segunda-feira, 1 de maio de 2017

7.01. Introdução à Capitalismo Social

Martim Berto Fuchs

“As leis de Roma tinham dividido sabiamente o poder público em um grande número de magistraturas, que apoiavam, continham e moderavam uma às outras; como todas tinham apenas um poder limitado, todos os cidadãos estavam aptos a chegar a elas, e o povo, vendo passar diante de si vários personagens, um após outro, não se habituava a nenhum deles.”
Montesquieu.

“O Governo é instituído para o bem comum; para a proteção, segurança, prosperidade e felicidade das pessoas; e não para o lucro, honra ou interesse privado de um homem, família ou classe de homens; portanto, se o povo tem o direito incontestável, inalienável e irrevogável de instituir um governo, tem também o direito de reformar, alterar ou mudar totalmente o mesmo, quando sua proteção, segurança, prosperidade e felicidade exigirem.”
John Adams

Este trabalho leva em conta apenas o mundo ocidental, desde os clãs, reis, império e república. Já é material bastante vasto e variado, no que tange à administração pública, para dele chegar à proposta de Capitalismo Social.

O termo democracia - poder do povo - tem sido usado indiscriminadamente há muitos séculos, mas a história nos prova que de forma capenga, pois o povo nunca esteve representado por aqueles que detinham o poder; ele apenas referendou pessoas que dele se utilizaram para exercer o mando.
Democracia ainda é, não obstante seu mau uso até hoje, a forma de governo que precisamos alcançar.

Nosso presidencialismo não passa de um monarquismo modernizado, onde o rei dinástico foi substituído por um presidente, escolhido entre os cortesãos da Corte, e referendado por um sufrágio onde fomos levados acreditar que se tratava de eleição. Da Corte saíram, nebulosamente, os “candidatos” a quem tínhamos a obrigação, sob pena de multa, de referendar.

Os poderes deste presidente pouco se diferenciam dos poderes do monarca, pois cabe a ele escolher seus ministros no Poder Executivo e os principais ministros do Poder Judiciário, os mesmos que irão, eventualmente, julgá-lo; assim como impõem líderes no Poder Legislativo que são quem determinam  as pautas. Ou é forte o suficiente para se impor ao Congresso, seja pela sua personalidade e carisma, ou pela compra pura e simples dos recalcitrantes, ou não governa.

A escolha dos candidatos numa verdadeira democracia, e que precisamos alcançar, tem que partir dos cidadãos, sob pena de continuarmos sob os desmandos e conchavos dos cortesão, e que obviamente, se depender deles, não entregarão jamais o poder ao povo.

Povo. Este termo tão cínica e vilmente utilizado pelos políticos profissionais em seus dogmas transformados em “ideologia”, hoje em dia sob a batuta de profissionais de marketing, leva muitos a pensar que povo é a massa mantida ignara pelos “governantes”, e que portanto não tem condições de governar.

Povo é, em Capitalismo Social, desde os políticos profissionais, os empresários que os financiam e cobram posteriormente, os sindicalistas que disputam seu espaço nos corredores do Poder, os descendentes dos burocratas, esses com cadeira cativa desde a chegada de D.João VI –, e, também, todo cidadão nascido e/ou registrado nesta nação - independente do seu grau de instrução e momentânea classificação social.

Povo não é sinônimo de massa ignara, para ser manipulado, usado, e pelos próximos 4 anos, esquecido. Povo, numa democracia no sentido amplo da palavra, tem o direito inalienável de escolher os candidatos aos cargos eletivos do setor público, cargos estes previamente determinados, e mantidos inalterados pelos eleitos.

Povo tem direito à educação, gratuita na razão direta da sua renda, e o dever de persegui-la, para poder votar; ao conhecimento, e obtê-lo, para que esteja apto a ser votado, e uma vez eleito, ter consciência do seu papel na elaboração das leis que regerão o destino dos demais cidadãos.

Povo somos todos e não apenas quem os donos dos partidos políticos e seus financiadores vem sistematicamente escolhendo para serem eleitos como futuros governantes, e/ou capachos. Entre o povo existem milhares de pessoas mais aptas a governar e editar leis, do que os selecionados pelos cortesãos para servir aos interesses da sua alardeada e falsa democracia.

É assim que deve ser entendida a expressão grega democracia – poder do povo. Temos que escrever um novo Contrato Social para nós, baseado em novo paradigma. De baixo para cima e não de cima para baixo, como acontece em todas “democracias” até hoje estabelecidas no mundo ocidental, incluso EUA.

No Brasil, o setor público é um Estado dentro do Estado; o setor público é um fim em si mesmo.

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