JANAÍNA
FIGUEIREDO
(*)
Investigações sobre corrupção tornam
prisão de ex-presidente mais provável
BUENOS
AIRES — Primeiro foi a detenção do ex-ministro do Planejamento de todos os
governos Kirchner, o engenheiro Julio De Vido, semana passada, acusado de
corrupção. Nesta sexta-feira chegou a vez do ex-vice presidente de Cristina
Kirchner, o polêmico Amado Boudou, denunciado por enriquecimento ilícito. O
cerco está se fechando cada vez mais e na Argentina uma pergunta se impôs: a
Justiça irá até as últimas consequências nas investigações sobre a corrupção
durante o kirchnerismo (2003-2015) e ordenará, até mesmo, a prisão de Cristina?
Muitos
acreditam que sim e lembram que os tribunais portenhos já se atreveram a
prender um ex-presidente, Carlos Menem (1989-1999), pouco depois de sua saída
do poder. Menem esteve seis meses sob regime de prisão domiciliar, por seu
envolvimento no caso sobre contrabando de armas para a Croácia e o Equador.
O fato
de Cristina ter sido eleita senadora, nas legislativas de 22 de outubro
passado, não seria um obstáculo (a ex-presidente será empossada no próximo mês
de dezembro). De Vido é deputado e o Congresso votou a favor da suspensão de
sua imunidade. No caso do ex-ministro o resultado da votação foi esmagador já
que nem mesmo os congressistas kirchneristas o protegeram. Se o Congresso
tentar avançar contra Cristina o mais provável é que seus parlamentares mais
próximos tentem salvá-la, mas seus votos são insuficientes para garantir o
fracasso de uma eventual iniciativa parlamentar.
O
cenário de uma Cristina presa não é, portanto, inimaginável. Cada vez se torna
mais provável, segundo analistas locais. Muitos opinam que não seria a melhor
situação para o presidente Mauricio Macri, já que ter a ex-presidente como
adversária é o melhor dos mundos. Cristina tem um altíssimo índice de rejeição
e suas limitações eleitorais ficaram claras nas recentes eleições legislativas
(a ex-presidente foi derrotada na província de Buenos Aires). Por outro lado,
sem Cristina o peronismo ficará mais livre para se reorganizar e tentar armar
uma alternativa de poder ao macrismo.
Nesta
sexta, ex-aliados da ex-presidente pediram publicamente que ela defenda seus
ex-funcionários. Que faça alguma coisa para impedir que a Justiça continue
prendendo kirchneristas. Por enquanto, Cristina não parece disposta a defender
ninguém a não ser a ela mesma.
Associação ilícita
A
ex-presidente foi acusada de ter favorecido em concessões de obras públicas a
empresa Austral Construções, de Lázaro Báez, sócio da família Kirchner, preso
desde abril de 2016. Cristina e Báez, entre outros, já foram processados pelo
juiz Julián Ercolini. O magistrado embargou US$ 625 milhões da ex-presidente.
O Globo
(*) Comentário do editor do
blog-MBF: como pode uma pessoa que
sempre se dedicou a política, ter um patrimônio – a parte bloqueada – de US$ 625 milhões ? É muito dinheiro !!!
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