Gabriel Fricke e Vicente Seda
(*)
Após ser
levado à sede da Polícia Federal para um depoimento e passar pelo Instituto
Médico Legal, o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman,
e seu braço direito, Leonardo Gryner, diretor-geral de operações da entidade,
foram transferidos para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na
Zona Norte do Rio de Janeiro. Os dois estão em regime de prisão temporária, que
pode ser renovada por mais cinco dias. Depois, a Justiça pode pedir a prisão
preventiva de ambos por tempo indeterminado. Nesse período, Nuzman e Gryner
dividirão cela com mais dois presos e, como qualquer outro interno, terão
direito a banho de sol de 2h por dia. Curiosamente, eles vão dormir em colchões
de mola que foram anteriormente usados pelos atletas que disputaram os Jogos
Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.
As
informações sobre como funcionará o regime de prisão temporária dos dois são da
Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, que confirmou que o
presidente e o diretor-geral de operações do COB terão os mesmos direitos do
ex-governador Sergio Cabral, que está preso no local.
Além do
banho de sol de 2h, eles terão direito a um cardápio que consiste em arroz ou
macarrão, feijão, uma porção de proteína (carne, frango ou peixe), salada,
fruta ou doce de sobremesa e refresco. O café da manhã tem café com leite e pão
com manteiga, e o lanche, suco e bolo.
Os dois
só poderão receber a visita de familiares depois do cadastramento, que não deve
ficar pronto em cinco dias. Nesse período, eles podem receber o advogado e,
talvez, se for concedida autorização, uma visita extraordinária de parentes.
ENTENDA
O CASO
Presidente
do Comitê Olímpico do Brasil há 22 anos e presidente do Comitê Organizador dos
Jogos Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman foi preso na manhã desta quinta-feira, no
Rio de Janeiro, em novo desdobramento da Operação Unfair Play (traduzida pela
PF como Jogo-Sujo), que por sua vez é um braço da Operação Lava-Jato. Nuzman é
investigado por supostamente intermediar a compra de votos de membros do Comitê
Olímpico Internacional na eleição que definiu o Rio como sede olímpica.
Leonardo Gryner, diretor-geral de operações da Rio 2016 e considerado o braço
direito de Nuzman também foi detido.
Segundo
a investigação do Ministério Público Brasileiro, realizada em colaboração com a
Justiça da França, Nuzman foi o principal elo entre o empresário Arthur Soares,
parceiro do ex-governador Sérgio Cabral em operações ilícitas e atualmente
foragido, e Papa Massata Diack, filho do ex-presidente da Federação
Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack.
As
informações sobre como funcionará o regime de prisão temporária dos dois são da
Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, que confirmou que o
presidente e o diretor-geral de operações do COB terão os mesmos direitos do
ex-governador Sergio Cabral, que está preso no local.
Além de
ser membro votante do COI, Lamine era figura extremamente influente, sobretudo
entre membros africanos, que costumam votar em bloco. Pelo montante (cerca de
US$ 2 milhões) transferido por uma empresa de Arthur Soares a empresas dos
Diack, acredita-se que Papa e Lamine intermediaram também o pagamento da
propina a outros membros votantes.
O envolvimento
de Nuzman no esquema veio à tona em 5 de setembro. Na ocasião foram expedidos
mandados de prisão para Arthur Soares, mais conhecido como “Rei Arthur”, e a
sócia dele no Grupo Facility, Eliane Pereira Cavalcanti. Arthur é considerado
foragido, e acredita-se que ele esteja nos Estados Unidos, enquanto Eliane está
detida desde então. O trio teve cerca de R$ 1 bilhão em bens bloqueados pela
Justiça, e Nuzman foi levado à sede da PF para depor. Ele preferiu não se
manifestar.
À época
Nuzman teve sua residência, em um bairro nobre da Zona Sul do Rio, vasculhada
por agentes da PF. Foram apreendidos R$ 480 mil em cinco moedas diferentes,
além de documentos e objetos. Dentre eles estava uma chave que acredita-se ser
de um banco Suíço no qual Nuzman guardaria 16 barras de ouro estimadas em R$ 2
milhões. Estas barras e os R$ 480 mil foram declarados no Imposto de Renda de
Nuzman, através de uma retificação, 15 dias após a operação da PF. O MPF
acreditou tratar-se de uma manobra para “conferir aparência de transparência e
licitude a bens que estavam ocultos”.
Também
foram descobertos e-mails de 2009 nos quais Papa Massata Diack cobra Nuzman por
pagamentos pendentes. A eleição alvo da investigação ocorreu em outubro daquele
ano, em Copenhague, na Dinamarca. O Rio de Janeiro superou Chicago, Tóquio e
Madri, vencendo a cidade espanhola na rodada final por 66 votos a 32.
O Globo
(*)
Comentário do editor do blog-MBF:
não sei como este senhor ainda estava solto. O que aconteceu com o
Pan-Americano de 2007 no RJ é inacreditável. As falcatruas encobertas foram
inaceitáveis. Por quê demorou tanto para chegarem à ele ? Precisou surgir o dr.
Sérgio Moro para que outros juízes e o MP tomassem coragem para também
enfrentar os cabeças do crime organizado em nosso país ?
Esse pessoal tem um enriquecimento
bem acima das suas declarações de renda e ninguém vê ? Quer dizer, apenas vê
quem nada pode fazer ? Quem pode nada fazia ?
Os
Jogos Pan-Americanos do Rio consumiram cerca de R$ 4 bilhões, muito acima do
valor estimado no orçamento inicial, de R$ 414 milhões.
Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário