Fernão Lara Mesquita
Dilma
Rousseff deixou o governo com aumentos contratados com as corporações do
serviço público até 2020. Só o de 2018 põe R$ 22 bilhões a mais na folha daqui
até a eternidade. Umas tres JBS’s por ano a mais no que custou ao BNDES a
parcela dela que pertence “a nós todos” que não moramos em palácios em Nova
York.
O
salário do funcionalismo aumentou em média 9,4% ao ano em todos os anos entre
2003 e 2015. Era a “Era Lula”, o dono daquele partido que recebe 30% do salário
de cada um de seus “filiados”. Foram 9,3% em média de aumento por ano na União,
10,6% nos estados e 10,1% nos municípios para uma inflação média de 6,3% ao
ano. A quantidade de funcionários também aumentou explosivamente. 30% no nível
federal, 10% no estadual e 67% (!!) no municipal. 10% a mais nos poderes
executivos (estes que, no fim, promovem os “ajustes” pelo aumento de impostos),
55% nos legislativos e 50% no judiciário mais lento da face da Terra. É dentro
desse Judiciário e meio que está o Ministério Público dos nossos heróis com
taxímetro que, enquanto acusam os outros de desonestidade exigem do Brasil, sob
pena de represálias, 16,7% de aumento neste ano de miséria e inflação de 3,5%.
Esses
aumentos passam para os funcionários aposentados o que provoca outra onda de
choque paralela muito maior que a que afoga a folha dos ativos. Eles custaram,
no ano passado, 57% dos mais de R$ 2 trilhões que o governo tomou em impostos
ao país que trabalha. A maior carga do mundo. Como todos os demais que põem um
pé dentro do estado um dia, nem um único dos novos “servidores” dessa multidão recém
embarcada que se aposentará por volta dos 50 anos sairá das nossas costas nem
depois de morto pois, enquanto “funcionarem as instituições” que temos os
filhos e netos deles herdarão os direitos que seus pais e avós “adquirirem” e
viverão às custas dos nossos filhos e netos em plena “democracia” do 3º
Milênio.
Em 2009
o Ipea já tinha constatado que os funcionários do estado recebiam o dobro do
que pagava-se aos trabalhadores privados ainda com emprego para funções e
níveis de formação semelhantes. Essa desproporção já não era a verdadeira
naquela altura porque não incluia os “auxílios” e as infinitas mutretas outras
com que eles se locupletam “por dentro da lei” que escrevem e por fora do
imposto de renda que, por eles e só por eles, deixa-se docemente tapear com
sinônimos. Os numeros da Previdência, mais recentes mas ainda não atuais, estão
mais próximos da verdade. A média das aposentadorias privadas é de R$ 1600. A
das públicas é de R$ 9 mil no poder executivo, R$ 25 mil no legislativo, 29 mil
no judiciário e 30 mil no Ministério Público, o campeão dos campeões. Isso
explica porque os 980 mil aposentados do setor público custam um déficit maior
que o dos 33 milhões de aposentados do resto do país somados.
Hoje
como a cada dia, por mero decurso de prazo, essa diferença já aumentou. Não é
preciso nem uma palavra mais, portanto, para explicar não só o estado de
miséria a que o país está reduzido mas também a guerra no meio da qual vivemos.
Estes são numeros tão escandalosos que a sua mera exposição à população com a
ênfase e a persistência mínimas que a decência requer provocariam uma revolução
que 20 lava-jatos somadas não seriam capazes de promover. Mas nem os políticos
desonestos, nem os juristas e jornalistas que os acusam de desonestidade, com
raríssimas exções, tocam nesse assunto porque aí sim aperta o calo de todos
quantos têm interesse pessoal na continuação da “privilegiatura”.
Michel
Temer até que tentou, mas é um monoglota. Só fala a língua do “sistema”. Não
consegue comunicar-se com o que está fora dele. Derrapa em todas as maioneses.
Só porque escapou da primeira volta no torniquete em que o agarraram os que não
admitem nem as reformas meia-sola que propôs para reduzir a virulência desse
assalto já passou a agir como se tivesse sido eleito. Deu para ficar “irônico”
e dar-se, até, ares triunfalistas.
Baixa
impostos novos sem pedir um trilhão de desculpas, e descuidando até de pagar os
devidos direitos autorais ao lulismo por isso. Conta como certa a “compreensão
do povo” que, lá dos seus barracos, as balas perdidas voando sobre a cabeça
quando dá sorte, vê tomarem o seu santo nome em vão todos quantos, “contra” ou
“a favor”, disputam o comando daquele disco voador chamado Brasilia de
onde partem todos os raios que partem o Brasil.
Mas
Temer é um homem de sorte! A desfaçatez da “privilegiatura”, com o Ministério
Público de abre-alas, é tão insana que, depois de tudo aparentemente perdido,
ei-lo diante de mais uma chance de redimir-se de todos os recuos que se
permitiu sem muita luta – ele e seu ministro hãn-hãn-hãn… – na sequência
do momento periclitante de sua posse.
Sonhar não custa nada…
Seja
macho, Michel! Seja macho, Henrique! Vistam as saias da secretária Ana Paula
Vescovi, a única figura deste governo que ousa dizer verdades inteiras.
Obriguem a “privilegiatura” a mostrar os dentes. Deixem que se mate sendo às
claras o que é nas trevas. Reproponham a reforma daquela previdência de
escândalo e não só da dos pobres. Arrastem-na para o mundo da contribuição
real. Taxem os salários disfarçados sob codinomes. Vão ao Supremo contra essas
“correções” sem inflação e saboreiem em segredo os 30% que o PT perderá em cada
tostão que os “nós” deixarem de arrancar dos “eles”. Forcem os egrégios
guardiões da constituição a julgar a constitucionalidade dos “auxílios” livres
de impostos que usam para furar o teto constitucional. Ponham valores nisso.
Comparem. Quantas prisões “suecas” da pra comprar com esse dinheiro? Quantas
bolsas em Harvard? Obriguem os autores de “narrativas” a expor o que tanto têm
se esforçado para ocultar.
Forcem,
já, aquilo que seremos, de qualquer maneira, forçados a fazer logo adiante.
Libertem esta e as futuras gerações de brasileiros da depressão de já partir
derrotada para a pedreira da competição global.
Chega de
mimimi! Afinal, o que ha para perder no tempo que vos resta?
VESPEIRO
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