Percival Puggina
Todos
os 210 milhões de brasileiros têm consciência de que sua vida pende do fio da
casualidade. Basta estar no lugar errado na hora errada. Esta independe do que
diga o relógio, aquele pode ser qualquer um. No entanto, parece passar
despercebido o fato de que a totalidade dos quase 60 mil homicídios nacionais
foram praticados por criminosos fora das grades, soltos nas nossas ruas. As
prisões estão lotadas e os homicidas em liberdade matam nessa proporção!
Aliás,
se somarmos os homicídios cometidos por ano em toda a Europa, mais Rússia,
China, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e acrescentarmos ainda
alguns países do Oriente Médio, não se chega aos 59.080 homicídios intencionais
ocorridos no Brasil em 2015, último ano com resultados consolidados pelo IPEA
no Atlas da Violência 2017. É o maior número entre os países do globo! O
terrorismo mata muito menos que a criminalidade nacional, a mais homicida do
planeta.
Por
outro lado, relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) divulgado em 2016 informou que 7,9% das pessoas entrevistadas
no Brasil pela pesquisa Better Life Initiative reportaram terem sido vítimas de
assalto nos 12 meses anteriores. Essa taxa é o dobro da média dos países
pesquisados e sugere um número de ocorrências contra o patrimônio da ordem de
vários milhões anuais. E ainda aparece gente para sustentar que temos presos em
excesso! O que há no Brasil é um número inacreditável e intolerável de bandidos
de todas as "especialidades" que precisam ser capturados, julgados,
encarcerados e permanecerem presos até o cumprimento total de suas penas, para
o bem da sociedade.
Estou
falando dos inimigos públicos que atuam diretamente contra a vida e o
patrimônio alheios. Mas a lista dos adversários da nossa segurança precisa
acrescentar:
• os
desencarceramentistas, para os quais, se a cadeia não reeduca, então deve abrir
as portas;
• os
bandidólatras (no dizer do excelente livro Bandidolatria e Democídio), para os
quais os bandidos são agentes de transformação social e vítimas da sociedade,
indivíduos dos quais não se poderia exigir outra conduta;
• os
garantistas instalados no Poder Judiciário e em outras instituições e órgãos do
Estado, que não se sentem comprometidos com a segurança da população, dado não
ser sua função evitar que crimes ocorram, o que os faz moralmente responsáveis
por muitos que poderiam ser cautelarmente evitados;
• os
inimigos da redução da maioridade penal, que lacrimejam ante a simples
possibilidade de que um brutamontes de 17 anos, estuprador e assassino, não
seja tratado com as benevolências devidas a um reeducando em instituição
socioeducativa;
• os
defensores do desarmamento, manipuladores de estatísticas, maus leitores dos
bons exemplos internacionais, acocorados no mundo da lua, exclamando que
a terra é azul;
• os
políticos alinhados ou influenciados por uma ou por todas essas correntes, que
para nosso azar abandonaram o sistema penitenciário e a lei penal à própria
sorte, criando o caos que serve esplendidamente aos criminosos;
• os defensores
dos direitos humanos dos bandidos, sempre alertas para protegê-los ou a
pranteá-los com enlevos e aconchegos maternais, jamais interessados nas
inocentes vítimas de sua cupidez, violência e perversões;
• os
inimigos ideológicos da atividade policial e da necessária repressão ao crime,
corregedores avulsos de cada operação policial, responsáveis por muitas mortes
de agentes da lei cujo gatilho tardou em ser acionado com receio da
repercussão.
Todos, a
seu modo, desservem à sociedade e ampliam, direta ou indiretamente, a
insegurança de nosso cotidiano.
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