ROSANE MERAT
O
Espiritismo sanciona pelo exemplo a teoria, mostrando-nos na posição de grandes
no mundo dos Espíritos os que eram pequenos na Terra; e bem pequenos, muitas
vezes, os que na Terra eram os maiores e os mais poderosos. E que os
primeiros, ao morrerem, levaram consigo aquilo que faz a verdadeira grandeza no
céu e que não se perde nunca: as virtudes, ao passo que os outros
tiveram de deixar aqui o que lhes constituía a grandeza terrena e que se não
leva para a outra vida: a riqueza, os títulos, a glória, a nobreza
do nascimento. Nada mais possuindo senão isso chegam ao outro mundo
privados de tudo, como náufragos que tudo perderam, até as próprias
roupas. Conservaram apenas o orgulho que mais humilhante lhes torna a
nova posição, porquanto vêem colocados acima de si e resplandecentes de glória
os que eles na Terra espezinharam.
O
Espiritismo aponta-nos outra aplicação do mesmo princípio nas encarnações
sucessivas, mediante as quais os que, numa existência, ocuparam as mais
elevadas posições, descem, em existência seguinte, às mais ínfimas condições,
desde que os tenham dominado o orgulho e a ambição. Não procureis, pois,
na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos outros, se não
quiserdes ser obrigados a descer. Buscai, ao contrário, o lugar mais
humilde e mais modesto, porquanto Deus saberá dar-vos um mais elevado no céu,
se o merecerdes.
Orgulho:
O
orgulho é um dos piores flagelos da humanidade, juntamente com o egoísmo. Esses
dois grandes flagelos são a causa primeira de todas as coisas ruins que
acontecem ao redor da terra.
Do
orgulho nasce a vaidade, a autopiedade, a lamúria, a revolta, a raiva, o ódio,
o rancor, o ressentimento e muitas outras coisas ruins. Então vamos ver o que é
e como funciona esse tal de orgulho.
Jesus
disse: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8:32). A verdade
nos liberta da ilusão provocada por nossas imperfeições morais, cujo orgulho é
o principal.
O
orgulho cria ilusões e nos faz ver o mundo de forma equivocada. E a gente
começa a negar a nós mesmos para agradarmos aos outros e sermos aceitos.
Sabe por
que muitas vezes nos desiludimos; nos decepcionamos? Porque criamos
expectativas acerca de determinada pessoa, coisa ou situação.
André
Luiz nos ensina que não devemos elevar ninguém à angelitude, por mais legal e
bacana que a pessoa possa ser. Mas também não devemos rebaixá-la à categoria de
perverso, cruel e mal.
O
orgulho também cria ilusões sobre nós mesmos. O orgulho quer nos fazer
acreditar que somos os melhores, os capazes,… E quando erramos alguma coisa,
muitas vezes nos depreciamos.
O
orgulho e a humildade são estados psíquicos em que nos encontramos. A maneira
como vemos e encaramos a vida pode determinar em qual estado estamos.
No
estado de orgulho a ilusão domina, vivemos de aparências, mentiras, queremos
ser os melhores e os perfeitos em tudo,…
O
orgulhoso vive ansioso, tenso, triste, angustiado, revoltado, faz tipo,
representa personagens, adapta-se aos outros, prende-se ao passado e ao futuro
sem viver o presente. Cobra-se, desculpa-se e justifica-se o tempo todo. Não
crê em si mesmo e se auto abandona.
Devido a
todos os malefícios que o orgulho causa na evolução espiritual do homem, Jesus
Cristo combateu duramente através dos seus ensinamentos (contendo parábolas com
fatos do cotidiano das pessoas) o orgulho, e entre outros sentimentos
inferiores tais como: a vaidade, a presunção, a petulância, etc.
Humildade:
Já a
humildade é um estado de sintonia com nossa alma; com nosso “eu superior”. Na
alma estão nossas capacidades, potencialidades, sentimentos reais e riquezas. O
humilde reconhece quem realmente é; assume-se por completo.
Na
medida em que o Espírito evolui, compreende que não é superior aos demais, como
também que lhe é prejudicial querer parecer o que não é. No decorrer
dessa evolução, vão resplandecendo as outras virtudes: a simplicidade, a
sinceridade, a modéstia, a mansidão, etc.
No
estado de humildade nos sentimos felizes, alegres, de bem com a vida, temos
sensação de bem-estar e prazer. Entramos em sintonia com as forças superiores,
somos sustentados pelo bem, ficamos cheios de vida; de energia.
Mas é
preciso coragem para ser humilde; para assumir-se por inteiro, confrontar-se
com as próprias imperfeições, fraquezas e limitações.
No
estado de humildade analisamos nossas imperfeições, fraquezas e limitações tal
como dedicado médico analisa os sintomas de uma doença e recomenda os devidos
remédios e tratamentos. Já o orgulhoso trata essas coisas como um juiz que
absolve ou condena um réu.
Jesus
exaltou a humildade como condição para se poder entrar no Reino dos Céus,
porque é em estado de humildade que criamos o céu em nossas vidas e na vida das
pessoas a nossa volta.
Em
estado de humildade entramos no Reino dos Céus que está dentro de nós, como
ensinou Jesus (João 17:21).
O estado
de humildade nos faz sermos aquilo que realmente somos: espíritos em constante
progresso, com qualidades e imperfeições.
Paulo, o
apóstolo dos gentios, escreveu à igreja de Corinto que Deus escolheu as coisas
fracas, pobres, insignificantes e pequenas desse mundo para anular o orgulho
daqueles que se acham alguma coisa. (I Coríntios 1:27 e 28).
Deus
escolheu os humildes pelo fato deles serem mais dóceis a sua voz e a sua
vontade. São mais dóceis em cumprir a lei de amor ensinada por Jesus: “Amai-vos
uns aos outros como eu vos amei”. (João 15:12).
Verdadeira e Falsa Humildade:
Também
existe a falsa humildade que consiste em menosprezar-se, rebaixar-se como
“coitadinho”. É recusar fazer alguma coisa por se achar incapaz e por não se
achar digno de nada.
A
verdadeira humildade é mais lúcida, isto é, sabe de suas imperfeições mas
confia na Divina Misericórdia em seu favor.
O
Humilhado será Exaltado:
Jesus
disse que quem se exaltar será humilhado e quem se humilhar será exaltado. Isto
é: quem vive em estado de orgulho vai sofrer pra caramba e quem vive em estado
de humildade; de sintonia com seu “eu superior” será feliz.
O estado
de humildade nos deixa em sintonia com as forças e energias superiores: amor,
paz, alegria, felicidade, bem-estar, ternura, carinho, amizade e uma infinidade
de outras forças (virtudes) superiores.
Nesse
estado podemos analisar as coisas com bom senso, lógica e raciocínio. Há
equilíbrio emocional.
Já o
estado de orgulho nos deixa em sintonia com as forças inferiores: medo,
angústia, ansiedade, tristeza, ódio, raiva, ressentimento e uma infinidade de
coisas ruins.
Artigos Espíritas
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