Editorial
Os
contribuintes brasileiros pagarão por um belíssimo aeroporto na cidade de
Nacala, em Moçambique. O aeroporto opera com 4% de sua capacidade. Em sua pista
de 3.100 metros pousam apenas dois jatos de médio porte por semana,
transportando menos de uma centena de passageiros cada um. Este é um retrato
bem acabado da incúria no manejo dos recursos públicos que marcou a triste
passagem de Lula da Silva pela Presidência da República.
O
premiado projeto do aeroporto, feito por um escritório de arquitetura
paulistano, foi executado pela Odebrecht com recursos financiados pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A obra custou US$ 125
milhões e deste montante o BNDES levou um calote de US$ 22,5 milhões do governo
moçambicano, um rombo que será coberto com recursos do Tesouro Nacional.
Trata-se
de mais uma conta imposta aos brasileiros pelo chamado capitalismo de compadrio
que caracterizou a política econômica dos governos lulopetistas.
As
empreiteiras brasileiras que hoje estão no centro da Operação Lava Jato viveram
uma época áurea durante os mandatos de Lula da Silva e Dilma Rousseff. Entre
outras políticas irresponsáveis e custosas à Nação, os ex-presidentes
franquearam o acesso ao cofre do BNDES para que tais empresas expandissem, às
expensas do distinto público, sua presença na África e na América Latina e para
que os “países amigos” mais amigos ficassem.
Pouco
importou o interesse público na escolha dos tais “campeões” e menos ainda a
pertinência da execução de projetos grandiosos no exterior para os objetivos
estratégicos do País, se é que havia algum então. Evidentemente, à época da
assinatura dos acordos de cooperação, tanto Lula da Silva como Dilma Rousseff
apresentaram suas razões para dar seguimento a tais projetos. A Operação Lava
Jato mostrou a que preço e por que razões foram levados a cabo.
O calote
de Moçambique é mais uma tunga no bolso dos contribuintes como consequência
direta da irresponsabilidade de Lula da Silva e Dilma Rousseff na escolha de
suas “apostas” para turbinar empresas nacionais em território estrangeiro,
decisões tomadas muito mais por razões de natureza ideológica do que por
critérios econômico-financeiros que levassem em conta o interesse nacional.
A ele se
soma, entre outros, o calote dado pelo governo de Cuba com o Porto de Mariel,
outro mastodôntico projeto executado pela Odebrecht ao custo de quase US$ 700
milhões, também financiado com recursos do BNDES em condições muito camaradas,
por assim dizer, e garantias de retorno muito frágeis.
A má
notícia é que o buraco em que Lula da Silva e Dilma Rousseff meteram o País é
mais fundo. Os próximos países a serem considerados caloteiros pelo governo
brasileiro são Venezuela e Angola, que devem ao País US$ 3,2 bilhões e US$ 1,9
bilhão, respectivamente.
Isso
tudo sem falar no prejuízo causado aos cofres públicos por “campeões nacionais”
como o Grupo X, do empresário Eike Batista, e o Grupo J&F, dos irmãos
Joesley e Wesley Batista, hoje presos.
Muito
ainda haverá de ser investigado sobre os contratos de financiamento firmados
com recursos do BNDES durante os governos petistas, pautados sempre por
afinidades e interesses que passavam longe daqueles que representariam o melhor
para o País.
Diante
de tudo que já veio à luz, é salutar rever a política de concessão dos
financiamentos públicos – o que já vem sendo feito pela nova administração do
banco – e atribuir mais peso a especificações técnicas do que às ingerências
políticas.
Ainda
custará muito aos brasileiros o desastre que foram as administrações
lulopetistas, cujas decisões econômicas irresponsáveis serviram apenas para
jogar o País em uma profunda recessão, aumentar o desemprego e levar milhões de
brasileiros à pobreza extrema, deixando um saldo a ser pago pelas futuras
gerações.
O Estado de São Paulo
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