O Globo
Novo presidente diz que compatriotas
elegeram 'a esperança e o espírito de conquista'
PARIS —
O centrista pró-europeu Emmanuel Macron assumiu oficialmente neste domingo a
presidência da França em uma cerimônia solene no Palácio do Eliseu.
Macron,
ex-ministro da Economia de 39 anos, praticamente desconhecido há três, se
tornou o presidente mais jovem da História do país desde Napoleão Bonaparte.
Entre seus principais desafios estão o desemprego e a luta contra o terrorismo.
A mulher
do novo presidente, Brigitte Macron, 64, sua ex-professora e fiel aliada na
conquista do poder, chegou dez minutos antes da cerimônia no palácio, onde foi
recebida pela chefia do protocolo. Ela chegou antes do marido porque ambos não
são casados.
Macron
era esperado na porta do Eliseu por François Hollande, que deixa o poder. Ambos
tiveram uma reunião de mais de uma hora, onde o novo mandatário recebeu os
códigos nucleares do país que permitem ativar o arsenal atômico da França e
informações sobre a política internacional.
Em uma
cerimônia repleta de simbolismo, Hollande, de 62 anos, que lançou a carreira política
de Macron ao nomeá-lo conselheiro e posteriormente ministro da Economia, deixou
o Eliseu sob os aplausos de seus funcionários e do novo presidente. O
socialista, no entanto, terminou o mandato como um dos chefes de Estado mais
impopulares do país, o que o fez desistir de concorrer à reeleição, algo que
não ocorria desde 1958.
O
ex-banqueiro, que nunca antes havia se submetido às urnas, foi proclamado
presidente por Laurent Fabius, presidente do Conselho Constitucional.
— Para
ser o homem de seu país, é preciso ser o homem de seu tempo — disse Fabius,
citando o escritor Chateaubriand. — Sem dúvida, você é um homem de nosso tempo,
por suas decisões, por sua formação, por sua carreira e até por seu estado
civil. E pela eleição soberana do povo, agora é, sobretudo, o homem de nosso
país.
Em seu
discurso de posse, Macron, do movimento Em Marcha!, afirmou que seus
compatriotas elegeram "a esperança e o espírito de conquista". O novo
líder francês também prometeu que a União Europeia será "reformada e relançada"
durante seu mandato.
— O
mundo e a Europa precisam mais do que nunca da França, uma França forte, que
fale em voz alta pela liberdade e pela solidariedade — afirmou, em um discurso
de pouco mais de dez minutos.
No fim
da cerimônia, 21 salvas foram lançadas do Palácio dos Inválidos, do outro lado
do rio Sena, para saudar o novo presidente.
Macron
se dirigiu posteriormente ao Arco do Triunfo, embarcando em um veículo militar
que subiu a Champs Élysée, onde depositará flores sobre o túmulo do soldado
desconhecido.
NOVO
GABINETE
Macron
nomeou Alexis Kohler, de 44 anos, como seu secretário-geral, o cargo mais
poderoso da equipe presidencial. Kohler foi chefe de gabinete de Macron quando
ele estava à frente do Ministério da Economia. Como braço direito do
presidente, ele será o principal interlocutor de Macron com ministros,
partidos, empresários e líderes sindicais.
Já o
diplomata Phillipe Etienne, de 61 anos, tomou posse como conselheiro sênior
para política externa. A escolha de seu nome foi saudada em Bruxelas, capital
da União Europeia, onde serviu como embaixador, cargo que também exerceu em
Berlim.
"Esta
é uma boa notícia. Philippe é uma autoridade nos assuntos da União Europeia e
um promotor da amizade franco-alemã", disse no Twitter o chefe do gabinete
do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
PRIMEIRA
SEMANA MOVIMENTADA
A
primeira semana de Macron na presidência da França será movimentada. Na
segunda-feira, deve revelar o nome de seu primeiro-ministro, antes de voar a
Berlim para se reunir com a chanceler alemã, Angela Merkel. A viagem é
praticamente um rito seguido pelos líderes franceses, que iniciam seu mandato
visitando outro país visto como crucial para a integridade da União Europeia.
Merkel
aplaudiu a vitória do centrista, afirmando que sua eleição eleva "a
esperança de milhões de franceses e também de muitos na Alemanha e em toda a
Europa".
Macron,
um europeísta convencido, quer impulsionar uma cooperação mais estreita para
ajudar o bloco a superar a saída iminente do Reino Unido, outro de seus membros
mais poderosos.
Também
quer propor aos seus sócios a criação de um Parlamento e um orçamento para a
eurozona.
Seu
roteiro também deve incluir uma visita a tropas francesas, algumas delas
posicionadas em países africanos.
Em
junho, o novo mandatário enfrentará seu primeiro desafio interno: as eleições
legislativas, em que seu movimento político buscará a maioria absoluta do
Parlamento, viabilizando a aprovação de sua ambiciosa agenda de reformas. Dos
428 candidatos apresentados por seu movimento, mais de metade são rostos novos
na política francesa.
O Globo
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