Mario Guerreiro
Há
uns vinte anos, quando Olavo de Carvalho denunciou a existência do Foro de
S.Paulo e chegou a mostrar algumas de suas atas como comprovação de suas ideias
e finalidades, a grande mídia não deu a menor bola. Omissão dolosa, para
proteger o PT?
Alguns
midiáticos devem ter pensado que a suposta existência era uma das fantasias da
mente conspiracionista de Olavo. Outros acharam que o Foro de fato existia,
apesar de ser sido criado por Lula e El Coma Andante à socapa, sem que a
mídia tivesse sido notificada da inauguração.
Apesar
disso, era coisa sem maiores consequências políticoeconômicas, apenas uma
reunião de velhos comunistas saudosistas dos gloriosos tempos da guerra fria e
da finada URSS que, como os imortais da ABL, costumavam se reunir todas quartas
às 5h. em ponto para tomar chá com torradas e jogar conversa fora.
Até
mesmo pessoas bem formadas e bem informadas não deram a menor importância ao
Foro, mas nos últimos anos, as coisas mudaram um pouco: os bem informados já
sabem que uma das realizações do Foro foi a UNASUL (União das Nações da América
do Sul).
Seus membros são quase os mesmos do
MERCOSUL, de onde se destacam Brasil, Argentina e Venezuela), ao passo que
Chile, Peru e Colômbia, juntamente com o México, fazem parte da Aliança do Pacífico,
que recentemente se juntou a ALCA (Aliança de Livre Comércio das Américas,
tendo como membros EEUU, Canadá e México), para formar o Acordo do Pacífico.
George
W. Bush tinha convidado o Brasil para entrar para a ALCA, mas Lula recusou o
convite sob a alegação que era necessário primeiro fortalecer o mercado
regional, o MERCOSUL, para posteriormente pensar em uma aliança maior com outro
bloco econômico. Será que era mesmo isso que ele alegou na sua recusa ou mera
desculpa esfarrapada para acobertar outros interesses?
Com
a criação da Aliança do Pacífico, Obama anunciou sua intenção de fazer um
acordo com a Comunidade Europeia gerando, assim, o maior bloco econômico do
mundo.
Mas,
não tendo entrado para a ALCA, o Brasil está fora desse fabuloso mercado em que
uma das razões era uma competição melhor com a China que, nos últimos anos,
tornou-se o maior parceiro comercial do Brasil.
Hoje,
o Brasil faz com a China o que as esquerdas raivosas acusavam o Brasil de fazer
com os EEUU: exportar matérias primas e importar produtos industrializados,
para o desalento da indústria nacional. Mas como a China é um país, metade
comunista, metade capitalista – “um pais, dois sistemas”, como dizia
Deng-Chiao-Ping – as esquerdas não se incomodaram nem um pouco com o
desaquecimento da nossa indústria.
Desde
que o PT assumiu o poder em 2002 e se mantém no mesmo há 12 anos, que eu tenho
considerado nossa política externa uma coisa canhestra, desastrosa
e terceiromundista.
A
começar pela criação do MERCOSUL, uma área de supostamente livre comércio com a
Argentina, um país fortemente protecionista; com a Bolívia, um país que só tem
gás para vender e pouco dinheiro para comprar; com o Paraguai, um país cuja
maior receita vem do contrabando e da inundação, na América do Sul, com mil
bugigangas Made in Taiwan e, por fim, com a Venezuela, uma monocultura do
petróleo empobrecida pelo chavismo.
De
um ponto de vista econômico, o MERCOSUL é um completo fracasso! O que me
permite levantar a suspeita de que não se trata de um mercado econômico de
fato, mas sim de um mercado político estreitamente ligado a UNASUL cujo telos
precípuo é o fortalecimento dos vínculos com determinados Estados da América do
Sul. Sim, pois estão no MERCOSUL Brasil, Argentina, Bolívia e Venezuela (que
entrou após a saída do Paraguai por ter dado um impeachment no tresloucado
esquerdista Fernando Lugo).
Minha
hipótese é de que que tanto o MERCOSUL como a UNASUL foram ambos criados de
acordo com um projeto mais ambicioso desconsiderando os interesses econômicos
das suas nações componentes em nome dos interesses políticos transnacionais de
uma futura União das Repúblicas Socialistas da América do Sul, a URSAS.
O
fato é que desde sua criação, por influência direta do Foro de S.Paulo, as
esquerdas assumiram o poder com Chávez na Venezuela, Lula no Brasil, o casal
Kirchner na Argentina e Evo Morales na Bolívia. Não por acaso países
pertencentes ao MERCOSUL e a UNASUL.
Venezuela, Brasil e Argentina não por mero
acaso são países que, em 2015, enfrentam graves crises politicoeconômicas, ao
passo que os países da Aliança do Pacífico (Chile, Peru e Colômbia) não só não
enfrentam crises do mesmo quilate, como também são os países que mais crescem
na América do Sul!
De
minha parte, tenho razões para suspeitar que essas megacrises, juntamente com
um desemprego uma inflação crescentes dos supramencionados países deve-se, em
grande parte, a três fatores conjugados: Foro de S.Paulo, MERCOSUL e
UNASUL, que tem orientado as desastrosas políticas externas de países como
Venezuela, Brasil e Argentina.
E
os índices macroeconômicos só confirmam os nossos 12 anos de precariedade
geral. Eis apenas alguns deles: (1) O Brasil só participa em cerca de 1% do
comércio internacional, (2) ocupa a 123.o lugar no ranking internacional de
qualidade dos portos – e esta posição não deve ser muito diferente das da
qualidade dos aeroportos e das estradas -, (3) O Brasil está no 48.o lugar em
competitividade econômica. Disponho de muitos outros dados alarmantes, mas acho
que esses 3 já dão uma ideia da coisa.
Mas
o como tem agido, especialmente, a política externa brasileira? Em geral, até
um cego pode ver a ausência da promoção dos verdadeiros interesses da nação e a
presença da defesa dos interesses do comunismo transnacioanal representado pelo
trio fantástico: Foro de S.Paulo, MERCOSUL e UNASUL.
Isso
se revela nos empréstimos bilionários feitos, principalmente, pelo BNDES, sendo
alguns deles com cláusulas contratuais secretas – só podendo serem reveladas 20
anos após sua realização – a ditaduras de esquerda da África e do
Caribe, como é o caso da reconstrução do Porto de Mariel em Cuba. E porque não
investir na modernização de nossos portos jurássicos? Ora, porque isso só
atende aos particulares interesses do Brasil.
Tais
empréstimos tem cumprido uma tripla finalidade: 1) Ganhar a simpatia de
ditaduras de esquerda para o Brasil modificar as regras da ONU, de modo a
ocupar um lugar permanente no Conselho de Segurança. Para que? Para dar
pitacos, não decidir nada, diante de 5 potências bélicas e econômicas e ainda ter
que pagar pelo lugar ocupado?! 3) para faturar propinas dos ditadores enviadas
para o propinoduto dos políticos do PT, PP e PMDB?
Isto
é uma forte violação da Constituição, uma vez que empréstimos internacionais
têm que ser submetidos ao aval do Congresso Nacional e não levados a cabo por
atos autoritários do Poder Executivo!
Mas minha suspeita é de que somente estão
em jogo os interesses da UNASUL, não os interesses do Brasil, a não ser os de
alguns brasileiros corruptos. E essa suspeita cresce bastante com o patético
episódio da expropriação de duas refinarias de petróleo da Petrobras na Bolívia
valendo cerca de dois bilhões de reais!
E
conversando com um funcionário da Petrobras ainda tive que ouvir esta pérola
digna de um megainvestidor como George Soros, que perdeu alguns bilhões de
dólares no mercado acionário russo. Disse o petroleiro: “Isto não tem a
menor importância: a Petrobras ganha isso em um mês!” Com isso, ele se
mostrou um forte candidato ao Rincão dos Boçais criado por um membro da Rede Liberal.
Evo
Morales mandou o exército boliviano para resguardar as refinarias de uma
possível reação brasileira. Mas o que fez Lula? Absolutamente nada!, a não ser
assumir uma atitude “caridosa” aplaudida pelos padrecos vermelhos e outros
esquerdistas imbecilizados.
Lula disse que não se importava com a
coisa, porque a Bolívia era um país pobre. Mas se ele continuasse torrando
nosso dinheiro quem se tornaria um país mais pobre seria o Brasil.
Nossos
hermanitos, que nos invejam e nos detestam, sempre fizeram proezas semelhantes.
Lembro-me bem do gasoduto proposto por Chávez, saindo da Bolívia, atravessando
o Brasil e chegando à Venezuela. Não foi novidade, uma vez que proposta da
mesma cepa já havia sido feita ao Presidente Geisel.
E
eis como ele respondeu: “E o que eu faço, se eles resolverem fechar a
torneira? Mando o Exército Brasileiro lá para abrir?!
Felizmente, esse projeto do supergasoduto
chavista não saiu do papel, porque se tivesse saído e a torneira fosse fechada,
certamente não seria o invertebrado Lula que, apesar de ser o Chefe Supremo das
Forças Armadas, mandaria o Exército lá para abrir!
Não
obstante, Chávez fez o seu golzinho chorado quando fez um acordo com o Brasil
para a construção da refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, tendo em mente o
refinamento do petróleo bruto venezuelano, o único que a Venezuela exporta e
que custa muito mais barato do que o refinado. E, por isso mesmo, ele queria
uma refinaria, para não ter que refinar seu petróleo no Monstruo, entenda-se:
os EEUU.
A
Petrobras iniciou a construção da refinaria, mas passou o tempo e Chávez morreu
sem ter mandado um centavo da parte devida pela Venezuela. E não vou mencionar
aqui o superfaturamento da Abreu e Lima, que faz parte das delações premiadas
do Petrolão.
Todavia,
passados alguns anos do patético episódio da expropriação boliviana, aconteceu
algo muito mais grave do que simplesmente patético. Num discurso esfuziante e
arrebatador na sede da CUT em São Paulo (SP), Lula disse – para quem quisesse e
para quem não quisesse ouvir – que ele tinha dado de mão beijada as
refinarias a pedido de Evo!
E mais: que a coisa tinha sido combinada
com o índio cocalero, e a mobilização do exército boliviano não passou de uma
encenação barata [destinada a um ganho político de Evo, o defensor dos
interesses bolivianos, escusos ou não].
Temos
assim um réu confesso de um crime de lesa-pátria e o meliante ainda anda solto
por aí em sua campanha de “oposição” a Presidente em 2018. É dose! E o
Ministério Público onde está? Assistindo tudo, com seus Procuradores não
tendo achado nada!
Diante
desses e de outros lamentáveis acontecimentos, tenho razões para acreditar que
o trio fantástico: Foro de S.Paulo, MERCOSUL e UNASUL caminham unidos dentro do
projeto da URSS requentado pela URSAS. E ainda tem muita gente que diz: “O
Brasil não é a Venezuela”.
Eles estão certos. Só faltou acrescentar “ainda” ou “por enquanto”.
Mario Guerreiro
Doutor
em Filosofia pela UFRJ
A Voz do Cidadão