segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Milhares protestam contra declaração de independência da Catalunha em Barcelona

France-Presse

Organizadores estimam presentes no protesto deste domingo (29) em 1 milhão de pessoas, enquanto polícia fala em 300 mil. 'Separatistas vivem em um mundo surrealista', disse manifestante.

Milhares de pessoas contrárias à declaração de independência da Catalunha foram às ruas neste domingo (29) em Barcelona. A organização fala em 1 milhão de pessoas, enquanto a polícia estima o número em 300 mil presentes.

A manifestação foi organizada pela associação anti-independência Sociedade Civil Catalã, que conta com o apoio dos principais partidos não separatistas, informa a agência France Presse.

"Somos todos Catalunha!" foi um dos principais slogans. Cartazes também pediam "Coexistência e bom senso" e manifestantes exibiam bandeiras catalãs, espanholas e europeias.

O conflito entre o governo separatista da Catalunha e o executivo central de Mariano Rajoy alcançou seu ponto alto na sexta-feira (27): o movimento de independência proclamou uma república, enquanto Madri respondeu destituindo o governo regional e assumindo o controle de sua administração.

Considerada uma ofensa pelos separatistas, a intervenção de Madri é recebida com certo alívio por cerca de metade dos 7,5 milhões de habitantes desta região contrários à independência catalã.

"Não posso sair com a bandeira espanhola na minha cidade", lamentava Marina Fernández à agência France Presse. Mariana é uma estudante de 19 anos de Gerona, uma das cidades mais pró-independência da região.
Os separatistas "vivem em um mundo paralelo, surrealista. Tenho raiva quando falam em nome de todos os catalães", indignava-se Silvia Alarcón, de 35 anos, à France Presse.

"É ilegal o que eles fizeram", disse Miguel Ángel García, um aposentado de 70 anos, à France Presse. "Se Madri não assumir suas responsabilidades, sentirei-me completamente enganado".

Quem é o presidente?
Pelo segundo dia consecutivo, esta região espanhola auto-proclamada como república, acordou sem saber quem controla sua administração.

Oficialmente, o governo liderado por Carles Puigdemont foi destituído e suas funções foram assumidas pela vice-presidente espanhola Soraya Sáenz de Santamaría. O Parlamento regional também está dissolvido até as eleições convocadas por Rajoy para 21 de dezembro.

Cerca de 150 autoridades da administração catalã foram demitidas.
Mas os líderes separatistas não reconheceram sua destituição. Em uma carta publicada no jornal "El Punt-Avui", Oriol Junqueras, vice-presidente do executivo regional, assegurou que "o presidente do país é e continuará sendo Carles Puigdemont".

"Não podemos reconhecer o golpe de Estado contra a Catalunha, nem nenhuma das decisões antidemocráticas que o Partido Popular [de Rajoy] está adotando por controle remoto de Madri", acrescentou.

Menos explícito foi Puigdemont, que em uma mensagem televisionada no sábado (28) afirmou que "está claro que a melhor maneira de defender as conquistas obtidas até hoje é a oposição democrática à aplicação do artigo 155 da Constituição", usado pelo poder central para destituí-lo.

O dirigente separatista não indicou como a oposição deve se manifestar. Mas, depois de vários dias, os Comitês de Defesa da República de bairros pediram a "resistência pacífica" dos catalães contra a tutela do Estado.

Duas legalidades
Em entrevista à France Presse, o advogado de Puigdemont, Jaume Alonso-Cuevillas, diz que existem atualmente "duas legalidades coexistindo" na Catalunha: a espanhola e a nova "República catalã". Os próximos dias, diz ele, serão fundamentais para ver qual vai se impor.

Também se espera que a Procuradoria espanhola processe Puigdemont por "rebelião", um crime punível com até 30 anos de prisão.

Apesar dos processos judiciais abertos contra ele, o governo espanhol entende que o líder separatista catalão poderá se apresentar para as eleições convocadas para dezembro.

"Todos são chamados a participar, inclusive Puigdemont que é convidado a se apresentar", declarou o embaixador espanhol na França, Fernando Carderera.

Segundo a France Presse, o anúncio dado por Rajoy desconcertou os separatistas e abriu um dilema: participar e dar-lhes legitimidade ou boicotar e deixar o terreno livre aos partidos contrários à separação que estão ganhando terreno?

De acordo com uma pesquisa publicada neste domingo (29) pelo jornal "El Mundo", os partidos independentistas perderiam a maioria absoluta obtida em setembro de 2015, passando de 72 assentos para entre 61 e 65, de um total de 135.

G1-Globo

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