Editorial
O
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nunca se preocupou de fato
com os agricultores sem-terra, mera massa de manobra para alimentar sua agenda
política e ideológica, que se confunde com a do Partido dos Trabalhadores (PT).
Sendo assim, não é difícil para esse grupo, que faz da baderna sua principal
forma de atuação, escolher a clientela que melhor se enquadre em suas
estratégias liberticidas, a depender das circunstâncias. E, no momento, a
circunstância manda deixar os agricultores sem-terra de lado – já que a
bandeira da reforma agrária faz cada vez menos sentido em um país que é hoje
uma das maiores potências agrícolas do planeta – e procurar outra freguesia.
Recente
reportagem do Estado mostrou com números a mudança de foco do MST. Em 2016,
houve 83 invasões de terra promovidas pelo movimento, contra 502 em 1997. Já a
invasão de prédios públicos, além de bloqueios de estradas para extorquir
dinheiro de motoristas, disparou: houve 87 ações desse tipo em 2016, e neste
ano o número saltou para 126. Já os protestos supostamente “contra a corrupção”
foram de 72 em 2016 para 139 em 2017. Mesmo quando invadiu algumas fazendas
neste ano, o MST não o fez para discutir a reforma agrária propriamente dita, e
sim para reivindicar para o “povo” a propriedade dessas terras, porque teriam
sido adquiridas pela “oligarquia corrupta” de forma violenta, “assassinando
indígenas, escravizando e cometendo atrocidades no processo de formação da
sociedade brasileira”, conforme explicou uma das líderes do grupo na ocasião.
Com
isso, o MST pretende buscar apoio a outras reivindicações além da questão
fundiária, como o combate ao desemprego e à corrupção, além da oposição pura e
simples ao governo de Michel Temer.
Não se
pode levar a sério a pauta do MST. Nenhum programa que o grupo diz defender é
capaz de gerar mais empregos ou de reduzir a corrupção. Ao contrário, o ideário
estatizante e antidemocrático que está na essência de seu discurso é
responsável, por exemplo, pelo desastre econômico na Venezuela chavista, não
por acaso um modelo para o MST. Uma versão “light” desse modelo foi adotada
pelos governos do PT, e as consequências são bastante conhecidas tanto pelos
milhões de desempregados que gerou como pelos milhões de cidadãos que a
corrupção lulopetista lesou.
É
evidente que o propósito primário do MST não é nem a reforma agrária nem a
denúncia da corrupção. Se assim fosse, o grupo teria protestado com veemência
contra o governo de Dilma Rousseff, que reduziu drasticamente o assentamento de
agricultores sem-terra – um dos poucos acertos de sua gestão, é bom frisar –, e
também contra o governo de Lula da Silva, sob cuja administração nasceram o
mensalão e o petrolão, os maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia
no País.
Ademais,
por ironia da história, foi no governo de Michel Temer, tão contestado pelo
MST, que houve proporcionalmente o maior número de regularizações fundiárias no
País. Neste ano, até julho, foram concedidos 7.356 títulos definitivos de posse
de terra, contra 6.821 lavrados em 2006, o melhor ano dos governos petistas
nesse quesito. Também até julho, foram assinados 58.837 contratos de concessão
de uso da terra, enquanto o melhor desempenho petista foi de 47.073 contratos,
em 2010, último ano do governo de Lula da Silva.
Portanto,
as reivindicações do MST, seja para iludir os trabalhadores do campo, seja para
engambelar os moradores das cidades, não valem as faixas em que estão escritas.
Trata-se de simples pretextos estratégicos para explorar as liberdades
democráticas contra a própria democracia, com o objetivo de instaurar no País
um regime dito “revolucionário”. A ideia é fazer a sociedade habituar-se à
violência e ao desrespeito à lei travestidos de “luta popular”, que os
militantes lulopetistas do MST querem consagrar como legítima, em nome da
democracia. Assim, para que a ordem democrática seja preservada contra esses
farsantes, é preciso que eles deixem de ser considerados inimputáveis e comecem
a sofrer os rigores da lei.
Estado de São Paulo
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