com o objetivo de permanecer para sempre no poder, escape impune. Ainda há um longo caminho a percorrer para que a influência deletéria dessa turma seja inteiramente neutralizada, mas a prisão da poderosa troica petista é um excelente começo.

O Estado de São Paulo

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Baterias israelitas carregam em 5 minutos: 480 km!

Observador - Portugal

Dentro de pouco tempo, conseguir até 480 km de autonomia num carro eléctrico vai demorar tanto quanto atestar o depósito: 5 minutos. A promessa é da StoreDot, onde a BP investe 17 milhões de euros.

Se (ainda) não é fã da mobilidade eléctrica devido ao elevado tempo que consome a operação de recarregar as baterias, saiba que já para o ano vai começar a ser testada uma nova tecnologia que, a confirmar aquilo que anuncia a empresa que a detém, poderá revolucionar o modo como lidamos com os automóveis eléctricos. Porquê? Porque, conforme promete a StoreDot, estas inovadoras baterias vão garantir até 480 km de autonomia, nuns escassos 5 minutos à carga. O que faz com que a operação de carregamento seja “uma experiência muito semelhante à de atestar o depósito”, lê-se no site da companhia israelita. Para um eléctrico com uma autonomia à volta dos 480 km, isto significa qualquer coisa como conseguir 97 km de autonomia a cada minuto que passa a corrente no posto de carregamento.

Mas as promessas não se ficam por aqui. A comunicação institucional da StoreDot assegura ainda que, para além do carregamento ultra-rápido, estas baterias são muito mais seguras, amigas do ambiente e baratas. Bom demais para ser verdade? A BP – sim, a petrolífera – acredita. Tanto que, conforme avança o site CNET, planeia investir 17 milhões de euros nesta startup, opção que surge no seguimento de uma aposta da marca na modernização, posicionando-se assim para vir a fornecer aos seus clientes o “combustível” de que eles precisam.

Rodoviarismo e Infraestrutura

Hélio Duque

A paralização dos transportadores de cargas escancarou realidade sempre ignorada: o modal rodoviário é responsável por dois terços da movimentação da riqueza nacional. Os reflexos diretos se refletiram no estrangulamento, circulação e abastecimento de produtos, afetando diretamente a população.  O movimento iniciado pelos transportadores autônomos, que são minoritários, foi transformado em “lock out”.

Estimulado pelos donos de grandes empresas transportadoras que detém o monopólio do setor, fazendo da sociedade refém e prisioneira do desabastecimento geral. “Lock out” é delito econômico contra os interesses nacionais, definido na Constituição. A dependência da economia brasileira ao rodoviarismo não é saudável para o desenvolvimento. Retrata o abandono, ao longo do tempo, e a falta de política pública de investimentos nos setores ferroviário e hidroviário. Falta visão estratégica.

Na segunda metade do século XIX e no século XX, até a década de 50, o modal ferroviário teve expressiva importância. Tinha 35.623 quilômetros, hoje responde por 29.000 quilômetros. A partir do governo JK, com a implantação da indústria automobilística, o rodoviarismo com a abertura de estradas prevaleceu. Na produção de veículos o País está entre os dez maiores produtores do mundo.  Não obstante, o consumidor brasileiro paga por um veículo os preços mais altos do mundo, pela razão da incidência tributária ser anormal. Recebendo incentivos recorrentes de todos os governos que usufruem, em contrapartida, de carga de impostos escandalosos.

O incentivo, por consequência, ao rodoviarismo é consequência direta. Nos países desenvolvidos o modal ferroviário é fundamental para a movimentação da sua produção. No Brasil, inexistia em passado recente, e inexistem no presente, investimentos na infraestrutura em que o trem seja o grande transportador de riquezas. Para efeito comparativo, nos EUA a malha ferroviária é de 226.612 quilômetros. Na Europa, ligando mais de 20 países, é de 250.000 quilômetros. No Brasil é de 29.000 quilômetros, transportando cargas 94% e 6% transporta passageiros.

O comparativo demonstra a carência de ferrovias na vida nacional. A paralização dos caminhoneiros demonstrou que uma nação continental não pode ignorar a importância das ferrovias. Os economistas Armando Castelar e Leonardo Ribeiro, no livro “Regulação das Ferrovias”, alertam que o uso de caminhões nas estradas brasileiras atingiu níveis indesejáveis, destacando que algumas iniciativas importantes vêm acontecendo. Além da ferrovia Norte-Sul, investimentos no Centro-Oeste estão ocorrendo. A Ferrogrão, ligando Mato Grosso ao Pará e a Fico (Ferrovia de Integração Centro-Oeste), são projetos de investimentos importantes, que enfrentam os gargalos do transporte de cargas regional e mostram o caminho de futuro para as exportações.

Atualmente, o transporte de cargas por caminhões é responsável por 62%. As ferrovias transportam 22% e as hidrovias (fluvial e marítima) e afins, 15%, ficando 0,4% por via aérea para cargas mais sofisticadas. Mais uma vez o comparativo: nos EUA, o transporte pela malha ferroviária é de 42,8% e o rodoviário 26,6%. As hidrovias, dutos, gasodutos e afins, representam 25%. O transporte aéreo está na média brasileira com 0,4%. Com dimensões continentais os dois países adotam no modal de transporte de cargas caminhos diferentes.

Os futuros governantes brasileiros, se comprometidos com o desenvolvimento, deveriam aprofundar as parcerias público/privada e investir em ferrovias. A Confederação Nacional de Transportes estima em 300.000 quilômetros as estradas no País. A grande maioria são rodovias sem asfaltamento. Do total, 12,4% estão asfaltadas. Vale dizer, para cada 1.000 quilômetros, 25 são asfaltados. Nos EUA, para cada 1.000 quilômetros, 438 são asfaltados. Mais uma vez, o comparativo demonstra que as distâncias são abissais, retratando realidade cruel: a infraestrutura, apesar da equivocada prioridade ao rodoviarismo, é caótica e fator determinante para graves obstáculos ao desenvolvimento nacional.

catve.com

terça-feira, 29 de maio de 2018

Bomba retardada

Míriam Leitão

O próximo governo assumirá tendo que cortar R$ 30 bilhões e, além disso, terá que aumentar o diesel ou encontrar nova solução. Toda a complexa engenharia para reduzir menos de meio real no preço do litro do diesel não pode ser mantida no ano que vem porque não há espaço para mais este gasto. E para este ano foi preciso inventar inúmeras saídas fiscais e tributárias.

Quem for eleito herdará um aumento de despesas obrigatórias de R$ 74 bilhões, a maior parte disso Previdência e salário do funcionalismo. O problema é que o espaço para elevação de gastos é de R$ 40 bilhões. Por isso, o novo governo terá que abrir os trabalhos cortando outras despesas no valor em torno de R$ 30 bi. Ao lado disso, receberá a bomba do reajuste do diesel, porque o gasto extra de R$ 9,5 bilhões será suficiente apenas para o subsídio ao diesel este ano.

No oitavo dia de greve do setor de transporte de carga, o governo já havia cedido tudo o que fora pedido, ainda havia paralisação e o país vivia os efeitos da desorganização do abastecimento. A esperança ontem cedo era que o setor de inteligência do governo estivesse certo. Eles detectaram uma melhora no tom das lideranças mais radicais a partir da madrugada e avisaram o governo. Durante o dia, no entanto, a situação se manteve tensa, ainda que com alguns pequenos avanços. No fim do dia, a Polícia Rodoviária Federal admitia haver 594 pontos de bloqueios.

Os caminhões-tanque escoltados foram para aeroportos e serviços essenciais, mas segundo uma fonte do governo não conseguiam atender mais do que 5% da necessidade do país. A situação permanece crítica, portanto. E, mesmo quando o movimento acabar, o próprio governo admite que levará dias até que o país esteja normalizado.

Para tentar encerrar o movimento dos transportadores de carga, que envolveu os caminhoneiros autônomos e as empresas do setor, o governo fez uma engenharia fiscal e financeira complexa. Uma MP está criando um programa de subvenção. O dinheiro veio de um remanejamento: parte de uma arrecadação extra que houve no ano e outra parte de uma reserva feita para capitalização de estatais, que não ocorrerá. Mas para que esses recursos possam ser usados, é preciso que o Congresso aprove o crédito extraordinário pedido pelo governo. Mesmo assim não é suficiente. Será preciso aprovar o projeto de reoneração. Se e quando for aprovado não será o bastante e por isso o Ministério da Fazenda estava ontem preparando outros cortes.

O governo precisou fazer toda essa ginástica para pôr de pé o subsídio ao diesel. Além disso, criará um imposto de importação flexível, que subirá quando o preço externo cair e será reduzido quando o preço externo estiver subindo. Essa é mais uma das medidas necessárias para manter essa nova política. A preocupação é com a possibilidade de o preço externo cair abaixo do preço fixo no Brasil. Neste caso, o importador independente poderia trazer o produto mais barato e distorcer o mercado. O governo confirmou o que foi publicado aqui na coluna: a compensação financeira será paga à Petrobras e a qualquer importador do diesel. Um quarto do mercado é abastecido com importação.

Por enquanto está preservada a política de preços da Petrobras. Mas para tornar realidade esse desconto será necessário mover mundos e fundos, subverter leis econômicas e abandonar o projeto de reduzir a enorme conta de subsídios e incentivos fiscais. No mercado não se confia no futuro dessa política e é por isso que a ação da Petrobras já caiu 34%, reduzindo em R$ 126 bilhões o valor de mercado da empresa, segundo a Economática.

O Brasil nos últimos anos acentuou sua escolha pelo transporte de carga através de caminhão a diesel. Um erro duplo: caminhão e diesel. Nas outras greves, como a de 2013, na esteira das manifestações contra o governo Dilma, ficou claro o quanto o país é vulnerável. O mundo caminha na direção de reduzir a dependência do petróleo. Recentemente num estudo feito pela OCDE, o Brasil foi aconselhado a aumentar o imposto sobre os combustíveis fósseis. E ele agora está fazendo exatamente o contrário. O sofrimento do país nos últimos dias tem sido imenso. Ele mostra, uma vez mais, como temos sido insensatos nas nossas escolhas coletivas.

O Globo

Áustria quer reduzir benefícios sociais a imigrantes

Editorial

Planos do governo preveem corte em salário social daqueles que não têm conhecimento médio de alemão e redução de benefícios pagos por filho. Projeto pretende tornar país menos atraente a estrangeiros.

O governo da Áustria revelou nesta segunda-feira (28/05) seus planos para reduzir os benefícios sociais para imigrantes, incluindo refugiados e cidadãos da União Europeia (UE), com o objetivo de tornar o país menos atraente à chegada de estrangeiros.

O ponto central da reforma é a redução do salário social – que pode ser solicitado quando se esgotam as prestações do seguro-desemprego – para os imigrantes de 863 euros, valor integral recebido por austríacos, para 563 euros mensais.

Caso os imigrantes passem em uma prova de língua alemã de nível médio, poderiam receber o valor integral do benefício, com a soma de 300 euros como "bônus de qualificação laboral".

"O idioma alemão deve ser a chave de acesso ao salário social integral", afirmou o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, em entrevista coletiva.

A reforma estabelece ainda, como condição para o recebimento do salário social, ter vivido na Áustria cinco dos últimos seis anos antes de solicitação do benefício. O projeto prevê também a redução dos benefícios pagos por filho a partir da segunda criança, o que afetaria famílias com muitos filhos.
A medida poderá ser considerada discriminatória para cidadãos da UE, que, segundo o direito comunitário, estão submetidos às mesmas normas e tem direito aos mesmos benefícios que os cidadãos do país onde vivem.

Kurz disse que a futura lei estará em acordo com a legislação europeia, mas reconheceu que será o Tribunal Constitucional o que deve decidir se a medida cumpre as regras. O chanceler justificou a necessidade da reforma pelo aumento das pessoas que solicitam o salário social e disse que com a medida se "luta contra a imigração no sistema social".

"Quem emigrar à Áustria não pode receber o salário social completo desde o primeiro dia", acrescentou Kurz.

Juristas citados pela imprensa austríaca indicam que a norma também é discriminatória com os refugiados, já que a legislação europeia estabelece que eles devem contar com o mesmo acesso a ajudas sociais que os cidadãos do país onde receberam asilo.

O governo austríaco quer apresentar o projeto de lei no parlamento no final de junho para que a reforma seja aprovada no outono.

Kurz, líder do conservador Partido Popular (ÖVP), governa desde dezembro de 2017 em coalizão com o nacionalista de direita Partido da Liberdade (FPÖ). Ambas as legendas se focaram na luta contra a imigração e em reduzir as ajudas sociais aos estrangeiros, incluindo refugiados.

DW – Deutsche Welle


segunda-feira, 28 de maio de 2018

Na Espanha, presidente vai cair

Sérgio Abranches

O presidente vai cair. Foi citado em processo sobre corrupção e caixa 2 em seu partido, decorrente de relações promíscuas e ilegais com empreiteiras contratadas para obras públicas.

Na Espanha. Mariano Rajoy diz que a moção de censura do PSOE contra ele não é boa para o país. É um velho hábito dos presidentes íbero-americanos, quando são ameaçados por seus malfeitos, enrolam-se na bandeira pátria e tentam confundir-se com o país. Temer faz isso, por aqui, toda hora. Não é bom para ele Rajoy, que não tem sido nada bom para a Espanha.

A Espanha é uma monarquia parlamentarista. Lá o chefe do Executivo é denominado presidente do governo e não primeiro-ministro. Mas, seu mandato é dado pelo parlamento. Rajoy está no cargo, porque duas eleições não foram capazes de gerar uma maioria clara no Parlamento. Seu governo nasceu minoritário e precário. Tinha o apoio do Ciudadanos e de pequenas legendas nacionalistas, que não lhe davam maioria. Conseguiu formar o governo porque o PSOE decidiu abster-se no voto de confiança. Mas, na quarta-feira (24), saíram as primeiras sentenças do “Caso Gürtel” o caso de corrupção do seu Partido Popular, no qual está irremediavelmente envolvido. Sua defesa não teve credibilidade nem no Tribunal, nem na sociedade. Muito menos no meio político. Rajoy foi surpreendido com a dureza das penas de prisão nas sentenças e com a citação expressa de seu nome.

O país está paralisado, com um governo fraco, ilegítimo e sem credibilidade, abalado pelas investigações do “Caso Gürtel”. Trata-se da investigação de uma vasta rede de corrupção político-empresarial, que tem como um dos pivôs o empresário Francisco Correa. A operação recebeu o nome Gürtel, correia em alemão, mas engloba 10 outras operações, entre elas o “Caso Bárcenas”, em torno de Luis Bárcenas, o ex-tesoureiro do PP, o partido de Rajoy, agora preso. Nas suas anotações de pagamentos constam Rajoy e sua ministra da Defesa, Maria Dolores de Cospedal, como beneficiários.
O Ciudadanos retirou seu apoio ao governo e o PSOE entrou com a moção de censura. O partido, a novidade da centro-direita, tem considerado a moção de censura do PSOE de oportunista. Quer a antecipação das eleições. Seu líder, Albert Rivera lidera as pesquisas de intenções de voto.

As últimas pesquisas, antes dessa crise, já davam ao Ciudadanos a perspectiva de ganhar a primeira minoria, a maior bancada.

A moção de censura precisa do apoio do Ciudadanos para derrubar Rajoy. Pedro Sánchez, líder do PSOE está aparentemente disposto a oferecer ao Ciudadanos um acordo para aprovar a moção, em troca, a convocar eleições para algum momento ainda este ano. Sánchez quer comandar um governo provisório e tomar algumas medidas antes, de convocar as eleições. Quer um “tempo razoável”, para recuperar a normalidade política e institucional, atender as urgências sociais e buscar o que chama de regeneração democrática. Pablo Iglesias, liderança da terceira força na Espanha, o Podemos, celebrou a moção de censura do PSOE, a qual vinha pedindo a Sánchez há um ano. Concorda que, deposto Rajoy, a tarefa é cuidar das urgências sociais e combater a corrupção, removendo a todos os envolvidos ainda ocupando postos públicos.

Deve haver acordo. Sánchez não terá todo o tempo que deseja. Mas, é provável que se acerte um prazo de transição, para preparar as eleições e que ele presida o governo provisório até as eleições, com apoio de Ciudadanos e Podemos. Ciudadanos e Podemos, como se sabe, nasceram dos movimentos indignados nas ruas e praças, físicas e virtuais de Espanha. Recentemente, Iglesias, do Podemos, andou tendo problemas com sua militância por ter comprado uma casa de luxo, no mesmo local que era alvo de suas críticas à elite suntuária. Mas, pelo menos, no Podemos, tudo é discutido ao vivo e em rede.

Mesmo que não haja acordo e a moção de censura não seja aprovada, Rajoy dificilmente se sustenta no governo por muito tempo. Continuará acossado por Albert Rivera para que convoque eleições. Nada mais consegue no Parlamento. O governo, para todos os efeitos, acabou. Uma parte do PP já o abandona. Muitas lideranças temem que o partido sofra duras perdas por causa de Rajoy.

As eleições devem ser fatais para o Partido Popular de Rajoy. A queda de Rajoy é previsível. Novas eleições, ainda esta ano, também. O que não é previsível é o resultado das urnas. O Ciudadanos parece pronto para herdar o espólio eleitoral do PP, que pode definhar. Não dá é para dizer se conseguirá a maioria. Provavelmente não. O PSOE vem de uma trajetória de perdas eleitorais sucessivas. É difícil saber se conseguirá se recuperar, com o protagonismo no governo provisório. Tem alguma chance. O Podemos andou capengando na última eleição, mas realiza um trabalho incansável de organização de base. Não surpreenderá se crescer e encostar no PSOE. Se ninguém tiver a maioria e o Ciudadanos conseguir a maior bancada, ele terá dois caminhos. Uma coalizão à direita com o PP, decadente e estigmatizado. Ou, uma coalizão pela esquerda, com o PSOE. O Cuidadanos é um típico partido no novo liberalismo conservador. O PSOE é um velho partido social democrata, com setores social-liberais. Pode colar.

O mundo em transição é assim. As quedas são previsíveis, o que vem depois, não. Mas há, na Espanha, pelo menos, uma reação saudável de apoio ao combate à corrupção. Ninguém chama os juízes de fascistas, porque prendem e condenam políticos e empresários. A esquerda tenta se reciclar. Há diálogo político, mesmo que não dê em entendimento, entre forças partidárias ideologicamente opostas. O presidente vai cair e ninguém transforma isso em trauma, transe e ódio. A democracia respira. As eleições podem levar a um aprofundamento do realinhamento partidário em curso. É resultado do desejo de ver gente nova entrando na política a sério, na esquerda e na direita, mas com compromisso democrático.

G1 – Globo


Camargo Corrêa ocultou 365 milhões de reais em Andorra Juíza do pequeno país europeu investiga construtora por usar o antigo paraíso fiscal para pagar subornos

JOSÉ MARÍA IRUJO

A construtora brasileira Camargo Corrêa movimentou 100 milhões de dólares (cerca de 365 milhões de reais) entre 2008 e 2011 em um banco de Andorra, um pequeno país europeu considerado até o ano passado um paraíso fiscal. A terceira empresa do setor de construção do Brasil manejou esses recursos por meio de uma ramificação societária vinculada a dois ex-executivos e à própria corporação empresarial, segundo a documentação à qual EL PAÍS teve acesso. A juíza Maria Àngels Moreno investiga desde 2017 o dinheiro da Camargo Corrêa em Andorra. As investigações se concentram em um suposto crime de lavagem de capitais relacionado com corrupção.

A magistrada analisa se a Camargo Corrêa se valeu do minúsculo Estado europeu para lavar o dinheiro destinado a subornar políticos e altos funcionários da América Latina em obra de licitações de obras públicas.
A Camargo Corrêa –um conglomerado com ramificações em 22 países que em 2014 registrou uma receita líquida de 9,65 bilhões de dólares (35,3 bilhões de reais)– nega as acusações.

O modus operandi da empresa seria semelhante –segundo a investigação– ao executado até 2016 pela Odebrecht, a construtora brasileira que abalou as fundações políticas da América Latina depois de reconhecer o pagamento de 788 milhões de dólares (2,9 bilhões de reais) em comissões ilegais a funcionários e chefes de Governo de 12 países.

O capital da Camargo Corrêa no pequeno país europeu circulou por meio de um emaranhado de seis contas na Banca Privada d'Andorra (BPA). Duas dessas contas estavam criptografadas, uma muralha para blindar a identidade do cliente.

As investigações da juíza revelaram a "origem desconhecida" dos recursos da Camargo Corrêa em Andorra. E que, por trás de companhias de fachada associadas à gigante brasileira no principado, como a Joyfield Overseas SA, figuravam os ex-executivos Pietro Francesco Giavina e Fernando Dias Gomes. Os executivos foram presos em 2009 pela operação Castelo de Areia, que averiguou uma trama de comissões ilegais e de financiamento de campanhas eleitorais em troca de licitações de obras no Brasil e Peru. O Supremo Tribunal Federal do Brasil arquivou a Castelo de Areia em 2011 aludindo à nulidade dos grampos telefônicos em que as acusações se apoiavam.

Nas investigações de Andorra, Giavina Bianchi aparece como "um dos principais responsáveis pela organização" que controlou "pagamentos e transferências de comissões ilegais da empresa Camargo Corrêa a políticos brasileiros". O executivo figura também por trás da empresa de fachada Desarrollo Lanzarote, utilizada para pagar um suborno na Suíça ao filho de um senador brasileiro.

Somente uma das contas controladas pela Camargo Corrêa em Andorra recebeu em 2008 um total de 32 milhões de dólares (85 milhões de reais). O dinheiro chegou na base de transferências a partir de uma empresa de fachada panamenha administrada pela BPA, segundo aponta a Polícia de Andorra em um relatório em novembro.

Clube corrupto
A Camargo Correa teria também integrado "um clube" com outras 14 construtoras para dividirem obras públicas da Petrobras. O hermético grupo, do qual a Odebrecht fazia parte, recorreu a "práticas corruptas" para conseguir os contratos, de acordo com a investigação.

Para definir sua estrutura financeira, a Camargo Corrêa contou com o assessoramento da Banca Privada d'Andorra (BPA e de seu funcionário Andrés Norberto Sanguinetti Barros, Betingo, que permanece em prisão preventiva em Andorra por lavagem de dinheiro após ser extraditado pelo Uruguai.

Mas os vínculos do banco de Andorra com os esquemas da Camargo Corrêa têm um alcance maior. A Polícia critica a colaboração da BPA em várias operações milionárias da Camargo Corrêa. "É difícil assimilar o motivo pelo qual o banco não cumpriu a normativa legal de declarar à UIFAN (Unidade de Inteligência Financeira de Andorra) as operações descritas conforme sua gravidade".

As 15 atas confidenciais e secretas do comitê de prevenção de lavagem de dinheiro da BPA examinadas pela investigação indicam que o banco não controlou suficientemente os recursos depositados pela Camargo Corrêa em Andorra. E que a instituição evitou identificar os verdadeiros donos do dinheiro.

A juíza mantém como investigados os executivos da Camargo Corrêa Giavina Bianchi, Dias Gomes e Darcio Brunato; o ex-funcionário da BPA Betingo; os membros do Conselho de Prevenção de Lavagem de Dinheiro da instituição financeira; e a própria BPA. Também estão sob o foco judicial três empresas de fachada vinculadas à Camargo Corrêa.

A magistrada embargou no ano passado 8,5 milhões de dólares (31 milhões de reais) da empresa em Andorra. E convocou para depor na condição de réus Giavina Bianchi e Dias Gomes.

"A corrupção é um autêntico câncer social que impede o desenvolvimento econômico justo em benefício do interesse geral das sociedades modernas", afirmou a magistrada em um auto em abril.

Com uma trajetória de 77 anos e 500 obras, a Camargo Corrêa é um grupo com ramificações na indústria energética, portos e aeroportos. Quando em 2013 morreu a viúva do fundador, Dice Camargo, a mulher mais rica do Brasil, a revista Forbes calculou sua fortuna em 11,5 bilhões de dólares (32 bilhões de reais).

As autoridades de Andorra intervieram em março de 2015 no banco onde a Camargo Corrêa ocultou dinheiro pelo suposto delito de lavagem de dinheiro. Os donos da BPA, que chegou a ter 9.000 clientes e um volume de negócios de 8 bilhões de euros, negam essas acusações. Andorra, com 78.000 habitantes, suprimiu no ano passado o sigilo bancário.

EL PAÍS

BATALHA PARA ANULAR A INVESTIGAÇÃO
Os advogados da Camargo Corrêa trabalham para enterrar a causa judicial em Andorra contra o grupo brasileiro. E apresentaram uma alegação de nulidade que, até o momento, foi desconsiderada pela juíza instrutora do caso, Maria Àngels Moreno.
A construtora argumenta que a investigação se iniciou depois que a Justiça brasileira enviou uma carta rogatória –procedimento de colaboração entre tribunais de diferentes países– a esse Principado para averiguar a operação Castelo de Areia, que no final acabou arquivada no Brasil.
“Consideramos que a causa tem que ser arquivada porque caiu depois de ter sido declarado nulo o procedimento principal. A doutrina do fruto da árvore envenenado se estende a todas as atuações posteriores”, afirmam Xabier Jordana e Sonia Ruiz, os advogados da construtora, que acabam de apresentar novo recurso pleiteando a anulação, que ainda não foi avaliado.
Os advogados afirmam que o Ministério Público de Andorra aceitou, em caráter cautelar, tirar da causa as primeiras dezenas de folhas ligadas à operação Castelo de Areia.
Jordana e Ruiz alegam que a Camargo Corrêa regularizou há um ano com as autoridades do Brasil as cifras milionárias que movimentou em Andorra. E negam que esse dinheiro tenha sido usado para pagar comissões ilegais.

domingo, 27 de maio de 2018

Pobre Petrobras

Martim Berto Fuchs

Ou tem como chefe maior um psicopata megalomaníaco como Lulla, que a entrega para ser “administrada” por amebas ideológicas do tipo Dilma & Gabrielli, com mestrado nas escolas da CUT, onde se ensina como levar a falência uma empresa monopolista, ou tem como chefe maior um sem personalidade do tipo Temer, que a entrega para ser administrada por liberais globalistas como Meirelles & Parente, que tem por objetivo satisfazer o capital, ou seja, os acionistas, hoje em grande parte estrangeiros. Os clientes da Petrobras - o consumidor brasileiro-, teoricamente os donos da empresa (estatal), são, como diria a Dra. Zélia “Caridosa” de Mello, apenas um detalhe. Ou somos chamados para sustentá-la enquanto nas mãos dos incompetentes bolivariasnos, ou somos instados a satisfazer os interesses dos acionistas.

O uso de uma empresa do porte da Petrobras, com a essencialidade do seu produto – petróleo -, ser dirigida para ser o motor do desenvolvimento brasileiro, parece estar fora dos objetivos da nossa “elite dirigente”.

Mas como miséria pouca é bobagem, a CUT, a FUP, ou que o valha, aproveitando a onda da justa indignação dos consumidores, encabeçada pelos caminhoneiros, vão decretar uma greve política, para com isto voltar as manchetes.

Quer manter o moribundo comunismo respirando, dando-lhe sobrevida ? Entrega a administração pública para os liberais. 

O Poder da Palavra (do SOM, do Verbo)

Thoth3126 
o-poder-do-somA palavra, o SOM (o “VERBO”), junto com o poder da vibração é capaz de criar, curar e também destruir. A teoria indica que quando focalizamos nossa mente em algo, e a isto somamos sentimento e emoção, para finalmente expressá-lo, [aquele algo] estamos exteriorizando e materializando um poder, [um agente] que poderá afetar os reinos da matéria.

Se cada um de nós fossemos conscientes de que a energia liberada em cada palavra afeta não somente aquele a quem nos dirigimos mas, também, a nós mesmos e ao mundo que nos rodeia, começaríamos a ser mais cuidadosos com o que dizemos (e pensamos).

 Os antigos essênios (e outros iniciados de outras culturas antigas) sabiam da existência do enorme poder contido na oração, no verbo, na palavra. Os alfabetos das línguas antigas, como sânscrito, grego, aramaico e hebraico [o árabe pré-Islã também ] são fontes de poder em si mesmos.
Os essênios utilizaram a energia canalizada pela linguagem, posto que a linguagem, o falar [spell] era [e ainda é] a manifestação final do pensamento, da emoção, da sensação (e da VONTADE). Manifestação que se projeta, criando ou modificando a realidade de acordo com aquilo que o locutor deseja (VONTADE) experimentar neste mundo. 

Nas culturas do antigo oriente eram [e ainda são] utilizados os mantras, rezas, cânticos com uma intenção predeterminada como técnicas para materializar [realizar] estados [de ser] subjetivos e programar, de uma forma que a ciência ignora, realidades pensada, desejadas. A afirmação prévia é, deste modo, uma técnica que produz efeitos. Os estudos atuais, na área da física quântica [da física de partículas] começam a validar o conhecimento dos antigos que, até muito recentemente foram desprezados como fantasias religiosas e charlatanices.

As Palavras (O Poder do SOM-O Verbo) Podem (Re)Programar o DNA
Na Rússia, recentes investigações científicas indicam que o DNA pode ser alterado e reprogramado por palavras e freqüências, sem fragmentar ou substituir genes individuais. Somente 10% do DNA humano destina-se a orientar a produção de proteínas ─ e é esta pequena porcentagem, do total de genes que vem sendo estudado pelos pesquisadores ocidentais. Os 90% restantes são considerados como sucata genética. Mas os cientistas russos, convencidos de que a natureza não produz inutilidades, reuniram lingüistas e geneticistas em um estudo sem precedentes: explorar essa sucata genética. 
Os resultados alcançaram conclusões inesperadas: o DNA, não somente é responsável pela construção [configuração] dos nossos corpos mas também serve como um arquivo que reúne informações intercambiáveis em toda a escala biológica. Os lingüistas russos, descobriram que o código genético, especialmente os aparentemente inúteis 90% de genes de função não conhecida, se organizam  seguindo as mesmas regras de todas as linguagens humanas.

Os elementos alcalinos dos genes têm gramática e regras semelhantes a um idioma: sintaxe, que é a forma como se combinam palavras para formar frases e orações; semântica ou, significados. As linguagem humanas, as falas, não se formaram ao acaso em suas estruturas fundamentais; antes, seriam um reflexo da linguagem do DNA que, por sua vez, poderá ser afetado pela influência da linguagem.

O biofísico e biólogo molecular russo Pjotr Garjanev e outros cientistas também pesquisaram o comportamento vibratório do DNA: “Os cromossomas vivos funcionam como computadores solitonicos-holográficos [sensíveis receptores e retransmissores de ondas vibratórias muito sutis] usando radiação laser do DNA endógeno. Isso significa que alguém pode, de fato, usar palavras como as orações, o falar e o pensar [porque pensamento também produz emissão de energia vibratória], para a reprogramação do próprio DNA e do DNA de terceiros. 

Há milhares de anos, mestres espirituais e religiosos da antiguidade sabiam que o corpo humano pode ser programado [controlado, configurado e re-configurado] por meio da linguagem, das palavras e do pensamento [o que é muito justo porque os mudos também tem direito a essa faculdade. Meditemos…].(E dessa forma podemos chegar a construção de nossa MERKABAH de Luz…)
Uma Merkabah
 A surpresa maior, porém, foi descobrir a maneira como aqueles 90% de código genético de função desconhecida armazena as informações. Garjanev explica: Imaginemos uma biblioteca que ao invés de arquivar milhares de livros somente guarda todos os caracteres necessários de todos alfabetos utilizados em todos os livros do acervo. Quando solicitamos uma informação a essa biblioteca mágica, os caracteres se reúnem adequadamente apresentando o livro, páginas ou trechos solicitados. 

Essa hipótese produz especulações ainda mais fabulosas: talvez, a verdadeira biblioteca esteja fora do equipamento biofísico dos corpos humanos; as informações não estariam nos cérebros mas em algum lugar [campo ontológico] desconhecido do cosmos. O DNA estaria, então em condições de se comunicar permanentemente com este reservatório universal de conhecimento. 

Os pesquisadores Dan Winter, Fred Wolf e Carlos Suarez, desenvolvendo um programa de computação para estudar as ondas sinusoidais [freqüências de onda] emitidas pelo coração enquanto o sujeito é submetido a provocações emocionais, em certa fase dos experimentos, usando um espectrograma, analisaram as vibrações da língua hebraica. Descobriram que os pictogramas [as figuras], os símbolos do alfabeto hebraico correspondem exatamente com a figura formada pela longitude de onda do som de cada palavra.
O Alfabeto Hebraico

 Também comprovaram que os símbolos de aquele alfabeto são representações de figuras geométricas. No alfabeto ebraico, os 22 símbolos [letras] são, em apenas um de seus numeroso aspectos semânticos, os 22 nomes próprios originalmente utilizados para designar os diferentes estados e estruturas de uma única energia cósmica sagrada, que é essência e matriz de tudo o que existe. O Livro do Gênesis foi escrito nessa língua, com esse alfabeto. 

As letras dos antigos alfabetos são formas estruturadas de energia vibracional que projetam forças próprias da estrutura geométrica da Criação. Assim e por isso, com as palavras, a linguagem, é possível tanto criar quanto destruir.

O ser humano empresta [fornece, confere, com suas emoções, desejos e sentimentos] poder ao símbolos do alfabeto, às suas formações, [palavras e tonalidades], quando soma à energia própria do caractere símbolo, letra, fonema, palavra, a energia de sua intenção pessoal. Isso converte os Homens em responsáveis diretos pelos processos criacionais [criativos, de criação] e destrutivos da Vida.
O Poder criador, curativo da Palavra, do SOM (o Quinto Chakra, o da garganta, Vishuddha)

[Considerando que seja, então, cientificamente verdadeiro] que a palavra pode interferir na programação do DNA, [o domínio dessa técnica poderia ser um avanço sem precedentes na medicina, eliminando definitivamente os procedimentos invasivos de exames, terapias e curas].

A saúde poderia ser conservada indefinidamente se os homens fossem educados no sentido de possuir o absoluto controle de seus pensamentos, sentimentos, emoções e sensações; o controle sobre suas palavras.{[Note-se que o silêncio é uma prática comum nos templos meditativos de escolas religiosas e filosóficas, principalmente no oriente. Pitágoras [570 – 496 a.C.] impunha períodos de silêncio aos seus discípulos.  

Assim seria possível curar não somente pessoas, mas o planeta inteiro. (Nesse parágrafo vemos claramente que os métodos de controle da mente e das emoções das massas pelo sistema impede que esse potencial humano seja desenvolvido)} 
O Vishuddha Chakra, o quinto Chakra, localizado na garganta, o Lótus com 17 pétalas, o da fala, da expressão da vontade e do poder criador através do SOM, expressão do Verbo divino criativo na espécie humana.

A tradição esotérica têm afirmado, ao longo de milênios, que existe na natureza um campo de registro (AKASHA), trânsito e armazenamento de informações em escalas que vão do comunitário ao cósmico]. Todos os organismos estariam conectados a uma consciência [e também memória] coletiva, [idéia junguiana com raízes em filosofias arcanas. 

Atualmente, numerosas associações, institutos, congregações, igrejas, reúnem adeptos e pregam a consciência desse canal de comunicação universal para que as pessoas aprendam a trabalhar mentalizações e locuções de forma sincrônica a fim de obter efeitos que transcendem a fenomenologia ordinária [sem o apelo às entidades não-humanas]. Assim, os homens, em rituais coletivos, poderiam produzir os prodígios dos santos, como controlar o vento e a chuva, curar o cego e o coxo e, melhor ainda, curar a si mesmos. Meditemos…

 HUNTER, Brad. El Poder de la Palabra, 2009. Tradução & adaptação: ligiacabus@uol.com.br 

Mais informações em:



sábado, 26 de maio de 2018

União limpa os cofres para fechar as contas

Claudia Safatle

Faltarão R$ 350 bi para cumprir "regra de ouro" em 2019

O governo está raspando os cofres para cumprir a "regra de ouro" das finanças públicas este ano e há boas razões para acreditar que conseguirá. Para 2019, no entanto, a situação é preocupante. Estima-se, na área econômica, que haverá uma insuficiência de recursos da ordem de R$ 300 bilhões a R$ 350 bilhões para assegurar a obediência à essa regra.

No início deste ano faltavam R$ 203,4 bilhões. Agora ainda há um buraco de R$ 181,9 bilhões para atravessar 2018 sem comprometer o governo com a desobediência de uma norma constitucional.

Para obter esses recursos o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, explicou que conta com R$ 100 bilhões da devolução antecipada do empréstimo do Tesouro Nacional ao BNDES, quase R$ 27 bilhões do Fundo Soberano e outros R$ 16 bilhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND) - criado em julho de 1986 com o dinheiro de um empréstimo compulsório sobre consumo de gasolina e álcool que não foi devolvido à sociedade. Os dois fundos (Soberano e FND) acabam.

Cabe ao governo, portanto, encontrar mais R$ 38,9 bilhões e os técnicos oficiais buscam nos cofrinhos de cada repartição pública esses recursos, seja trocando de fontes ou subtraindo outros fundos como fez com o Fistel (Fundo de Fiscalização das Telecomunicações), do qual retirou, este ano, cerca de R$ 7 bilhões de superávit financeiro.

A "regra de ouro" foi colocada na Constituição de 1988 pelo então deputado César Maia, pai do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ela determina que as operações de crédito não podem exceder o valor das despesas de capital (gastos com investimentos, inversões financeiras e amortizações da dívida pública). O governo, portanto, não pode aumentar a dívida pública para financiar despesas de custeio da máquina administrativa, pagar folha de pessoal e benefícios previdenciários, entre outros gastos correntes. Em uma linguagem bem coloquial, não é permitido ao governo vender o almoço para pagar o jantar.

Nos tempos da superinflação, quando a Constituição foi escrita, não havia dificuldade para cumprir essa determinação. No período em que se gerava superávit primário, também não. O problema começou a aparecer em 2016, com a profunda deterioração fiscal que ocorreu a partir de 2013.

Na corrida contra o tempo para garantir o cumprimento da "regra de ouro" este ano, os técnicos têm até o fim de agosto e início de setembro como prazo limite, pois nas "cabeças " do trimestre é que se concentram os pesados vencimentos da dívida interna, explicou Colnago.

Uns R$ 30 bilhões devem ser obtidos com o cancelamento de restos a pagar de obras não realizadas. Outros R$ 7 bilhões foram descobertos por técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) numa conta da reserva monetária do Banco Central, relativa aos tempos em que, até 1988, era o BC que recolhia o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), hoje da alçada da Receita Federal.

Está nas mãos do TCU a liberação do uso de "royalties" do petróleo para compor o volume de recursos necessários. Dependendo da forma como o tribunal autorizar o acesso ao superávit financeiro da conta de royalties, a medida poderá render entre R$ 8 bilhões e R$ 12 bilhões. Inicialmente o TCU entendia que esse era um recurso com vinculação constitucional, mas esse entendimento veio mudando ao longo do tempo.

A soma dos restos a pagar mais o IOF e royalties do petróleo pode atingir algo entre R$ 45 bilhões e R$ 49 bilhões. Com receio de ter uma surpresa de última hora, o Planejamento trabalha com uma folga de recursos para assegurar os R$ 38,9 bilhões.

Superado o drama deste ano, as atenções se voltam para a proposta orçamentária de 2019, que será encaminhada em agosto ao Congresso Nacional. Conforme consta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que ainda não foi votada, o orçamento terá um volume considerável de despesas obrigatórias cujo pagamento estará condicionado à receita de operação de crédito.

O próximo presidente terá que encaminhar ao Congresso um projeto de lei de crédito especial ou suplementar ao Orçamento que, se aprovado, autorizará à União emitir títulos da dívida para pagar as despesas obrigatórias. As despesas candidatas naturais a ficarem condicionadas são as duas mais pesadas do Orçamento: pagamento de benefícios previdenciários e folha de salários da União.

Isso significa, de certa forma, que a "regra de ouro" fica temporariamente suspensa até que o novo governo, que será eleito em outubro, consiga construir uma solução estrutural para o rombo das finanças públicas.

Há uma discussão entre a área econômica do governo e técnicos do legislativo sobre que despesas poderiam ficar condicionadas à um novo endividamento. Há quem defenda, por exemplo, que os gastos obrigatórios só entrem na lista depois de zeradas as despesas discricionárias. É importante ponderar, nesse caso, que isso significaria um "shut down" - um desligamento da máquina do Estado totalmente desordenado e com consequências imprevisíveis.

Não há, porém, como cumprir a "regra de ouro" sem medidas duras. O dinheiro do pagamento antecipado dos empréstimos ao BNDES acabou, os cofrinhos que ainda existiam estão sendo todos abertos e as moedas contadas.

A solução para 2019 - que pretende dar ao próximo presidente da República um tempo mínimo para equacionar o rombo fiscal - foi buscada na própria Constituição de 1988. Ela permite que o governo emita dívida em montante superior às despesas de capital desde que seja para pagar financiar um gasto específico.

Para tanto, o governo precisa encaminhar ao Congresso um projeto de lei de crédito suplementar que tem que ser aprovado por maioria absoluta. Na proposta devem ser listadas são as despesas condicionadas e, pelo tamanho do gasto que representam. será difícil não incluir os pagamentos de aposentadorias e os salários dos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).

Como se vê, a situação fiscal é dramática e não está claro se os candidatos à presidência têm consciência desse quadro.

Valor Econômico


Grupo Akaer e Troya se unem para formar o mais completo fornecedor de ferramental brasileiro

DefesaNet

O Grupo Akaer, formado por empresas de desenvolvimento e integração de tecnologias, adquiriu participação acionário na Troya, um dos mais importantes fornecedores de ferramental e plataformas da Embraer, passando a ser o controlador da empresa.

As empresas possuem capacidades complementares tanto nas áreas técnicas como nas áreas de gestão e comercial, o que deve ampliar a capacidade de atuação da Troya para projetos maiores e mais complexos como linhas de montagem completas (equipamento, processo e automação) para grandes segmentos, como asas, cabine e fuselagem.

Além disso, a Troya contribuirá de forma significativa para um dos mais importantes projetos de P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) de Ferramental Flexível do país, que está sendo desenvolvido pela Akaer através do Inova Aerodefesa, da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

Os dois locais de operação da Troya serão realocados para a moderna sede da Akaer, em São José dos Campos, ocupando inicialmente uma área de 1.200 m² e com possibilidade de expansão.

“Esse investimento é mais um importante passo para a concretização da nossa visão empresarial de nos tornarmos fornecedores de 1º nível na cadeia de serviços e produtos tecnológicos no setor de Aeroespaço & Defesa”, disse Cesar Augusto T. Andrade e Silva, presidente e CEO da Akaer.

“Essa nova fase junto à Akaer é um marco na história da Troya e também no mercado aeronáutico brasileiro, que pode agora contar com um grande fornecedor nacional de ferramental”, disse Francílio Graciano, presidente e fundador da Troya.

O Grupo Akaer, fundado em 1992, é especializado no fornecimento de soluções tecnológicas em diferentes áreas de atuação como aeroespacial, defesa, energia e automotiva. Com mais de 350 funcionários altamente capacitados, tem atuado no desenvolvimento em projetos estratégicos para o Brasil como o Gripen, KC-390, além de câmeras para satélites.

A Troya é um dos principais fornecedores de ferramental para o mercado aeronáutico. Fundada em 2008, a empresa conta com mais de 40 funcionários dedicados ao projeto, desenvolvimento e fabricação de ferramental. Em 2017, recebeu prêmio de melhor fornecedor de ferramental da Embraer.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Rússia e Arábia Saudita ponderam aumento na produção de petróleo

Observador - Portugal

Depois dos preços do petróleo terem atingido recentemente os níveis mais elevados desde 2014, os presidentes da Rússia e da Arábia Saudita consideram um possível aumento da produção de petróleo.

A Arábia Saudita e a Rússia, que acordaram com outros produtores de petróleo um limite na oferta em 2017, consideraram esta sexta-feira um possível aumento da produção a partir do terceiro trimestre. Esta posição surge após os preços terem atingido recentemente os níveis mais elevados desde 2014.

Citado pelas agências russas durante um fórum económico em São Petersburgo, o ministro da Energia saudita, Khaled al-Faleh, considerou que os países produtores terão “em breve a possibilidade de libertar a oferta”. “Como dissemos anteriormente, o regresso do petróleo ao mercado deve ser feito progressivamente. Não vamos fazê-lo de forma rápida e isso terá lugar provavelmente no segundo semestre deste ano”, acrescentou.

“Se concordarmos que é indispensável aliviar os limites do nível de produção, isso deve ser feito a partir do terceiro trimestre”, afirmou, por seu lado, o ministro russo, Alexandre Novak. Após as declarações, os preços do petróleo recuavam cerca de 2% nos mercados internacionais.

Os dois ministros reuniram-se na quinta-feira à noite para abordar este assunto, numa altura em que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e 10 parceiros, um dos quais a Rússia, se preparam para uma reunião no final de junho em Viena.

Os 14 membros da OPEP e 10 outros produtores de petróleo, liderados pela Rússia, concluíram no fim de 2016 um acordo, que entrou em vigor no início do ano seguinte, para baixar a produção em 1,8 milhões de barris por dia para reduzir o excedente na oferta e fazer subir os preços. O acordo, que está em vigor até ao fim de 2018, permitiu uma subida dos preços. O barril atingiu recentemente os 80 dólares, quando em janeiro de 2016 estava em 30 dólares.

Em meados de maio, o barril de Brent (de referência na Europa) ultrapassou os 80 dólares pela primeira vez desde novembro de 2014, devido à incerteza em relação a países produtores como o Irão e a Venezuela. A Rússia é um dos três mais importantes produtores de petróleo do mundo e o seu apoio é crucial para que o acordo tenha resultados.


Capitalismo de Quadrilha no Brasil

Hélio Duque

A corrupção organizada adonou-se da atividade pública em todos os níveis de governabilidade. É chocante assistir pela mídia os tentáculos da ação de ladrões do dinheiro público. Travestidos de políticos, agentes públicos e empresários espertos. Presentes no saque ao poder público em todas as regiões brasileiras: prefeituras, governos de Estado e a partir de Brasília, no poder federal. Os fatos que vem sendo documentados são de fazer a indignação e a vergonha invadir a alma dos cidadãos honestos.

A corrupção passou a ser política de Estado. O contubérnio entre agentes públicos e privados, na logística de assaltar os recursos públicos, ultrapassou o limite do imaginário. E o mais grave: o desenvolvimento é atingido mortalmente, ampliando a pobreza e afrontando a dignidade humana. Os corruptores e corruptos são verdadeiros genocidas na vida da nação e quando flagrados se declaram inocentes, subestimando a inteligência da sociedade.

Governadores denunciados aos magotes, alguns sendo presos e a multiplicação de delitos nas administrações se expandindo. Prefeitos afastados e condenados, ministros e ocupantes de funções públicas sendo apontados como desvairados corruptos. No poder legislativo, o elenco é vastíssimo nas Câmaras municipais, Congresso Nacional e Assembléias Legislativas. No epicentro estão empresários e grupos econômicos levando vantagens no assalto aos recursos públicos. Fortunas feitas e multiplicadas por estes delinquentes de luxo, pela obtenção de vantagens estatais ao largo do território nacional.

Na República da propina, o dinheiro sujo prevalece e a trapaça econômica e financeira, no âmbito do Estado, atingiu nível escandaloso. Não fica uma área da administração pública que não seja vítima da corrupção. Ainda agora os fundos de pensão de empresas públicas (Funcef, Portalis, Serpro) e de sociedades de economia mista (Previ e Petros) são atingidos por fraudes milionárias. No caso da Petros, da Petrobrás, o rombo no seu patrimônio é de R$ 27 bilhões. A situação geral é tão grave que levou a Receita Federal a criar uma “tropa de elite” para investigar 800 agentes públicos.

Nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário a investigação se ocupará dos crimes de lavagem de dinheiro, ocultação de bens e acréscimo patrimonial incompatível com a renda. O fisco possui um banco de dados onde pode mapear as movimentações bancárias, vendas de imóveis, contratação de autônomos, movimentação de cartão de crédito e todo tipo de dados sobre pessoas físicas e jurídicas.

É um avanço indiscutível, já que esses poderes sempre foram privilegiados em termos de fiscalização tributária. Exemplificado no fato de existirem 200 mil casos de integrantes dos três poderes cujos dados fiscais remetem a indícios de fraudes.

É uma avalanche imoral na arte de roubar o Tesouro Nacional. O cardume de tubarões corruptos construiu no Brasil um “propinoduto transoceânico”. A “propina” institucionalizada edificou na captura do Estado um duto que liga os oceanos Atlântico e Pacífico. É de se louvar as várias operações envolvendo Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita Federal, marcando pontos positivos.

O que tem forçado e levado bancos, corretoras de valores e seguradoras e o Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) a identificar os grupos de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Fornecendo aos órgãos de investigação elementos comprovadores de ilegalidades nas suas, até então passivas, movimentações financeiras. O Banco do Brasil vem de firmar acordos de cooperação internacional com a Interpol relacionado a crimes financeiros.

Estas investigações vêm demonstrando a existência de uma elite de políticos, agentes públicos e grupos econômicos que só tinham um objetivo: assaltar o dinheiro público com velocidade de fórmula 1.  O caminho será longo, mas extirpar “partes do câncer da corrupção sistêmica” é grande esperança dos brasileiros. Oxalá essa cruzada pela moralidade pública não seja interrompida pela mobilização das corporações.

Os valores republicanos não podem admitir, nem aceitar, essa prática de roubo impunido. O nome verdadeiro desse triste momento da vida nacional é capitalismo de quadrilha.

catve.com