domingo, 28 de maio de 2017

É o Brasil no piloto automático. Não mudam a marcha desde 1808.

Martim Berto Fuchs

Os nossos cortesãos já estão a todo vapor para manter suas sinecuras. Na iminência do atual reizinho ter que abandonar o trono, estão discutindo o nome do substituto.

Na época que a transição se dava em família, eles apenas ficavam fofoqueando na Corte, pois não interferiam na escolha do novo rei. Depois que passamos de Monarquia Constitucional para Republicana, com o descarte puro e simples da dinastia Orléans e Bragança na sucessão (1889), são os cortesãos que determinam entre si, nem sempre pacificamente, quem será apresentado aos otários de sempre, nós os eleitores, para ser referendado como tendo sido escolhido “democraticamente” pelo povo, ou por seus “representantes”.

Como esse referendo - que eles chamam de eleição - já se deu em 2014, e como dos dois que nos foram impostos um já foi e o outro está indo, a Corte precisa escolher um novo nome para ocupar o trono até outubro do ano que vem.

O último grupo a ter acesso à Corte (2002), os boilivariasnos - defenestrados após retumbante fracasso em manter o caixa do Tesouro Nacional abastecido para atender ao luxo e ócio a que estavam todos acostumados-, já avisaram, como de hábito, de que se não puderem ter exclusividade na roubalheira, ou pelo menos comandá-la, não participarão do conchavo para escolha dum reizinho para mandato tampão.

Os outros dois grupos, um, descendente da “nobreza”, que ocupa os postos mais proeminentes da burocracia palaciana, e o outro, que representa os “empresários” da Corte, aqueles que privatizam os lucros e socializam os prejuízos, dão como certo que sairá dos seus grupos um cortesão para assinar os decretos reais até outubro de 2018.

Um nome que já desponta é o do Sr. Nelson Jobin. Não obstante ser um adulterador notório da Constituição de 1988, é quem sabe, por isto mesmo, o nome certo para o momento em que eles discutem entre si as reformas necessárias para garantir dinheiro no cofre.

Com o caixa zerado, pior, negativo, após o descalabro que os boilivariasnos, com o pouco tempo em que tiveram com a chave do cofre nas mãos, aprontaram, precisam de um refinado diplomata na Corte, com trânsito entre os três grupos que a compõe, para tentar o apoio necessário para reequilibrar as finanças e continuar sustentado cada um sua grande família: cabos eleitorais, parentes, amantes e amigos.

O povo ? O povo é só um detalhe, como já dizia alhures uma das cabeças premiadas da Corte. O que eles não aceitam, e para isto partem para o quebra-quebra, é que se altere a separação em duas classes, castas, que compõe a sociedade brasileira: a primeira, abrigada sob o guarda-chuva do Estado, indemissível, nem que a cada caia, e a segunda, material humano descartável, e que serve para sustentar o luxo e o ócio da primeira.

É desta gente, dos cortesãos, que nossos jornalistas e formadores de opinião, em sua maioria, espera a solução.

É o Brasil no piloto automático. Não mudam a marcha desde 1808.

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