Stephen Kanitz
Percebi
logo cedo na minha carreira que eu jamais seria um líder, como de fato não fui.
Apesar
de ser Prof. Titular da USP, ser mais ou menos inteligente, ter cursado uma das
melhores faculdades do mundo, saber escrever e falar relativamente bem.
No
Brasil líderes precisam além de tudo isso, arrumar empregos para seus mais
fiéis discípulos.
Todo
líder brasileiro precisa
arrumar pelo menos 300 empregos, só assim terá um séquito de apoiadores, um fã
clube leal e lutador, disposto a defender seu ídolo até o fim.
Isso
demanda tempo, politicagem, mentiras, acordos que eu não estava disposto a
fazer.
Perdi
muitos assistentes para colegas professores que faziam a politicagem necessária
para sustentar o corporativismo que criavam em torno de si.
Ulysses Guimarães arrumou mais de
5.000 empregos para seus correligionários, e é hoje considerado o grande líder
da Constituição de 1988.
O filme
sobre Thomas More, “O Homem Que Não Vendeu Sua Alma”, retrata esse dilema muito
bem, traído que foi por um assistente que ele nunca empregou.
O livro
de Lucio Vaz, a Ética da Malandragem, detalha como Brasília realmente funciona.
Ser
líder no Brasil dá muito trabalho e responsabilidade, você se torna no fundo
escravo dos outros, escravo literal de puxa-sacos que estão lá por puro interesse,
e não por admiração e respeito.
Nossa Reforma da Previdência, por
exemplo, empacou porque o PSDB
não quis prejudicar os funcionários
públicos que o Partido sustenta
há mais de 30 anos, especialmente em São Paulo.
Nossas
lideranças portanto não são as usuais, elas não dependem do talento pessoal, do
preparo ou inteligência do
líder pura e simplesmente, mas sim de politicagem e malandragem.
Posso
estar errado, mas não acredito que a liderança de Sergio Cabral, Severino
Cavalcanti, Aécio, Alckmin, o clã Sarney, Calheiros advêm de suas ideias
inovadoras que empolgariam seguidores, a mim suas ideias não empolgam.
Lucio
Vaz, em a Ética da Malandragem, mostra claramente líderes como sendo os
detentores da caneta do emprego público.
Olavo
Carvalho é uma bela exceção disso tudo, esse é um líder nato, que prova a tese.
Precisamos
apoiar líderes pelas suas ideias, especialmente as mais polêmicas.
Precisamos
de líderes que inovem, que mudem o status quo dos incumbentes, ideias
que ferem interesses adquiridos de vocês sabem quem.
Precisamos
líderes que nos mostrem o caminho, e não que nos garantam um bolsa
família, um subsídio, um BNDES camarada,
um emprego público com aposentadoria integral.
Blog do Kanitz
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