DENIS LERRER
ROSENFIELD
Os politicamente corretos são muito
barulhentos. Representam uma minoria que se dá ares de maioria como se por
mágica fosse a encarnação do “progresso”. Colocam-se numa posição absoluta, a
partir da qual procuram desqualificar a todos os oponentes. Agora tentam
caracterizar a reação majoritária dos brasileiros às suas imposições como se
estivéssemos vivendo uma onda retrógrada.
Retrógrada segundo qual perspectiva?
Curiosa
a posição desses que se apresentam como a representação do “progresso”. No mais
das vezes estamos diante de gente que por décadas a fio defendeu os petistas,
compactuando com toda a ruína produzida por eles e sempre omissa na condenação
da corrupção que então já grassava. Como hoje o descalabro salta aos olhos,
salvo para quem não quer ver, sobrou a luta pelos costumes, como se assim
pudessem ancorar em porto seguro, capaz de lhes angariar um pouco de
reconhecimento. Reconhecimento almejado, pois estão ansiosos por uma bússola
qualquer. Mas guardam a soberba dos supostamente justos.
Aliás,
seus porta-vozes são alguns intelectuais e artistas esquerdizantes.
Intelectuais que vivem num mundo à parte, o de universidades que se fecham
dentro de si mesmas, resistentes a qualquer confronto com a realidade, e
artistas muito bem pagos que procuram aumentar seus rendimentos com verbas
públicas.
Exemplo
dessa miopia reside no modo de tratar o crime e a insegurança, que se expandem
no País. Aqui vivemos uma inversão completa de valores. O cidadão encontra-se
desarmado, não tem direito a legítima defesa, enquanto os bandidos ostentam
armas militares, exibindo todo o seu poder de fogo. Policiais são assassinados,
mas basta a morte de um criminoso para se iniciarem investigações patrocinadas
por ditas comissões de direitos humanos.
O
direito do cidadão, do homem de bem, é usurpado, enquanto os criminosos
encontram defensores. Note-se que quando um bandido é morto em confronto, é
frequentemente noticiado que um “morador da favela” teria tido esse destino,
como se dessa maneira houvesse a descaracterização do que está em questão. Quem
defende o cidadão, que não tem o direito de se defender?
A
situação chega às raias do absurdo. No Centro-Oeste do País um casal foi vítima
de invasão de seu domicílio por bandidos armados. A mulher deu o alarme e o
marido, tendo seu quarto invadido, reagiu, matando um dos assaltantes. Ele
tinha registro da arma.
Depois,
na delegacia, ele teria sido indiciado por “homicídio”! Não me surpreenderia
se, amanhã, a família do criminoso reivindicasse uma reparação qualquer,
apoiada por conselhos de direitos humanos, contra o cidadão de bem que defendeu
a própria vida e a de sua mulher.
Se o
Exército, em sua missão constitucional de defesa da lei e da ordem, mata um
marginal em confronto nos morros do Rio, é imediatamente noticiado que ele
teria matado um “civil”. Não um marginal armado, pesadamente armado, mas
simplesmente um civil, como se fosse um acidente com um cidadão qualquer. A
reação do politicamente correto à proteção legal de militares que exerçam
funções de polícia bem mostra a deturpação que estamos vivendo. Parece que os
politicamente corretos, sim, preferem bandidos que ostentam fuzis. Ficam bem na
foto? Aliás, os “defensores” vivem em condomínios de luxo, usufruindo toda a
segurança. Isolam-se na vida cotidiana e se dão o reconforto “moral” da
verborragia.
Mulheres
e crianças são estupradas cotidianamente. A leitura de jornais e sites torna-se
um horror, o leitor entrando em contato com as maiores barbaridades. Aí o
politicamente correto toma posição contra os estupradores, para logo defender a
tese de que na prisão devem ser ressocializados. Como assim? Devem ser punidos
e obrigados a viver à margem da sociedade, pois se mostraram inaptos para a
vida familiar e social.
O
politicamente correto defende uma posição romântica segundo a qual o ser humano
seria bom em sua essência, tendo, conforme Rousseau, sido pervertido pela
sociedade, pelo capitalismo, pela miséria, e assim por diante. Ora, há pessoas
que não têm nenhuma propensão para o bem e, enquanto tal, deveriam passar a
vida no sistema carcerário. Saindo, voltam a cometer os mesmos crimes. E
permanecem pouco tempo na prisão, beneficiadas por várias medidas de redução de
penas.
Uma filósofa
americana de gênero, em recente visita pelo Brasil, deu outro claro exemplo do
que significa ser “progressista”. Segundo ela, o Hamas e o Hezbollah, por serem
de esquerda, seriam progressistas e assim deveriam ser considerados.
Traduzindo: os terroristas seriam “progressistas” por serem de esquerda. Aliás,
sob sua dominação as mulheres não têm nenhum direito. Homossexuais tampouco. É
melhor deixar para lá tantas contradições que são uma afronta ao pensamento.
Quando a
sociedade reage à insegurança, à afronta a seus valores, é como se estivesse
tomando posição contra o “progresso”. Começam, então, a vociferar contra a
“direita”, os “conservadores”, contra os que se insurgem contra essa nova forma
de dominação minoritária, particularmente presente nos meios de comunicação e
no posicionamento de alguns juízes e promotores.
Procuram
impor-se calando seus adversários por “direitistas” e tentando conseguir
supostas “interpretações” da lei que lhes dariam ganho de causa contra a imensa
maioria da população. E recusam-se a consultas populares por medo de perderem.
Poderíamos, por exemplo, ter consultas desse tipo sobre o desarmamento e o
aborto. Deveriam submeter-se ao processo democrático.
O
politicamente correto vive de sua vociferação na mídia e na atuação de seus
grupos minoritários, muito bem organizados. Quando são contrariados, gritam
histericamente contra a onda retrógrada!
Estadão
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