Editorial
A
principal alavanca propulsora da melhoria da qualidade de vida da população, no
sentido mais amplo, a Educação, ainda não recebeu o impulso de que necessita
Sinônimo
de desigualdade social, o Brasil, a partir da redemocratização, em 1985, na
prática elegeu por voto direto governos para resolver este problema. Os nós a
desatar que aguardam qualquer novo mandatário no Planalto são amplos. Há
problemas na economia, na infraestrutura e muitos outros. Mas, não existe
dúvida de que, os desníveis de renda e de padrão de vida numa população
gigantesca como a brasileira são o desafio central para governantes e toda a
sociedade.
Na verdade, um plano responsável, sério de combate à pobreza e, por decorrência, a todas as suas mazelas, é necessariamente multidisciplinar. Envolve investimentos amplos em infraestrutura, como saneamento básico; também no transporte urbano, fator importante na formação do poder aquisitivo das famílias mais pobres; bem como política econômica, para que a inflação seja mantida sob controle e a fim de que haja recursos para programas assistenciais de fonte não inflacionária e fiscalmente saudável. Enfim, o combate à pobreza requer um programa de governo, com o envolvimento de muitas áreas.
Nestes
32 anos depois do fim da ditadura, desenvolveram-se vários mecanismos para
mitigar a pobreza. Antes de mais nada, a inflação foi debelada, a partir de
1994, pelo Plano real, lançado ainda no governo de Itamar Franco e conduzido
pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, presidente nos dois
mandatos seguintes. O Bolsa Família de Lula se originou em programas de FH, e
que foram aprofundados.
Avançou-se
muito, mas está claro que a principal alavanca propulsora da melhoria da
qualidade de vida da população, no sentido mais amplo, a Educação, ainda não
recebeu o impulso de que necessita.
Reportagem do GLOBO cita estudo do ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Sergei Soares, que revela que o ensino público é ainda mais eficaz para melhorar a renda do que se imaginava.
O estudo
observa que, em 1995, quem havia cursado a primeira fase do fundamental recebia
salários 53% maiores que os analfabetos. Já em 2015, com a escolarização tendo
avançado, a distância em relação a quem tinha baixa escolaridade caíra para
19%.
O mesmo ocorreu com o ensino médio: o crescimento das matrículas neste nível foi reduzindo as disparidades. O ensino médio, porém, tem sido estreito gargalo para a ampliação da escolarização do brasileiro, dificuldade que também ocorre no ensino superior.
No
Brasil, segundo um relatório da ONG Oxfam do Brasil, de Rafael Georges, 34,6%
dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos estão matriculados numa faculdade e
apenas 18% deles se formam. Nos países desenvolvidos a taxa dos que se formam é
de 36%. E ainda há a decrepitude do chamado ensino profissional. A esperança é
que a reforma do ensino médio seja bem implementada.
Esses números explicam a diferença de níveis de desenvolvimento. Daí, insiste-se, a melhoria da educação pública básica ser estratégica. O Bolsa Família é importante, mas avanço estrutural, só com uma população bem instruída.
O Globo
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