DW – Deutsche Welle
Sob pressão, presidente diz que não
gostou de ver milhares de crianças sendo separadas de seus pais na fronteira
com o México, medida que gerou críticas em todo o mundo. Política de tolerância
zero, porém, continuará.
O
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (20/06)
uma ordem executiva para impedir que crianças sejam separadas de seus
familiares na fronteira com o México. A situação das crianças gerou
críticas e indignação dentro e fora do país.
"Trata-se
de manter as famílias juntas, ao mesmo tempo em que garantimos fronteiras muito
fortes e poderosas", afirmou o presidente na cerimônia de assinatura do
decreto. "Eu não gostei da ideia de ver famílias sendo separadas."
A ordem
executiva impede a separação de pais e filhos ao permitir que eles sejam
mantidos juntos em centros de detenção após terem tentado entrar ilegalmente no
país. Não ficou claro, no entanto, por quanto tempo as crianças poderão
ficar presas.
Ao
antecipar sua decisão durante uma reunião com senadores na Casa Branca, Trump
havia afirmado que a ordem será "algo preventivo até certo
ponto", mas previu que o Congresso acabará aprovando uma legislação sobre
o tema mais tarde.
"Queremos
segurança para o nosso país", justificou o líder americano antes da
assinatura. Com a nova medida, "teremos segurança e, ao mesmo tempo,
teremos compaixão", acrescentou.
Ele
enfatizou, no entanto, que Washington precisa seguir firme e que a
política de "tolerância zero" continuará: "Caso contrário,
nosso país será invadido por pessoas, pelo crime e por todas as coisas que não
toleramos e não queremos".
Trump
vem há semanas se negando a reverter a sua política migratória de tolerância
zero, que já levou à separação de mais de 2 mil crianças de seus pais,
argumentando que a alternativa a ela seria uma política de fronteiras abertas
que permitiria aos migrantes entrarem livremente no país.
A nova
ordem executiva ameaça transgredir um acordo do governo americano firmado
em 1997 com duas organizações humanitárias, que estabelece que os menores de
idade detidos nas fronteiras só podem ser privados de liberdade durante 20
dias.
Segundo
antecipou o jornal New York Times, citando uma fonte próxima ao governo, o
decreto de Trump permitirá que os filhos de migrantes sejam mantidos
com seus pais em centros de detenção por tempo indeterminado, o que
violaria o acordo.
O
governo de Barack Obama já havia descumprido essa norma em 2014, quando
houve nos Estados Unidos uma imigração em massa de menores de idade procedentes
da América Central.
Na
ocasião, um juiz federal rejeitou as políticas colocadas em prática pelo então
presidente democrata e estabeleceu que o limite de 20 dias de detenção também
deveria ser aplicado a crianças que viajam acompanhadas de seus pais, ou seja,
famílias com menores de idade.
Política de tolerância zero
Segundo
dados oficiais do governo Trump, ao menos 2.300 crianças foram separadas de
seus familiares na fronteira do país com o México entre 5 de maio e 9 de junho.
As
separações são consequência da política migratória de tolerância zero anunciada
em abril pelo procurador-geral Jeff Sessions. A medida prevê que todos aqueles
que tentarem cruzar ilegalmente a fronteira em direção aos EUA, inclusive
requerentes de refúgio, sejam indiciados.
A
política resulta na separação das crianças, que não são alvo de uma acusação
criminal, dos adultos, sem que haja procedimentos claros para a reunificação
entre os familiares. Os menores de idade são, em geral, mantidos em instalações
do governo ou colocados sob adoção temporária.
Alvo de
uma enxurrada de críticas, Trump vinha até então defendendo a medida, chegando
a afirmar que não deixará seu país se tornar "um acampamento de migrantes
ou uma instalação de abrigo de refugiados".
"Se
não houver fronteiras, não há um país. Devemos sempre prender as pessoas que
tentam entrar ilegalmente", escreveu no Twitter na terça-feira.
Na mesma
rede social, Trump também vem reiterando a necessidade de aprovar uma reforma
migratória nos EUA, além de colocar a culpa do problema nos democratas, que,
segundo ele, querem permitir a entrada de migrantes no país para ganhar votos.
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