Martim Berto Fuchs
Depois
do fracasso anunciado de mais uma tentativa de “nacional desenvolvimentismo”,
voltam-se as atenções, novamente, para o modelo “liberal”, como se liberalismo
fosse sinônimo de boa administração pública, e não apenas o encolhimento do
Estado ao ponto mínimo, para garantir a propriedade privada em todas suas
conotações e a total liberdade aos mais inescrupulosos em acumular capital,
principalmente através da exploração da mão de obra e da especulação, seja esta
financeira, imobiliária, na bolsa de valores ou nas commodities.
Nacional
desenvolvimentismo é uma proposta onde o investimento deveria “obrigatoriamente”
trazer resultados econômicos que fossem cobrindo as despesas correntes geradas
após sua operacionalização. Acontece, que a maioria dos países e aí incluso o
Brasil, antes do investimento já estão gastando mais do que arrecadam e imaginam,
que investindo, podem aumentar ainda mais os gastos já na fase de implantação,
sem contar a elevação do custo em função da corrupção sistêmica. Sempre deu
errado, em todos países, e continuará dando errado. Só quem ganha são os
banqueiros e os rentistas, os donos do capital, que estão sempre dispostos a
emprestar, para quem tem garantias.
Mudar
esse modelo “desenvolvimentista” mais uma vez tentado no Brasil pelos governos
anteriores, agora novamente para o dito modelo liberal, pouco vai adiantar,
pois a despesa fixa já contratada supera qualquer expectativa de ganhos
futuros. Aí vende-se o patrimônio estatal a preços irrisórios, com o argumento
de que doá-los já seria um bom negócio, mas não se enfrenta as causas da
falência do Estado, qual seja, sua elevada e desnecessária despesa fixa.
O que o
Brasil precisa é atacar as causas do
seu déficit público crescente e partir corajosamente para a boa gestão pública;
e esta, em primeiro lugar, tem que ser apolítica.
Desde
1808 estamos sustentando parasitas e inúteis pendurados nas contas públicas.
Naquela época eram 10.000 pessoas vindas em “comitiva” com a família Imperial.
Hoje, já são 11 milhões que constam diretamente nas folhas de pagamento, mais
seus dependentes.
A
corrupção que tomou conta do Estado tem sua origem neste empreguismo.
Como falar em ética, moral, e boa gestão, quando, conscientemente, colocamos
nossa grande família (cabos eleitorais, parentes, amantes e amigos) nas
diversas folhas de pagamento existentes, independente da necessidade, e caso
não for suficiente, criamos mais departamentos públicos para acomodá-los ? Isto
tem um nome: roubo e roubo é crime.
Não é o
Estado-Nação que está errado como conceito, como querem os liberais. O que está
errado e nem os liberais se preocupam efetivamente em mudar, é o uso do Estado
em benefício particular, procedimento adotado por todos que chegam a
“administração” do mesmo. Abolir o Estado-Nação para corrigir este erro, é o
mesmo que matar a vaca para acabar com o carrapato (Joelmir Betting).
O
desafio para o novo Presidente não é mudar do nacional desenvolvimentismo com
despesa contratada junto com o início
do investimento, para o modelo liberal e continuando com a despesa fixa
inalterada por falta de coragem política, mas sim enfrentar em primeiro lugar
os desafios reais da administração pública, que é adequar o tamanho do Estado –
paquidérmico, as necessidades da sociedade.
Esta
atitude, corajosa, por si só nos levará para o desenvolvimento sustentado, e para
conseguir este objetivo, temos que abandonar a estrutura de Estado a qual nos
acostumamos.
Capitalismo Social é um conceito que deve ser analisado
sem ideologia e comparado com a prática do socialismo e do liberalismo. Se é melhor
para o desenvolvimento sustentado, para as empresas, para os trabalhadores e por
conseguinte para a população como um todo, institui-se.
Se não é, esquece.
O que
não pode mais é continuar com falsas reformas e remendos inúteis, desde que
passamos a nos considerar, erradamente, como república. Ainda somos uma
Monarquia Republicana ou uma República Monárquica, onde o revezamento do
ocupante do trono se dá entre os cortesãos da Corte, apenas com o referendo de
uma sociedade mantida cuidadosamente alienada.
E todos
que permanecem na Corte desde o início desta nossa “república” - monarquistas,
conservadores e liberais-, e os que chegaram depois de 2002, socialistas, tem
um único objetivo: garantir o emprego (bem remunerado) independente das crises
que o próprio Estado, por eles representado, gera.
Para
começar: metade das 11 milhões de pessoas empregadas no setor público, em todas
suas esferas, está sobrando. Cria-se
“trabalho” para elas, aumentando a burocracia, já inaceitável. A economia que
se conseguiria, adequando o tamanho do Estado a real necessidade, situar-se-ia,
entre salário e despesa que geram, na faixa de R$ 500 bilhões/ano; além de não contratar uma desnecessária dívida
futura com estas aposentadorias.
Para as dezenas
de órgãos públicos que cuidam das estatísticas, a nós vedadas, são dados fáceis de comprovar. Exige apenas um pouco
de trabalho e honestidade de propósitos.
Este é o
real desafio para o novo Presidente que será empossado em janeiro de 2019. Se
for enfrentado, estancará a sangria dos cofres públicos e passaremos a ser pela
primeira vez uma nação soberana.
Caso contrário os banqueiros e rentistas antecipadamente agradecem.
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