Helio De Freitas
(*)
Governo federal prometeu enviar
equipe a MS para avaliar necessidade de Forças Armas na região
Escancarada,
abandonada e nas mãos do crime organizado. Essa é a realidade dos 1.370
quilômetros de fronteira seca do Brasil com o Paraguai, em Mato Grosso do Sul.
Corredor de 90% da maconha consumida no país e principal acesso de cocaína,
armas e contrabando que saem do Paraguai com destino aos grandes centros
urbanos brasileiros, a Linha Internacional é uma divisa geográfica que só
existe no mapa.
Na prática, os criminosos não fazem questão de saber onde começa o território de um país e onde termina o do outro. Essa realidade não chega a ser uma novidade. Há pelo menos três décadas, a fronteira seca de Mato Grosso do Sul com o Paraguai vem sendo usada para atividades ilícitas.
Primeiro foram os contrabandistas que levavam soja e café do Brasil para o Paraguai e traziam agrotóxico e eletrônicos. Depois vieram os contrabandistas de cigarro, que estão mais fortes do que nunca e hoje dividem espaço com os traficantes de cocaína, de maconha e de armas e munições.
Só que a situação de abandono da fronteira está cada dia pior, principalmente pela presença das facções criminosas brasileiras, que se instalaram do lado paraguaio para controlar o envio de drogas e armas para o Brasil.
Na segunda-feira (31), o presidente Michel Temer (PMDB) prometeu ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB) enviar uma equipe dos ministérios da Defesa e da Justiça para avaliar a necessidade do plano de atuação das Forças Armadas na segurança da fronteira. “As Forças Armadas seriam bem-vindas, mas só terá resultado prático se o trabalho seguir a demanda dos órgãos de segurança pública, que tem conhecimento da situação. Se não tiver trabalho de inteligência, de nada vai adiantar colocar três mil homens na fronteira”, comentou um integrante das forças policiais, que pediu para não ter o nome divulgado.
Em controle – São incontáveis os acessos livres entre os dois países por estradas, trilhas e matas. Em muitos casos, uma simples cerca de arame farpado separa Brasil e Paraguai.
Há locais onde nem mesmo existe cerca. “Tem propriedade que começa num país e termina no outro”, afirmou um policial ao Campo Grande News. Com tantos acessos livres e sem fiscalização, a divisa MS-Paraguai se tornou o paraíso do crime organizado, ainda pior agora, porque, para muitos moradores da região, o caos está instalado após a morte de Jorge Rafaat Toumani, o barão do narcotráfico e considerado “dono da fronteira”.
Executado a tiros de metralhadora na noite de 15 de junho de 2016 em Pedro Juan Caballero, Rafaat era contra a presença das facções criminosas, que após sua morte travam uma guerra pelo controle do fornecimento de maconha, cocaína e armas.
Os principais acessos – Um levantamento feito pelo Campo Grande News entre as apreensões de drogas, armas e cigarros feitas em Mato Grosso do Sul nos últimos meses revela os cinco principais acessos usados pelo crime organizado. A definição por onde a droga e o contrabando entram depende do destino final da mercadoria.
De Ponta Porã, cidade a 323 km de Campo Grande, vizinha de Pedro Juan Caballero, a droga e o contrabando saem com destino ao assentamento Nova Itamarati, passa pela região do Copo Sujo, corta o município de Maracaju e chegam a Campo Grande, de onde os carregamentos seguem para São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Maior cidade sul-mato-grossense na fronteira com o Paraguai, Ponta Porã possui outras duas rotas usadas pelo crime. Uma segue para Amambai, passa em Tacuru e Iguatemi e cruza a divisa com o Paraná até Guaíra (PR).
A terceira rota sai de Ponta Porã com destino a Dourados, passa por Nova Alvorada do Sul e Bataguassu e entra no território paulista. De Coronel Sapucaia, cidade a 400 km da Capital, vizinha de Capitán Bado, no Paraguai, sai a rota da droga que abastece a região sul do país.
Rio Grande do Sul e Santa Catarina são grandes consumidores de cocaína e maconha que passam por essa rota e que até hoje é operada pela quadrilha chefiada pelo narcotraficante brasileiro Jarvis Gimenez Pavão, preso em Assunção.
A quinta rota mais usada pelos contrabandistas e traficantes cruza a fronteira por Bela Vista, a 322 km de Campo Grande, vizinha da cidade paraguaia Bella Vista, e segue para a Capital sul-mato-grossense, de onde as mercadorias são distribuídas para o Sudeste.
Paraguai – O abandono da fronteira também preocupa as autoridades do outro lado. Nesta semana, reportagem do jornal ABC Color culpa o governo paraguaio pelo abandono e pela falta de controle da entrada ilegal de bandidos brasileiros, que atualmente circulam livremente, principalmente em Pedro Juan Caballero e Capitán Bado.
Jornal mais influente do Paraguai, o ABC aponta a corrupção de autoridades políticas e policiais como maior incentivo para a expansão das facções brasileiras. “As leis migratórias são letra morta na fronteira Paraguai-Brasil”, afirmou o periódico.
Na prática, os criminosos não fazem questão de saber onde começa o território de um país e onde termina o do outro. Essa realidade não chega a ser uma novidade. Há pelo menos três décadas, a fronteira seca de Mato Grosso do Sul com o Paraguai vem sendo usada para atividades ilícitas.
Primeiro foram os contrabandistas que levavam soja e café do Brasil para o Paraguai e traziam agrotóxico e eletrônicos. Depois vieram os contrabandistas de cigarro, que estão mais fortes do que nunca e hoje dividem espaço com os traficantes de cocaína, de maconha e de armas e munições.
Só que a situação de abandono da fronteira está cada dia pior, principalmente pela presença das facções criminosas brasileiras, que se instalaram do lado paraguaio para controlar o envio de drogas e armas para o Brasil.
Na segunda-feira (31), o presidente Michel Temer (PMDB) prometeu ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB) enviar uma equipe dos ministérios da Defesa e da Justiça para avaliar a necessidade do plano de atuação das Forças Armadas na segurança da fronteira. “As Forças Armadas seriam bem-vindas, mas só terá resultado prático se o trabalho seguir a demanda dos órgãos de segurança pública, que tem conhecimento da situação. Se não tiver trabalho de inteligência, de nada vai adiantar colocar três mil homens na fronteira”, comentou um integrante das forças policiais, que pediu para não ter o nome divulgado.
Em controle – São incontáveis os acessos livres entre os dois países por estradas, trilhas e matas. Em muitos casos, uma simples cerca de arame farpado separa Brasil e Paraguai.
Há locais onde nem mesmo existe cerca. “Tem propriedade que começa num país e termina no outro”, afirmou um policial ao Campo Grande News. Com tantos acessos livres e sem fiscalização, a divisa MS-Paraguai se tornou o paraíso do crime organizado, ainda pior agora, porque, para muitos moradores da região, o caos está instalado após a morte de Jorge Rafaat Toumani, o barão do narcotráfico e considerado “dono da fronteira”.
Executado a tiros de metralhadora na noite de 15 de junho de 2016 em Pedro Juan Caballero, Rafaat era contra a presença das facções criminosas, que após sua morte travam uma guerra pelo controle do fornecimento de maconha, cocaína e armas.
Os principais acessos – Um levantamento feito pelo Campo Grande News entre as apreensões de drogas, armas e cigarros feitas em Mato Grosso do Sul nos últimos meses revela os cinco principais acessos usados pelo crime organizado. A definição por onde a droga e o contrabando entram depende do destino final da mercadoria.
De Ponta Porã, cidade a 323 km de Campo Grande, vizinha de Pedro Juan Caballero, a droga e o contrabando saem com destino ao assentamento Nova Itamarati, passa pela região do Copo Sujo, corta o município de Maracaju e chegam a Campo Grande, de onde os carregamentos seguem para São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Maior cidade sul-mato-grossense na fronteira com o Paraguai, Ponta Porã possui outras duas rotas usadas pelo crime. Uma segue para Amambai, passa em Tacuru e Iguatemi e cruza a divisa com o Paraná até Guaíra (PR).
A terceira rota sai de Ponta Porã com destino a Dourados, passa por Nova Alvorada do Sul e Bataguassu e entra no território paulista. De Coronel Sapucaia, cidade a 400 km da Capital, vizinha de Capitán Bado, no Paraguai, sai a rota da droga que abastece a região sul do país.
Rio Grande do Sul e Santa Catarina são grandes consumidores de cocaína e maconha que passam por essa rota e que até hoje é operada pela quadrilha chefiada pelo narcotraficante brasileiro Jarvis Gimenez Pavão, preso em Assunção.
A quinta rota mais usada pelos contrabandistas e traficantes cruza a fronteira por Bela Vista, a 322 km de Campo Grande, vizinha da cidade paraguaia Bella Vista, e segue para a Capital sul-mato-grossense, de onde as mercadorias são distribuídas para o Sudeste.
Paraguai – O abandono da fronteira também preocupa as autoridades do outro lado. Nesta semana, reportagem do jornal ABC Color culpa o governo paraguaio pelo abandono e pela falta de controle da entrada ilegal de bandidos brasileiros, que atualmente circulam livremente, principalmente em Pedro Juan Caballero e Capitán Bado.
Jornal mais influente do Paraguai, o ABC aponta a corrupção de autoridades políticas e policiais como maior incentivo para a expansão das facções brasileiras. “As leis migratórias são letra morta na fronteira Paraguai-Brasil”, afirmou o periódico.
DefesaNet
(*) Comentário do editor do
blog-MBF: uma vez que as “empresas exportadoras”
estão estabelecidas no lado de lá da fronteira, traria melhor resultado
combatê-las no seu “local de trabalho”, pois não precisaria policiar 1.370 km de
fronteira, o que é quase impossível. Ou, de custo exorbitante.
Logo, sai mais em conta para o
Brasil, oferecer ajuda financeira e logística ao governo paraguaio.
Só teria um “probleminha”: se os
negócios lá são tratados como cá, essa grana toda acabaria na Suíça.
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