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Presidente
americano anuncia novas tarifas no valor de US$ 50 bilhões aos chineses, que
prometem retaliar na mesma moeda. FMI alerta que novas taxas podem provocar
danos ao comércio global.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovou nesta
quinta-feira (14/06) a imposição de novas tarifas às importações chinesas, no
valor de 50 bilhões de dólares, levando ao campo comercial uma guerra que, até
então, estava sendo travada nas palavras.
A decisão de Trump veio após seu encontro histórico com o líder
norte-coreano em Cingapura, Kim Jong-un, onde os EUA se comprometeram a
trabalhar em conjunto com a China para a desnuclearização da Península Coreana.
Alguns analistas temem que os esforços conjuntos possam ser prejudicados pela
imposição americana de novas tarifas.
"Temos um déficit tremendo com a China, e temos que fazer algo a
respeito. Não podemos continuar deixando que isso aconteça", disse Trump
em conferência de imprensa após a cúpula. Em 2017, o déficit comercial de
Washington com Pequim foi de 336 bilhões de dólares.
A China, por sua vez, afirmou nesta sexta-feira que reagirá na
mesma moeda à medida americana, que passa a valer a partir desta sexta-feira, e
anunciou a imposição de tarifas também no valor de 50 bilhões de
dólares sobre as importações de produtos vindos dos EUA.
"Introduziremos, em igual escala, as mesmas
medidas tarifárias, e todas as conquistas econômicas e comerciais alcançadas
por ambas as partes ficarão invalidadas", disse o Ministério do Comércio
chinês em comunicado.
A maior parte das tarifas chinesas passará a valer a partir de 6 de
julho, enquanto o restante terá data para entrar em vigor anunciada em breve,
informou o ministério. As sobretaxas afetarão um total de 659 produtos dos EUA,
incluindo a soja, que é o maior produto americano importado pela China em
termos de valores.
FMI alerta
para ciclo de retaliações
Um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado em
Washington nesta quinta-feira, prevê que as consequências das novas tarifas
impostas por Trump poderão causar sérios danos ao sistema de comércio global e
à própria economia americana.
O FMI alerta que um provável "ciclo de reações
retaliatórias", poderá causar danos à economia mundial, resultando em uma
ruptura nas cadeias internacionais de comércio. A diretora-gerente da
instituição, Christine Lagarde, disse que os países não devem subestimar o peso
econômico que retaliações de parceiros como o Canadá e a Alemanha podem
acarretar.
O relatório afirma ser difícil de calcular o impacto das novas tarifas
americanas, que dependerá das dimensões e do momento em que as reações
ocorrerem. Lagarde insistiu que conflitos no comércio internacional poderão
prejudicar a confiança e fazer com que o setor de negócios retenha futuros
investimentos.
A chefe do FMI insistiu que os Estados Unidos devem "trabalhar de
modo construtivo" com os parceiros comerciais para resolver disputas, além
de se abster de impor novas tarifas. Segundo afirmou, em uma guerra comercial
"não há vencedores, geralmente só perdedores em ambos os lados".
O relatório conclui que a imposição das novas tarifas poderá
"fazer com que o mundo se distancie do sistema de comércio aberto, justo e
baseado em regulamentações, com efeitos adversos para a economia americana e
seus parceiros comerciais".
O FMI demonstrou pessimismo quanto ao desempenho da economia americana
em longo prazo. O relatório afirma que as reduções de impostos promovidas pelo
governo americano poderão contribuir para impulsionar o crescimento econômico
em 2018 e 2019, mas prevê uma queda a partir de 2020 para níveis bem abaixo do
que os previstos pela Casa Branca.
As previsões de crescimento da economia americana são de 2,9% em 2018
e 2,7% em 2019, mas após esse período, deverá haver uma desaceleração contínua
até 2023, caindo para 1,4%. Os números apresentados pelo FMI representam a
metade dos 3% previstos pelo governo americano ao implementar sua política
tributária.
Durante a campanha à presidência em 2016, Trump disse que suas
políticas econômicas levariam o país a crescer 4% ou mais. Após eleito, seu
governo projetou um crescimento mais modesto, de 3%.
O Departamento do Tesouro americano afirma discordar
"significativamente" dos dados do FMI, afirmando que o impulso à produtividade
em combinação com a reforma tributária resultará em um crescimento econômico
mais sustentável.
O relatório aponta, entre outras coisas, que o governo americano
falhou ao não dedicar os recursos necessários para a melhora da infraestrutura
do país, o que ajudaria a impulsionar o crescimento econômico a longo prazo.
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