sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Em cela para 4 presos, Nuzman e Gryner dormirão em colchão usado na Rio 2016

Gabriel Fricke e Vicente Seda
(*)

Após ser levado à sede da Polícia Federal para um depoimento e passar pelo Instituto Médico Legal, o presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman, e seu braço direito, Leonardo Gryner, diretor-geral de operações da entidade, foram transferidos para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Os dois estão em regime de prisão temporária, que pode ser renovada por mais cinco dias. Depois, a Justiça pode pedir a prisão preventiva de ambos por tempo indeterminado. Nesse período, Nuzman e Gryner dividirão cela com mais dois presos e, como qualquer outro interno, terão direito a banho de sol de 2h por dia. Curiosamente, eles vão dormir em colchões de mola que foram anteriormente usados pelos atletas que disputaram os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.

As informações sobre como funcionará o regime de prisão temporária dos dois são da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, que confirmou que o presidente e o diretor-geral de operações do COB terão os mesmos direitos do ex-governador Sergio Cabral, que está preso no local.
Além do banho de sol de 2h, eles terão direito a um cardápio que consiste em arroz ou macarrão, feijão, uma porção de proteína (carne, frango ou peixe), salada, fruta ou doce de sobremesa e refresco. O café da manhã tem café com leite e pão com manteiga, e o lanche, suco e bolo.
Os dois só poderão receber a visita de familiares depois do cadastramento, que não deve ficar pronto em cinco dias. Nesse período, eles podem receber o advogado e, talvez, se for concedida autorização, uma visita extraordinária de parentes.

ENTENDA O CASO
Presidente do Comitê Olímpico do Brasil há 22 anos e presidente do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman foi preso na manhã desta quinta-feira, no Rio de Janeiro, em novo desdobramento da Operação Unfair Play (traduzida pela PF como Jogo-Sujo), que por sua vez é um braço da Operação Lava-Jato. Nuzman é investigado por supostamente intermediar a compra de votos de membros do Comitê Olímpico Internacional na eleição que definiu o Rio como sede olímpica. Leonardo Gryner, diretor-geral de operações da Rio 2016 e considerado o braço direito de Nuzman também foi detido.

Segundo a investigação do Ministério Público Brasileiro, realizada em colaboração com a Justiça da França, Nuzman foi o principal elo entre o empresário Arthur Soares, parceiro do ex-governador Sérgio Cabral em operações ilícitas e atualmente foragido, e Papa Massata Diack, filho do ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Lamine Diack.

As informações sobre como funcionará o regime de prisão temporária dos dois são da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, que confirmou que o presidente e o diretor-geral de operações do COB terão os mesmos direitos do ex-governador Sergio Cabral, que está preso no local.

Além de ser membro votante do COI, Lamine era figura extremamente influente, sobretudo entre membros africanos, que costumam votar em bloco. Pelo montante (cerca de US$ 2 milhões) transferido por uma empresa de Arthur Soares a empresas dos Diack, acredita-se que Papa e Lamine intermediaram também o pagamento da propina a outros membros votantes.

O envolvimento de Nuzman no esquema veio à tona em 5 de setembro. Na ocasião foram expedidos mandados de prisão para Arthur Soares, mais conhecido como “Rei Arthur”, e a sócia dele no Grupo Facility, Eliane Pereira Cavalcanti. Arthur é considerado foragido, e acredita-se que ele esteja nos Estados Unidos, enquanto Eliane está detida desde então. O trio teve cerca de R$ 1 bilhão em bens bloqueados pela Justiça, e Nuzman foi levado à sede da PF para depor. Ele preferiu não se manifestar.

À época Nuzman teve sua residência, em um bairro nobre da Zona Sul do Rio, vasculhada por agentes da PF. Foram apreendidos R$ 480 mil em cinco moedas diferentes, além de documentos e objetos. Dentre eles estava uma chave que acredita-se ser de um banco Suíço no qual Nuzman guardaria 16 barras de ouro estimadas em R$ 2 milhões. Estas barras e os R$ 480 mil foram declarados no Imposto de Renda de Nuzman, através de uma retificação, 15 dias após a operação da PF. O MPF acreditou tratar-se de uma manobra para “conferir aparência de transparência e licitude a bens que estavam ocultos”.

Também foram descobertos e-mails de 2009 nos quais Papa Massata Diack cobra Nuzman por pagamentos pendentes. A eleição alvo da investigação ocorreu em outubro daquele ano, em Copenhague, na Dinamarca. O Rio de Janeiro superou Chicago, Tóquio e Madri, vencendo a cidade espanhola na rodada final por 66 votos a 32.

O Globo

(*)  Comentário do editor do blog-MBF:  não sei como este senhor ainda estava solto. O que aconteceu com o Pan-Americano de 2007 no RJ é inacreditável. As falcatruas encobertas foram inaceitáveis. Por quê demorou tanto para chegarem à ele ? Precisou surgir o dr. Sérgio Moro para que outros juízes e o MP tomassem coragem para também enfrentar os cabeças do crime organizado em nosso país ?
Esse pessoal tem um enriquecimento bem acima das suas declarações de renda e ninguém vê ? Quer dizer, apenas vê quem nada pode fazer ? Quem pode nada fazia ?
Os Jogos Pan-Americanos do Rio consumiram cerca de R$ 4 bilhões, muito acima do valor estimado no orçamento inicial, de R$ 414 milhões.
Estadão

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