Henrique Gomes Batista
(*)
Relatório defende tributação
progressiva e cita Bolsa Família e SUS como exemplos brasileiros
WASHINGTON
- Ao mesmo tempo em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) informa em sua
reunião anual, em Washington, que o mundo está crescendo mais e que há menos
riscos para a estabilidade financeira global, alerta para os riscos do aumento
da desigualdade. O Fundo lembra que há décadas a desigualdade entre os países
tem se reduzido, mas indica que o problema é “dentro das fronteiras”- ou seja,
desigualdade entre pessoas de um mesmo país -, e que o avanço das disparidades
pode ter fortes conseqüências econômicas, sociais e políticas.
"A desigualdade excessiva pode fazer desmoronar a coesão social, conduzir a uma polarização política e, em última instância, reduzir o crescimento econômico”, informou o relatório "Monitor Fiscal", divulgado na manhã desta quarta-feira em Washington, com o título "Enfrentando a desigualdade", que lembra que, em uma economia de mercado, sempre há algum grau de desigualdade.
"A desigualdade excessiva pode fazer desmoronar a coesão social, conduzir a uma polarização política e, em última instância, reduzir o crescimento econômico”, informou o relatório "Monitor Fiscal", divulgado na manhã desta quarta-feira em Washington, com o título "Enfrentando a desigualdade", que lembra que, em uma economia de mercado, sempre há algum grau de desigualdade.
O relatório debate três propostas para frear o avanço da desigualdade: tributação mais alta aos mais ricos - incluindo imposto sobre riquezas -, a criação de regime universal de renda básica (também conhecido no Brasil como renda mínima e que tem como sigla em inglês UBI) e a função do gasto público em saúde e educação. Neste ponto, o Brasil é citado como exemplo no caso do SUS e no Bolsa Família, juntamente com o México, por ter um programa de distribuição de renda vinculado à freqüência de crianças nas escolas.
"Intervenções
como a de programas condicionais de transferência de dinheiro adotados em um
grande escala no Brasil e no México, que liga transferências de dinheiro para
famílias de baixa renda à participação de membros da família à escola e no
atendimento à nutrição e clínicas da saúde podem ajudar a reduzir
desigualdades", diz o documento.
O FMI também debate propostas como a criação de renda mínima global, afirmando que acadêmicos alertam que ela reduziria a desigualdade ainda mais que programas de transferência de renda e serviria de colchão para parte da população que está cada vez mais sendo afetada por inovações tecnológicas que reduzem empregos e por mudanças climáticas.
"Nos
países em desenvolvimento, a adoção de renda básica universal pode ser uma
alternativa a governos que queiram reforçar a curto prazo a rede de proteção
social", afirma o relatório, que alerta: "Contudo, para dar fruto e
preservar a sustentabilidade fiscal, essa ação teria que ser financiada com aumento
de impostos ou cortes de gastos que sejam eficientes e justos, por exemplo,
eliminando subsídios universais dos preços e ampliando a base de imposto sobre
o consumo, ou tributando o consumo com externalidades negativas", como
álcool e cigarros.
Já o debate sobre uma tributação progressiva, que teria alíquotas maiores para os mais ricos, ocorre justamente em um momento em que os Estados Unidos — maior economia do mundo — planeja fazer uma reforma fiscal que reduza os impostos para este grupo, com o objetivo de alavancar o crescimento da economia, segundo o presidente Donald Trump.
"Economias avançadas com níveis relativamente baixos de progressividade em termos de imposto de renda pessoal (IRPF) podem ter margem para aumentar as taxas de imposto marginais máximas sem prejudicar o crescimento econômico. Diferentes tipos de impostos sobre a riqueza também podem ser avaliados. Os países emergentes e em desenvolvimento de baixa renda devem se concentrar no aumento gradual da cobertura do imposto sobre o rendimento das pessoas físicas e no aumento dos impostos indiretos - incluindo impostos seletivos sobre bens de luxo e bens de consumo que produzam externalidades negativas, como energia extraída de combustíveis fósseis, álcool e tabaco — para gerar fundos para gastos progressivos", disse o documento.
— A progressividade fiscal diminuiu nas últimas três décadas. Esse declínio é consistente com a queda nas taxas de imposto sobre o rendimento das pessoas físicas com rendas altas nos países da OCDE — afirmou Vitor Gaspar, diretor do departamento de Assuntos Fiscais do FMI na apresentação do relatório. — Nossos estudos empíricos sugerem que é possível aumentar o grau de progressividade fiscal, preservando o crescimento, pelo menos para níveis de progressividade que não sejam excessivos.
O Globo
(*) Comentário do editor do
blog-MBF: e pensar que esse pessoal do
FMI é regiamente pago para dizer sempre o mesmo e o óbvio. Passam o ano fazendo
relatórios que ninguém lê, mas para isto seus quadros tem milhares de pessoas
muito bem pagas.
A economia para diminuir
desigualdades poderia começar por aí. Em vez de pagarmos esses cabides de
empregos, todos muito bem remunerados, deveria se destinar a maior parte deste
dinheiro para diminuir desigualdades. Nem vou comentar o desperdício de
dinheiro que é a ONU.
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