Chico Prado
Ex-governador já havia cobrado
prefeito sobre candidatura à Presidência
SÃO
PAULO - Em mais um capítulo da troca de farpas públicas com o prefeito de São
Paulo João Doria (PSDB), o ex-governador e vice-presidente do PSDB
nacional Alberto Goldman disse ao GLOBO que sempre viu Doria como um
“sujeito muito ambicioso” e um “cidadão sem escrúpulo”. A polêmica começou na
sexta-feira, quando Goldman publicou um vídeo na internet em que crítica a gestão do prefeito e cobra que ele se assuma como
pré-candidato à Presidência da República. No dia seguinte, Doria,
também em vídeo, chamou o ex-governador de “improdutivo” e “fracassado”.
— Sempre
vi o Doria como um sujeito muito ambicioso, vaidoso, um cidadão sem escrúpulo —
afirmou Goldman na noite de domingo. — Pro Doria não importa se é amigo, não é
amigo. Importa o interesse dele.
Segundo o ex-governador, a pesquisa Datafolha, que apontou uma queda de quase 10% na avaliação do prefeito, mostra que ele estava certo quando disse, na sexta-feira, que “o prefeito de São Paulo ainda não nasceu”. Goldman também ironizou a resposta gravada por Doria no sábado — entre outras coisas, o prefeito paulistano disse que Goldman “agora vive de pijamas em casa”:
— Já era
minha sensibilidade (a queda na aprovação de Doria), não tinha nenhum dado
científico. Eu acordo muito cedo pra assistir o “Bom Dia São Paulo” (telejornal
da TV Globo), mas não fico de pijamas — disse o tucano, entre risos. — Eles (o
telejornal) fizeram durante muitos dias o acompanhamento (dos problemas) nos
bairros. Em geral, a avaliação que ganhava era o péssimo, sobre serviços
básicos como poda de árvores e buraco de rua. Tudo era mau ou péssimo.
Ainda de acordo com Goldman, secretários de Doria contaram a ele, em conversas reservadas, que o prefeito apenas cobra resultados, mas não tem o hábito de se relacionar com os subordinados.
— São
meus amigos e me disseram que não conversam com o prefeito, que ele não
despacha. Não foi um, foram vários que me disseram. Cada um que se vire, não
tem relação (com o prefeito) — disse.
CANDIDATURA POR OUTRO PARTIDO
Goldman
afirmou que não tem dúvidas sobre as intenções do prefeito Doria de abandonar o
cargo e entrar na disputa pelo Palácio do Planalto. No entanto, o ex-governador
duvida de uma candidatura pelo PSDB.
— Eu
acredito que pelo PSDB não terá chance, mas ele já andou colocando para outros
partidos que quer (a candidatura) porque sabe que precisa de tempo de
televisão.
Goldman
colocou panos quentes nos desentendimentos que teve com o governador de São
Paulo Geraldo Alckmin, que chegaram ao auge no ano passado porque Goldman era
contra a candidatura de Doria, apadrinhado pelo governador, à prefeitura. E
deixou no ar uma possibilidade real de reaproximação entre os dois.
Internamente, no PSDB, Alckmin e Doria disputam agora a vaga de presidenciável
tucano.
— Tenho boa relação com o Geraldo. O tempo foi passando, nós retomamos as relações e voltamos a nos falar. Aquilo foi uma ferida cicatrizada - amenizou, ao responder se a troca de farpas dos últimos dias com João Doria vai promover uma reaproximação entre ele e Alckmin, que anda às turras com o ex-afilhado político.
Na manhã
desta segunda-feira, o governador Alckmin evitou entrar na polêmica.
Questionado sobre a briga entre os dois tucanos, lavou as mãos:
— Deixe
com eles, que eles vão se resolver — afirmou o governador.
O Globo
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