Fabio Blanco
Como a elite política e intelectual
se incomoda com as manifestações e preferências do povo
Basta o
eleitor brasileiro se identificar com um político, com todas suas virtudes e
falhas, para começar a ser tratado como estúpido, como gado, como fanático.
Basta o coitado do eleitor brasileiro encontrar alguém na política que fala e
pensa mais ou menos como ele pra ser visto como idiota. Basta o eleitor
brasileiro alimentar alguma esperança que seu representante será alguém que
possui as mesmas incoerências que ele, mas também a mesma sinceridade em tentar
fazer algo de bom, e logo é tido como ingênuo.
Não é
fácil ser eleitor no Brasil, pois aqui a política prática, mas também a
teórica, é tomada de gente metida, que, no fundo, gosta mesmo desse elitismo
financeiro e intelectual que mantém tudo como está.
E que
não se diga que os anos da esquerda no poder foram anos do povo. Muito pelo
contrário! Ali se instalou a mais evidente elite política e intelectual, que
junto com sua militância, dominou as instituições do país, surrupiando-as,
deixando o povo com a conta para pagar. Tratou-se nada menos de um domínio por
uma liderança, que tem as pessoas comuns apenas como sujeito de sua retórica
populista, nunca como beneficiário real de suas ações.
O fato é
que o povo, aquele formado pelas pessoas simples e comuns, que trabalham todos
os dias, que tem o orçamento apertado e que vive com, no máximo, o suficiente
para seguir em frente nunca é ouvido. E este povo, em geral, é conservador,
religioso, a favor da família e contra o crime. Tudo aquilo que a
intelectualidade e os políticos fazem pouco caso.
Por
isso, quando esse povo encontra alguém que parece ser como ele e deposita nele
a esperança de finalmente ver-se no topo do mundo político, todos aqueles que
se têm por intelectuais e iluminados ficam furiosos, fazendo de tudo para
desmerecê-lo.
Pode até
ser que o povo se engane e se decepcione com sua escolha. Mas que, pelo menos,
ele tenha o direito de tentar, sem ser tratado como inepto.
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