Agência France-Presse
Com 54,07% dos votos, o ex-senador
de 41 anos venceu com boa margem o ex-guerrilheiro Gustavo Petro (41,72%)
O
direitista Iván Duque, afilhado político do ex-presidente Álvaro Uribe, foi
eleito neste domingo (17) presidente da Colômbia, derrotando o ex-guerrilheiro
Gustavo Petro, no primeiro segundo turno polarizado entre direita e esquerda da
história da Colômbia.
Duque
obteve 53,97% dos votos, derrotando com boa margem o ex-guerrilheiro Gustavo
Petro, 41,81%, com base na apuração de 98% das urnas.
A
abstenção foi de 48%, alinhada à média histórica de 50%.
O
ex-senador Duque, 41 anos, será o presidente mais jovem da Colômbia desde 1872
e o mais votado da história do país, passando de dez milhões de votos.
Petro,
de 58 anos, um ex-guerrilheiro do dissolvido grupo M-19, defendia os acordos de
paz e grandes reformas para romper o histórico controle da direita.
"Por
enquanto, não seremos governo", escreveu o ex-prefeito de Bogotá no
Twitter, ao reconhecer a vitória de Duque.
O
prolongado conflito com as guerrilhas havia adiado por décadas o tradicional
duelo entre direita e esquerda na quarta economia da América Latina.
E os
colombianos se inclinaram por Duque, que promete modificar o acordo de paz que
desarmou a ex-guerrilha das Farc e endurecer as condições do diálogo em curso
com os rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN).
Apesar
de ter evitado 3 mil mortes no ano passado, o acordo com as Farc dividiu
profundamente uma sociedade anestesiada por mais de meio século de violência.
Duque e
Petro ofereciam caminhos diametralmente opostos sobre este e outros temas.
"Quero
um país de legalidade, de luta frontal contra a corrupção, um país onde se
respire segurança em todo território. Quero um país de empreendimento",
afirmou Duque, ao votar em Bogotá no primeiro turno.
Exceto
por surpresas, Duque recuperará a presidência para uma direita contrária ao
acordo com as Farc, que deseja reduzir os impostos sobre as empresas e liderar
a pressão internacional contra o governo de Nicolás Maduro na Venezuela.
Duque já
conta com a maioria no Congresso e com o apoio da elite política e
empresarial.
Herdeiro
político de Uribe, Duque promete modificar o pacto de paz de 2016 para impedir
que os rebeldes que já entregaram as armas e estão envolvidos em crimes atrozes
possam atuar na política sem antes cumprir um mínimo de tempo na prisão.
Na
campanha, Duque batalhou para não parecer um "fantoche" de Uribe,
embora tenha a mesma agenda: investimento privado, Estado austero e valores
familiares tradicionais. Também propõe "recuperar a economia, eliminando o
desperdício", mediante uma reforma para reduzir o funcionalismo público.
Impacto regional
A
questão da emigração em massa a partir da Venezuela foi um dos tópicos da
campanha e servirá de prelúdio para Duque para promover uma eventual
reorganização política na região.
A
esquerda olhava atenta para a Colômbia após as derrotas na Argentina e no
Chile, enquanto México e Brasil observavam o movimento de pêndulo político
colombiano, visando às suas eleições em julho e outubro, respectivamente.
Quero
"cimentar a cultura da legalidade, onde se diga ao criminoso que aqui se
faz e aqui se paga", declarou Duque ao votar neste domingo.
O
ex-senador quer que os líderes rebeldes culpados por crimes atrozes cumpram um
mínimo de pena e fiquem impedidos de ocupar as dez cadeiras reservadas às Farc
no Congresso.
Vencedor
do primeiro turno com 39% dos votos, Duque tem experiência política de quatro
anos. Embora tenha se destacado no Senado, chegou ao Parlamento por uma lista
fechada liderada por Uribe.
"Nada
é dele, tudo foi alavancado pelo capital político que o ex-presidente Uribe
tem", garantiu Fabián Acuña, cientista político da Universidade Javeriana.
Duque
pretende recuperar o cargo máximo do país para uma direita contrária ao acordo
com as Farc, diminuir os impostos para as empresas e aumentar a pressão
internacional contra o governo Maduro.
Em um
país de 49 milhões de habitantes, com 27% de pobreza e o maior produtor mundial
de cocaína, Petro defendia uma série de reformas destinadas a "aprofundar
a paz", que ele apoiava de modo irrestrito.
Suas
propostas de tributação de latifúndios improdutivos, migração para uma economia
menos dependente do petróleo e do carvão, empoderamento dos camponeses e
críticas às políticas antidrogas atuais preocupavam as elites.
Correio Braziliense
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