Kelli Kadanus
Sondagem encomendada pela Gazeta do
Povo mostra que, para cobrir déficit público, população apoia somente medidas
que cortem na própria carne da administração pública
Depois
de quase cinco anos de deterioração das contas públicas, o problema se tornou
de conhecimento geral da população, mas a solução não deve vir através de
impostos mais altos, segundo o brasileiro. É o que mostra um levantamento feito
pelo instituto Paraná Pesquisas a pedido da Gazeta do Povo. Segundo os
dados coletados, 75,9% dos brasileiros já ouviram falar no déficit das contas
do governo. Apenas 22,1% dos entrevistados nunca tomaram conhecimento do
assunto.
Ao longo
de 2017, o governo fechou apenas três meses com as contas no azul: janeiro,
abril e outubro. Neste último mês, segundo números divulgados pelo Tesouro
Nacional, o Governo Central (que reúne o próprio Tesouro, a Previdência Social
e o Banco Central) fechou com superávit primário de R$ 5,2 bilhões.
No
acumulado do ano, porém, até outubro de 2017, o déficit primário foi de R$
103,2 bilhões. Já o resultado primário do Governo Central acumulado em 12 meses
alcançou um déficit de R$ 207,3 bilhões, o equivalente a 3,14% do Produto
Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. A
meta do governo federal é que o país feche o ano com um déficit primário de R$
159 bilhões.
Solução é cortar na carne
A
sondagem do Paraná Pesquisas mostra que, apesar de saber do problema, o
brasileiro não vai apoiar nenhuma solução proposta pelo governo que não seja
cortar na própria carne. Segundo a pesquisa, 93,1% dos entrevistados não
apoiariam o aumento de impostos como solução para cobrir o rombo nas contas do
governo. Apenas 4,4% aceitam essa medida.
Em
compensação, quando se fala em gastos nos poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, a população tem mais chances de apoiar os cortes. O número de
brasileiros que apoiaria o corte de benefícios dos políticos como solução para
a crise é de 94%. Quando se fala em benefícios de juízes, 76,3% dizem que
aprovariam cortes como solução para cobrir o rombo.
Já o
corte de salários de funcionários públicos é mal visto por 56,6% da população,
que dizem não apoiar a medida. Outros 37,6% dos entrevistados disseram que
apoiariam o corte dos salários como solução para as contas do governo.
Projeção
A
projeção do governo federal é que nos meses de novembro e dezembro o déficit primário
seja de R$ 55,7 bilhões, totalizando um déficit anual de R$ 159 bilhões para
2017. A meta inicial era de um déficit de R$ 139 bilhões, mas foi alterada em
agosto deste ano, já que o governo arrecadou menos que o esperado.
Para
2018, a meta é a mesma: um déficit de R$ 159 bilhões nas contas públicas. A
meta também foi revista em agosto, já que o plano inicial era fechar o ano que
vem com um déficit menor, de R$ 129 bilhões.
O
governo também revisou as projeções para 2019 e 2020. Para 2019, a estimativa
de déficit passou de R$ 65 bilhões para R$ 139 bilhões. Para 2020, o resultado
passou de superávit de R$ 10 bilhões para déficit de R$ 65 bilhões.
Metodologia
A
pesquisa ouviu 2422 brasileiros maiores de 16 anos em 165 municípios de 26
estados + Distrito Federal, através de um questionário online. As entrevistas
aconteceram entre os dias 10 e 13 de dezembro de 2017. A margem de erro é de 2%
para os resultados gerais e atinge um grau de confiança de 95%.
Gazeta do Povo
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