Editorial
A
passagem da assim chamada “caravana” de Lula da Silva por Minas Gerais,
encerrada na segunda-feira passada com um discurso do ex-presidente na Praça da
Estação, em Belo Horizonte, foi marcada, como todas as outras, pelo cipoal de
mentiras do léxico petista que só pode ser tomado como verdadeiro por quem
despreza os fatos e só precisa de meia dúzia de frases de efeito, carentes de
sentido, para formar suas convicções.
Lula da
Silva ultrapassa, e muito, a linha que divide um mero jogo de palavras, recurso
próprio dos discursos políticos, da mais desavergonhada mentira. Aliás, caso
fosse tipificado como crime o ato de mentir para a população em cima de um
palanque ou carro de som, o chefão petista teria mais algumas anotações a
engrossar a sua já robusta ficha penal.
Comparando-se
aos ex-presidentes Getúlio Vargas, João Goulart e Juscelino Kubitschek,
personagens que teriam sido “moralmente destruídos todas as vezes que a direita
nesse país resolveu usurpar o poder”, Lula da Silva mostrou-se magnânimo e
disse que estava “perdoando os golpistas”, prometendo “trazer a democracia de
volta para o Brasil”.
Com
sérias dificuldades para combater seus “inimigos” na vida real - vale dizer, as
leis e a Justiça -, só mesmo uma ditadura imaginária para servir como polo
antagônico na narrativa de um réu já condenado a 9 anos e 6 meses de prisão
pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Réu em mais seis ações
penais, ainda pendentes de julgamento, Lula da Silva precisa desesperadamente
manter acesa a chama de sua militância a fim de preservar, pelo menos, a fatia
histórica do eleitorado - entre 25% e 30% - que já o apoia a despeito de seus
crimes.
Em um
trecho particularmente cínico de um de seus discursos em Minas Gerais - que
seria hilário se não remetesse a um enorme prejuízo para o País -, o
ex-presidente, falando sobre a Petrobrás, disse que, “se tem corrupção em uma
empresa, você prende o dono da empresa, não acaba com a empresa”. Só o uso da
condicional “se” já diz muito sobre a índole de Lula. Sob os governos
lulopetistas, a maior empresa estatal brasileira viu seu valor de mercado
derreter ao ser submetida à sanha criminosa do grupo político comandado pelo
ex-presidente.
A
Petrobrás só voltou a trilhar o caminho das boas práticas empresariais quando a
gestão da empresa foi entregue a Pedro Parente, um administrador
reconhecidamente íntegro e competente, já no governo do presidente Michel Temer.
Seguindo
em sua narrativa delirante, o ex-presidente Lula disse que “tiraram a Dilma do
poder e levaram esse país a um estado de deterioração”, ignorando
propositalmente a melhora dos indicadores de inflação, crescimento, juros e
emprego que mostram, de maneira objetiva, que a dura recuperação da economia,
após o desastre das administrações lulopetistas, já apresenta sólidos
resultados.
Diante
dos mineiros, Lula voltou a se comparar a Tiradentes. “Aqui em Minas”, disse,
“mataram e esquartejaram um alferes que queria independência. A independência
veio mesmo assim porque mataram a carne, não a ideia.” No início de outubro,
durante um “ato em defesa da soberania nacional”, no Rio de Janeiro, ele já
havia feito a mesma comparação com o herói nacional ao dizer que tanto um como
outro só podem ser atacados em suas dimensões humanas, já que, antes de tudo,
“representam uma ideia assumida por milhões de pessoas”.
“Vocês
sabem que sem Minas Gerais eu não seria nada”, disse Lula no encerramento de
seu discurso. Talvez tenha sido a única verdade que disse durante toda a sua
passagem pelo Estado, a julgar pela votação que ele lá obteve para a sua
candidata Dilma Rousseff.
Aliás, é
acintoso que Lula da Silva possa sair em “caravanas” pelo País que, a pretexto
de representarem uma defesa contra as “injustiças” de que julga ser vítima,
nada mais são do que campanhas eleitorais fora de época.
O Estado de S. Paulo
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