segunda-feira, 22 de maio de 2017

Movimentos em vez de partidos políticos

Martim Berto Fuchs

Quem acompanha este blog sabe que defendo o fim dos partidos políticos, por não passarem, pelo menos no Brasil, de organizações criminosas.

Mesmo quando os três principais partidos eram mais definidos – PSD, UDN, PTB -, sendo o PSD o guarda-chuva das oligarquias, a UDN dos liberais, e o PTB era onde se abrigavam os sindicatos laborais, grande parte dos funcionários públicos e pequena parcela dos trabalhadores da iniciativa privada, estes partidos já tinham vícios de origem.

O PSD e o PTB foram criados pelo ditador Getúlio Vargas ao fim de seus 15 anos de poder absoluto, para congregar as forças que o apoiavam e apoiariam num futuro próximo, e a UDN formou-se como uma colcha de retalhos à combater o varguismo, onde até os socialistas, inicialmente, estavam abrigados. Ideologia mesmo quem tinha era o PCB, claramente definido como contrário à democracia e à iniciativa privada, organização esta financiada pela extinta URSS, o que claramente já exigiria sua permanência na clandestinidade.

Com todas mudanças que os partidos políticos já tiveram desde o Império, um aspecto sempre ficou claro: pessoas com pensamentos afins continuaram agrupadas em torno dos novos partidos formados, apenas com novos nomes, mas com os velhos vícios. As oligarquias se mantiveram juntas, assim como os liberais e empregados públicos.

O povo mesmo, a grande maioria, nunca teve seus interesses representados, pois os partidos políticos no Brasil representam apenas os interesses de seus donos e seus grupos. A maioria do povo navega, inconscientemente, nas ondas formadas pela atuação das três grandes correntes que exploram o Estado.

A corrente que representa o funcionalismo público, acaba de detonar um petardo na figura do nosso atual Presidente, apenas porque ele teve a ousadia de tentar diminuir as regalias que esse pessoal sempre desfrutou. Não admitem perder seus incontáveis privilégios, pouco importando que empresas privadas quebrem, que mais alguns milhões de trabalhadores –aqueles que efetivamente trabalham - percam seus empregos, e que a dívida pública se multiplique. A única coisa que os motiva é não perder suas regalias, pois seus empregos sem trabalho nem foram ameaçados.

A corrente que representa os antigos donos das sesmarias, estão mais perdidos que cego em tiroteio, não sabendo para que lado correr para se proteger, para defender seus interesses.

A corrente que representa o liberalismo, aqueles empresários que capitalizam o lucro e socializam o prejuízo de suas relações espúrias com o poder, todos sempre no comando das Associações Industrial e Comercial, das Federações e das Confederações, estão assustados, pois poderão ter que se endividar mais ainda, ou repassar suas empresas, muitas já de fachada, para seus sócios estrangeiros, e ter que esperar a poeira baixar para fazer novas investidas nos cofres da União. Mal, nenhum deles vai ficar. Esse “privilégio” eles deixam para os empresários que não participam dos jantares em Palácio, junto aos políticos por eles financiados.

Para mudarmos o Brasil, à partir do caos que esses irresponsáveis o colocaram, precisamos de democracia, de uma República verdadeiramente Democrática, mas não de partidos políticos.

Para isto, bastariam os Movimentos, que dispensam todo aparato, toda estrutura de que se revestem os partidos, com seu custo óbvio. Movimentos também podem abrigar os mesmos pensamentos que dominam nossos partidos, mas a custo zero, e sem o poder de influir sobre os eleitos, hoje exercido pelos partidos.

Que haja tantos Movimentos quantas idéias diferentes houverem, mas não serão sustentados pelo dinheiro cobrado da população – Impostos - e sempre utilizados para sustentar a máquina pública como fim em si mesmo, onde se incluem os partidos.

Para o Brasil se tornar potência econômica e atender com justiça suas necessidades no campo social, precisa abandonar de vez a distinção de classes que o separa: uma classe com todos privilégios, e que se mantém às custas do Estado. Outra, a que sustenta o Estado.

O pouco que se estava conseguindo neste sentido e nas atuais circunstâncias, o petardo montado nas oficinas da Procuradoria Geral da República e disparado pelo dr. Janot, detonou.

A irresponsabilidade da classe privilegiada, até momento, nos colocou em situação de salve-se quem puder.

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