AFP
Ex-presidente é acusada de encobrir
envolvidos em atentado que matou 85 pessoas em 1994
BUENOS
AIRES - A Justiça da Argentina ordenou a prisão da ex-presidente Cristina
Kirchner por supostamente encobrir iranianos acusados pelo atentado da
Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) que causou a morte de 85 pessoas
em 1994, informou nesta quinta-feira a agência de notícias estatal Télam com
base em fontes judiciais. A medida também visa destituir Cristina de seu
recém-eleito cargo de senadora, que conquistou nas eleições legislativas de
outubro.
Ela deverá ser submetida a um processo de destituição no Congresso para o qual se exige que o governo do presidente Mauricio Macri inclua esse pedido em uma convocatória a sessões legislativas extraordinárias.
A ordem
foi determinada pelo juiz
Carlos Bonadío, que também decretou a prisão de vários ex-funcionários
kirchneristas. Entre eles está o ex-chanceler Héctor Timerman, que teve pedido
de prisão domiciliar devido ao delicado estado de saúde, disse a imprensa.
Bonadío investiga a ex-presidente por traição à pátria ou ocultação grave por ter firmado em 2012 um pacto com o Irã que buscava poder investigar em Teerã ou outro país ex-altos funcionários iranianos acusados pelo atentado na associação judaica. Em dezembro de 2015, duas gravações de áudio mostram o ex-chanceler Timerman admitindo que o Irã foi responsável pelo atentado contra a Associação Mutual Israelita da Argentina (Amia). Na época, as gravações foram divulgadas pelo jornalista Daniel Santoro em um programa de rádio do país.
Em outubro, Cristina, que governou a Argentina entre 2007 e 2015, se apresentou à Justiça para rejeitar por escrito todas as acusações contra si. O processo contra a ex-presidente foi aberto com base em uma denúncia do promotor argentino Alberto Nisman, apresentada quatro dias antes de seu assassinato, em 18 de janeiro de 2015. Nisman era responsável pelo caso Amia e foi morto com um tiro na cabeça em seu apartamento na capital argentina, num caso que ainda está sendo investigado.
Cristina sustenta que ação judicial não passa de perseguição política contra a oposição kirchnerista:
— É uma grande bobagem jurídica. O objetivo desta perseguição judicial é assustar os dirigentes da oposição no Parlamento. Querem um Parlamento submisso — teria dito a senadora na saída do tribunal. — Acredito que o mais importante que tenho a lhes dizer é que a única traição à pátria é usar o Poder Judicial para perseguir os opositores.
OUTROS ALVOS DA JUSTIÇA
Nesta
quinta-feira, foi preso em sua casa em Río Gallegos, na província de Santa
Cruz, o ex-secretário Legal e Técnico da ex-presidente, Carlos Zannini,
mão-direita de Kirchner. O dirigente social kirchnerista Luis D'Elía também foi
detido. O magistrado também acusou, além deles, sem prisão preventiva e com
proibição de deixar o pais, o ex-titular da Agência Federal de Inteligência,
Oscar Parrili.
O Globo
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