Jorge Serrão
Os
grupos organizados nas redes sociais cansam de criticar o Supremo Tribunal
Federal e a atuação (mais política, disfarçada de jurídica) dos seus ministros.
A reclamação apenas amplia o desgaste de imagem dos membros Judiciário. Na
prática, os criticados magistrados são inatingíveis. Decidem o que querem, como
lhes é conveniente, porque o exagerado aparato legal brasileiro dá margem a
qualquer interpretação, a favor e contra um réu ou reclamante. Nesta zona
legal, causa e conseqüência se confundem. A toga corre atrás do próprio
rábula...
A sessão
de ontem do STF foi apenas mais uma prova do funcionamento pífio de um
Judiciário que se acostumou a interferir nas decisões do Executivo, também
legislando via imposição de interpretações convenientes de jurisprudência. O
polêmico Gilmar Mendes reclamou: “Nós já temos as mãos queimadas em matéria de
controle de emenda constitucional com aquele caso dos precatórios, em quem
produzimos um verdadeiro desastre”. O ministro Luiz Fux aproveitou a queimação
gilmariana para alfinetar as recentes decisões dos colegas: “Nós estamos não
com as mãos queimadas. Estamos com o corpo todo queimado porque há outras
decisões que também que são muitos díspares do ideário do Supremo”.
Claramente
queimado perante a opinião pública – o que pouco importa para ministros que
parecem executar, legislar e julgar em outro planeta -, o STF deu uma queimada
nos planos privatizantes do trio presidencial Michel Temer, Moreira Franco e
Eliseu Padilha. O ministro Ricardo Lewandowski tomou uma decisão monocrática
que deixou os rentistas arrepiados. Ele concedeu uma liminar proibindo a venda
do controle acionário de estatais brasileiras sem autorização legislativa. O
patético da situação é que o ministro está certíssimo da silva... Não adianta o
Gato Angorá soltar a franga...
Essa
perniciosa insegurança jurídica incomoda os militares. Vide o recente
pronunciamento do novo presidente do Clube Militar. O General Antônio Mourão
soltou o verbo contra a suprema decisão que botou José Dirceu em liberdade:
“Ontem
tive a honra e o privilégio de assumir a Presidência do Clube Militar, onde
juntamente com a equipe formada pelos Gen Eduardo, Santos e Cel Lindenblat
iremos não só dar continuidade ao excelente trabalho realizado pela equipe do
Gen Pimentel, como também atuar no sentido de apoiar incondicionalmente nossos
candidatos oriundos da família militar”.
Pondera
Mourão: “Contudo, ao retornar para casa, tive o desprazer de ver a decisão da
2ª Turma do STF, colocando em liberdade o facínora José Dirceu, um guerrilheiro
fajuto e, pior ainda, ladrão dos parcos recursos desta Nação. A argumentação do
Ministro Toffoli soou como um tapa na cara da população ordeira e que paga os
pesados impostos, os quais alimentam os salários e mordomias dessa casta. Óbvio
que o time formado por Gilmar e Lewandowski de imediato coonestou a tese de que
a dosimetria da pena de Dirceu poderia ser revista. Ora minha gente,
independente do tempo que tenha de cumprir, a verdade é que Dirceu está
condenado em 2ª instância e portanto deveria aguardar na cadeia a solução do
seu caso”.
O
General Mourão finaliza fuzilando: “O trio de Ministros constitui o exemplar
perfeito daquilo que Skousen denominou de "homo marxianus" (homem
marxista). Esta espécie, infelizmente ainda abundante em nosso País, considera
que nada é mau, desde que atenda suas conveniências. Libertou-se de todas as
restrições da honra e da ética que o confinavam e que a humanidade havia
tentado usar como base para a harmonia nas relações humanas. Quantas leis
houverem, igual número ele as quebrará. VEGONHOSA DECISÃO!!!!!”.
O
General Mourão não falou nada diferente do que pensa a maioria da população
brasileira acerca do Judiciário e sua mais alta Corte. Felizmente, o STF ainda
garante a plena liberdade de expressão – inclusive para receber críticas
duríssimas de quem quer que seja. O problema concreto é: estamos longe de
resolver o problema estrutural da insegurança individual, jurídica, política e
econômica – que são a base da Democracia.
Resumindo:
Judiciário queimado significa a incineração do regime democrático. O Brasil
arde no inferno antidemocrático. Até quando suportaremos tamanho regime de
exceção?
Alerta Total
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