Hélio Duque
O
desenvolvimento sempre teve na educação a base de formação do capital humano.
No início do século XIX, José Bonifácio de Andrada, patriarca da independência,
trazia de quatro décadas vividas na Europa a clara visão do valor da educação
para os filhos do País que se fazia independente. Além da educação, priorizava
a libertação da mão de obra escrava e profunda reforma na estrutura agrária.
Ideias
que tinham suporte na Revolução Industrial inglesa. Propostas modernas e desenvolvimentistas
que vinham sendo implantadas na jovem nação que era os EUA. O projeto Brasil
foi apresentado na Assembléia Constituinte de 1824 por Bonifácio que se elegera
deputado. Ante a reação dos oligarcas
conservadores, o Imperador Pedro I curvou-se ao atraso, decretando o fechamento
da Constituinte e cassando os mandatos dos seus parlamentares. José Bonifácio
foi exilado na França.
O golpe
constitucional de 1824 determinou que o Brasil se tornasse retardatário do
desenvolvimento no século XIX. No I e no II Império, os obstáculos estruturais
à modernização defendidas pelas oligarquias atrasadas, a rusticidade do
pensamento, tem larga aceitação e a educação é a sua principal vítima. Defendem
que o patrimônio nacional é aquele constituído por bens e ativos reais visíveis
à luz do dia. O patrimônio do saber é relegado a uma situação de quase
irrelevância. O capital intelectual, formado em muitos anos de estudos e
pesquisas, fruto da acumulação de décadas de conhecimento, é o que leva a novas
fronteiras do descobrimento e pioneiras inovações.
A
prioridade ao capital humano foi princípio adotado pelos EUA, nos últimos 200
anos, sendo agente ativo no desenvolvimento da nação norte- americana. Ao longo
da história da humanidade, a educação sempre foi a grande alavanca patrimonial
para a consolidação e ampliação das riquezas nacionais. O saber, na
antiguidade, no presente e no futuro, é um ativo intangível e poderoso na
transformação das sociedades. No presente e no futuro a universidade precisa
ser, na área de humanidade, o berço das grandes ideias e, nas áreas de ciência
e tecnologia, vetor fundamental para o desenvolvimento científico.
A
história antiga registra que em 3.500 (antes de Cristo) era criada a Escola de
Escribas Suméria. Nela a matemática e a escrita suméria eram ensinamentos
básicos. Três mil anos depois, em 387 (antes de Cristo), Platão criava a
Academia na Grécia, onde os estudantes aprendiam filosofia, matemática e
ginástica. Em tempos mais modernos, na Ásia, no século V (depois de Cristo), na
cidade de Bivar, na Índia, era criada a Universidade de Nalanda. Chegou a ter
10.000 alunos e 1.500 professores. No currículo: filosofia, teologia,
matemática, astronomia, anatomia e alquimia.
No mundo
árabe, em 670 (depois de Cristo), era fundada e criada a Universidade da
Tunísia. O ensino: árabe, teologia, história islâmica, jurisprudência,
matemática, medicina, botânica e astronomia. A Unesco oficialmente reconhece
como primeira universidade árabe fundada em Fez, no Marrocos, em 859 (depois de
Cristo), segundo os padrões modernos. No Egito, em 970 (depois de Cristo), no
Cairo, era fundada a Universidade de Al-Azhar, considerava a segunda mais
antiga do mundo.
Na
Europa, em 1088, na Itália, nascia a Universidade de Bolonha, onde se estudava
medicina, direito e teologia. Em Portugal, a Universidade de Coimbra era
fundada em 1250. A partir de então se multiplicaram os centros de formação
superior no continente europeu. No Brasil, em 1752, com a criação da Real
Academia de Artilharia, destinada a formar oficiais técnicos e engenheiros
militares, deu origem ao atual Instituto Militar de Engenharia. Somente em
1808, com a transferência da Corte Real Portuguesa para o Brasil, surgiam as
primeiras escolas para formar profissionais no Rio e em Salvador, posteriormente
em Olinda. É quando surgem os primeiros cursos de Medicina e Direito no Brasil.
Eram escolas isoladas.
Universidades
brasileiras, no sentido lato, só apareceriam no século XX, com a aglutinação de
escolas isoladas que existiam em vários Estados, destacadamente no Rio, na
década de 30, com a criação oficialmente da Universidade do Brasil.
Demonstrando que, ao longo do século XIX, após independência e na primeira
República até 1930, a educação superior da população não era prioridade dos
governantes. O que explica muito o fato de o Brasil ser uma nação atrasada e
retardatária no desenvolvimento mundial.
catve.com
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