segunda-feira, 8 de maio de 2017

Emmanuel Macron é eleito o novo presidente da França

Agence France-Presse

O centrista pró-europeu Emmanuel Macron, de 39 anos, foi eleito neste domingo presidente da França - o mais jovem da história do país -, evitando, assim, que esta potência econômica mundial caísse nas mãos da adversária de extrema-direita, Marine Le Pen.

Com uma margem de 65,5% a 66,1% dos votos, à frente de Le Pen, com 33,9% e 34,5%, segundo estimativas de institutos independentes, este ex-banqueiro substituirá o socialista François Hollande, que se recusou a disputar a reeleição por falta de apoio popular e de quem foi ministro da Economia.

A abstenção no segundo turno teria variado entre 25,3% e 27%, segundo estimativas.

A taxa de participação às 13h de Brasília era de 65,3%, quatro pontos a menos que o primeiro turno (69,42%), segundo o ministério do Interior. Foi a taxa de participação mais baixa desde 1969, segundo estimativas oficiais.
Em centro de Paris, milhares de pessoas comemoravam a vitória de Macron com gritos de alegria na esplanada do Museu do Louvre.

Com bandeiras da França nas mãos, os simpatizantes do presidente de 39 anos saudaram sua vitória ante Marine Le Pen, sob um céu carregado.
O presidente em fim de mandato, François Hollande, e vários membros de governo reunidos no Palácio do Eliseu, comemoraram com uma salva de palmas a vitória do centrista, informaram fontes do palácio do Eliseu.
França dividida

Macron vai governar uma França muito dividida politicamente entre zonas urbanas (privilegiadas e reformistas) e as despossuídas (tentadas pelos extremos). Macron, que não parece recuar diante dos desafios, tem vários de grande tamanho pela frente, como um desemprego endêmico de 10%, a luta antiterrorista e a crise da União Europeia (UE).

Em discurso em seu QG de campanha, em Paris, após o anúncio de sua vitória, Macron afirmou que "combaterá as divisões" os franceses e assegurou que está consciente "da raiva, da ansiedade e das dúvidas" de seus concidadãos, e que trabalhará para "reconstruir a relação entre a Europa e os cidadãos".

Ainda que Marine Le Pen, de 48 anos, tenha perdido por ampla margem, esta não foi não é uma derrota absoluta para ela, nem para seu partido, a Frente Nacional (FN), que convenceu de 33,9% a 34,5% do eleitorado com promessas contra a imigração e a zona do euro. Não apenas isto, mas criou-se um vácuo entre as principais forças políticas do panorama nacional.
Ela desejou sucesso a Macron, lembrando-lhe de que estará "à frente do combate" nas legislativas de junho, e comemorou o resultado histórico obtido por seu partido.

Mundo saúda o novo presidente
Líderes internacionais não tardaram em saudar o presidente eleito.
O presidente Michel Temer publicou dois tuítes cumprimentando Macron.
"Felicito pela vitória nas eleições para Presidente da França", destacou, antes de prosseguir, "Brasil e França continuarão a trabalhar juntos em favor da democracia, dos direitos humanos, do desenvolvimento, da integração e da paz".

O americano Donald Trump também usou a rede social para saudar Emmanuel Macron pela "grande vitória" deste domingo e se disse ansioso "por trabalhar com ele".

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também parabenizou o novo presidente no Twitter, afirmando que os franceses elegeram "um futuro europeu".
"Feliz de que os franceses tenham eleito um futuro europeu", declarou Juncker na rede social. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, elogiou a decisão dos franceses a favor da "liberdade, a igualdade e a fraternidade".

O porta-voz da chanceler alemã, Angela Merkel, qualificou a vitória de Macron de uma "vitória para uma Europa forte e unida".
"Felicidades, @EmmanuelMacron. Sua vitória é uma vitória para uma Europa forte e unida e para a amizade franco-alemã", publicou Steffen Seibert, em alemão e francês, no Twitter.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, saudou o novo presidente francês através de um comunicado de Downing Street.
"A primeira-ministra saúda sinceramente o presidente eleito Macron por seu êxito nas eleições", destacou um porta-voz, sublinhando que a França é um dos "aliados mais próximos" da Grã-Bretanha.

Um vendaval
Em apenas um ano, desde que fundou o movimento de centro Em Marcha!, Macron abriu caminho em um país onde os dois grandes partidos tradicionais de esquerda e direita se alternavam no poder há meio século.
Superou-os no primeiro turno com um programa europeísta e liberal em temas econômicos e sociais. Foi para o segundo turno com uma vantagem cômoda nas pesquisas, reforçada no debate com sua adversária, mas isto não impediu que levasse um susto de última hora, com um ataque maciço de hackers cuja origem é desconhecida e é investigado pela justiça francesa.

Para o mundo, estas eleições foram um termômetro para mensurar a força dos populistas e tomar o pulso da União Europeia, após a vitória do Brexit no Reino Unido.

A aposta política de Macron foi um sucesso, mas o passo seguinte é uma incógnita. Após eleger presidente, em junho os franceses vão votar em legislativas, dominadas pela incerteza.

O baque político da direita e dos socialistas no primeiro turno e o avanço da extrema direita no segundo turno geram uma dúvida: Macron será capaz de conseguir uma maioria parlamentar e evitar uma coabitação complicada apesar de não dispor da máquina de um partido tradicional?

Marine Le Pen pode eleger muitos mais deputados dos que tem atualmente, com sua campanha anti-UE, contra a globalização, os imigrantes ilegais e as elites em um país corroído pelo desemprego e traumatizado pela onda de atentados extremistas.

Desafios
O homem que sacudiu a política com um novo partido fascina pessoas próprias e estranhas. Não só por sua juventude, mas por ser casado com uma mulher 24 anos mais velha: Brigitte, a futura primeira-dama loira e magra que foi sua professora de teatro e que foi onipresente na campanha.
Líderes mundiais do porte da chanceler Angela Merkel e do ex-presidente americano Barack Obama apoiaram seu programa, centrado na divisa: "uma França aberta, confiante e conquistadora" em "uma Europa protetora".

Macron será o presidente mais jovem da história da França, mais jovem até mesmo que Louis-Napoléon Bonaparte, que tinha 40 anos quando foi eleito em 1848, e um dos mais jovens do mundo.

Ele tem cinco anos pela frente para comandar um país com armas nucleares, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, e motor, juntamente com a Alemanha, da União Europeia, cuja zona do euro quer dotar de um orçamento, um Parlamento e um ministro das Finanças próprio.

A vitória deste homem com cara de bom moço, formado nas escolas da elite francesas, encerra uma campanha eleitoral repleta de sobressaltos, na qual os imbróglios judiciais ofuscaram durante um bom tempo os temas de fundo, somando-se ao cansaço de uma cidadania desencantada com os políticos.

Agence France-Presse (AFP) 

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