segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Brasileiro sabe de rombo nas contas públicas, mas não aceita pagar mais impostos

Kelli Kadanus

Sondagem encomendada pela Gazeta do Povo mostra que, para cobrir déficit público, população apoia somente medidas que cortem na própria carne da administração pública

Depois de quase cinco anos de deterioração das contas públicas, o problema se tornou de conhecimento geral da população, mas a solução não deve vir através de impostos mais altos, segundo o brasileiro. É o que mostra um levantamento feito pelo instituto Paraná Pesquisas a pedido da Gazeta do Povo. Segundo os dados coletados, 75,9% dos brasileiros já ouviram falar no déficit das contas do governo. Apenas 22,1% dos entrevistados nunca tomaram conhecimento do assunto.

Ao longo de 2017, o governo fechou apenas três meses com as contas no azul: janeiro, abril e outubro. Neste último mês, segundo números divulgados pelo Tesouro Nacional, o Governo Central (que reúne o próprio Tesouro, a Previdência Social e o Banco Central) fechou com superávit primário de R$ 5,2 bilhões.

No acumulado do ano, porém, até outubro de 2017, o déficit primário foi de R$ 103,2 bilhões. Já o resultado primário do Governo Central acumulado em 12 meses alcançou um déficit de R$ 207,3 bilhões, o equivalente a 3,14% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. A meta do governo federal é que o país feche o ano com um déficit primário de R$ 159 bilhões.

Solução é cortar na carne
A sondagem do Paraná Pesquisas mostra que, apesar de saber do problema, o brasileiro não vai apoiar nenhuma solução proposta pelo governo que não seja cortar na própria carne. Segundo a pesquisa, 93,1% dos entrevistados não apoiariam o aumento de impostos como solução para cobrir o rombo nas contas do governo. Apenas 4,4% aceitam essa medida.

Em compensação, quando se fala em gastos nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, a população tem mais chances de apoiar os cortes. O número de brasileiros que apoiaria o corte de benefícios dos políticos como solução para a crise é de 94%. Quando se fala em benefícios de juízes, 76,3% dizem que aprovariam cortes como solução para cobrir o rombo.

Já o corte de salários de funcionários públicos é mal visto por 56,6% da população, que dizem não apoiar a medida. Outros 37,6% dos entrevistados disseram que apoiariam o corte dos salários como solução para as contas do governo.

Projeção
A projeção do governo federal é que nos meses de novembro e dezembro o déficit primário seja de R$ 55,7 bilhões, totalizando um déficit anual de R$ 159 bilhões para 2017. A meta inicial era de um déficit de R$ 139 bilhões, mas foi alterada em agosto deste ano, já que o governo arrecadou menos que o esperado.

Para 2018, a meta é a mesma: um déficit de R$ 159 bilhões nas contas públicas. A meta também foi revista em agosto, já que o plano inicial era fechar o ano que vem com um déficit menor, de R$ 129 bilhões.

O governo também revisou as projeções para 2019 e 2020. Para 2019, a estimativa de déficit passou de R$ 65 bilhões para R$ 139 bilhões. Para 2020, o resultado passou de superávit de R$ 10 bilhões para déficit de R$ 65 bilhões.

Metodologia
A pesquisa ouviu 2422 brasileiros maiores de 16 anos em 165 municípios de 26 estados + Distrito Federal, através de um questionário online. As entrevistas aconteceram entre os dias 10 e 13 de dezembro de 2017. A margem de erro é de 2% para os resultados gerais e atinge um grau de confiança de 95%.

Gazeta do Povo  


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