Lorenna
Rodrigues
(*)
Funcionalismo reage a adiamento de
reajuste salarial e elevação da contribuição; auditores fazem operação-padrão
BRASÍLIA
- Sindicatos que representam funcionários públicos federais vão entrar na
Justiça contra a medida provisória editada pelo governo que adia o reajuste
salarial de 2018 para 2019 e eleva a contribuição previdenciária dos
servidores. Em protesto, eles já iniciaram paralisações. Ontem, auditores
fiscais, que também estavam insatisfeitos porque ficaram sem um bônus salarial,
fizeram operação-padrão nos aeroportos e aduanas. Todas as cargas e bagagens
são revistadas como forma de atrasar as liberações. Eles suspenderam ainda
trabalhos em escritórios da Receita Federal, o que afeta fiscalizações e, conseqüentemente,
a arrecadação de tributos. Para o próximo dia 10 está programada manifestação.
O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, disse que a Advocacia-Geral da
União (AGU) está preparada para defender a decisão do governo de congelar o
reajuste dos servidores.
Sindicatos
que representam funcionários públicos federais vão entrar na Justiça contra a
medida provisória editada nesta semana que adia o reajuste salarial e eleva a
contribuição previdenciária dos servidores. Em protesto, eles já iniciaram
paralisações. Ontem, auditores fiscais, que também estavam insatisfeitos porque
ficaram sem bônus salarial, foram os primeiros a cruzarem os braços.
Nos
aeroportos e aduanas, os auditores deram início a uma operação padrão em que
todas as cargas e bagagens são revistadas como forma de atrasar as liberações.
Suspenderam ainda trabalhos em escritórios da Receita Federal, o que afeta
fiscalizações e, conseqüentemente, a arrecadação de tributos.
No dia
10 de novembro, está programada uma manifestação que pretende levar
trabalhadores às ruas em várias cidades do País. “O próprio governo espera essa
reação diante das atrocidades que foram cometidas”, disse o presidente do
Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco), Cláudio Damasceno. “As
entidades vão reagir de forma articulada, não só na atuação parlamentar, como
na via judicial e com estratégias de paralisações conjuntas.”
Como
parte do pacote de ações para cortar despesas e aumentar receitas, o governo
enviou na segunda-feira a Medida Provisória 805, que inclui o adiamento do
reajuste dos servidores de 2018 para 2019 e o aumento da contribuição
previdenciária de 11% para 14% para quem ganha acima de R$ 5 mil.
Em
entrevista ao Esta- dão/Broadcast, o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira,
disse que a Advocacia-Geral da União (AGU) está preparada para defender a
decisão do governo de congelar o reajuste dos servidores. Segundo ele, a União
deu reajuste de 6% em média neste ano para as categorias, embora a inflação
tenha ficado em torno de 2,5% no período. “A situação deste ano não justifica
movimentos mais contundentes. Para o ano que vem, não tem como, não cabe na
conta do Orçamento. As categorias deveriam levar em consideração esses fatores,
a situação do País, a quantidade de desempregados”, afirmou. Oliveira afirmou
que a medida atinge as categorias que já ganham mais. “Para se ter uma ideia, a
média de salário dessa turma é de R$ 13 mil por mês. Em número de servidores, a
quantidade não é grande, mas em termos de salário é um grupo elevado.”
Judicialização. A
reação dos funcionários públicos já vinha sendo preparada. Em reunião ontem, o
Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) – que
representa auditores do Tesouro Nacional, policiais federais, funcionários do
Banco Central, entre outros – aprovou a adoção de medidas judiciais, que já
estão sendo elaboradas. “Vivemos a mais grave conjuntura da história do serviço
público. É o momento de unir forças e partir para cima”, diz o presidente da
Fonacate, Rudinei Marques.
A
Associação Nacional dos Advogados da União (Anauni) também decidiu entrar com
ações no Supremo Tribunal Federal (STF) pela inconstitucionalidade das ações
que fazem parte das MPs publicadas na segunda-feira. A presidente da entidade,
Márcia David, defende que o STF já declarou inconstitucional o adiamento de
reajuste garantido em lei. Em uma decisão de março de 2016, o STF reconheceu direito
adquirido de servidores do Tocantins depois de leis estaduais tornarem sem
efeito aumentos já concedidos. “A partir do momento que o reajuste é publicado,
a lei prevê que isso é incorporado ao patrimônio do servidor e não pode ser
retirado”, afirma.
Márcia
diz ainda que a via judicial será adotada porque os servidores não têm tido
sucesso nas tentativas de negociação com o governo. “Temos nos sentido
impotentes nas tratativas com o governo. O Judiciário acaba sendo a única
saída”.
Mesmo
com o governo tendo maioria no Congresso, os parlamentares deverão enfrentar
forte pressão por parte dos sindicatos. Na campanha pelo reajuste, agora
adiado, servidores fizeram inúmeros atos na frente do Congresso, com direito a
buzinas e vuvuzelas. “O servidor tem feito a sua parte com o ajuste, estamos
perdendo para a inflação”, diz o presidente do Sindicato Nacional dos
Funcionários do Banco Central, Jordan Pereira.
Colaboraram
Idiana
Tomazelli e Eduardo Rodrigues
O Estado
de S. Paulo
(*) Comentário do editor do
blog-MBF: como sempre os políticos, em
vez de enfrentarem as causas, procuram, por conveniência e covardia, consertar os
erros atacando as conseqüências.
O Estado está inchado de pessoas com emprego sem trabalho, o que obriga sabotar
o aumento salarial daqueles que trabalham.
Não é difícil
observar, que nos cargos que se exige trabalho,
faltam funcionários. Na parte “administrativa”, sobram pessoas empregadas, ao ponto de faltar espaço
físico para abrigar a todos.
Resultado: o governo, além
do que extorque da população via impostos, se socorre com os bancos e com os rentistas.
Quando mesmo assim falta dinheiro, congelam salários de todos que estão na sua folha de pagamento, de quem trabalha
e de quem não trabalha, estes a maioria.
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