Ricardo Kertzman
A César o que é de César! Cobrem
daqueles que lhes usurpam, não de mim que só lhes pago
Escrevi
dois textos (1.
e 2.
abaixo) sobre a quebra do país, incluindo estados e municípios. Não existe
outra causa senão a diferença entre a arrecadação e o gasto. Demonstrei a
origem financeira do rombo e uma de suas principais causas, o custo da máquina.
Sim, o funcionalismo público é, ao lado da previdência e dos juros, a principal
razão da bancarrota. Se há funcionários públicos valorosos (e os há), que
recebem pouco e trabalham muito, que juntem-se ao meu “grito” de repulsa. Ficar
ofendido, sentir-se injustiçado e vir me atacar por “generalizar” não vai
resolver nada; além de ser inútil, pois continuarei a escrever o que
penso. O nome do Blog é claro.
Não
tenho medo mesmo de expressar o que acredito. Até porque, ninguém é
obrigado a concordar com o que eu imagino ser o correto. Não sou o dono da
verdade, afinal.
Um
professor de escola pública que recebe menos que um salário mínimo e trabalha
em condições precárias faz parte da mesma estrutura pesada, ineficiente e
abusiva que corrói as contas do Estado brasileiro. O seu “colega” desembargador,
que recebe R$ 100 mil por mês e tem à disposição carro, motorista e uma penca
de funcionários, é o responsável direto por sua penúria, não eu. É o colega
privilegiado quem tem de repartir o próprio butim para trazer dignidade aos
prejudicados, não a sociedade, pagar mais impostos, para fazer justiça social.
O
funcionalismo público é administrado pelos próprios funcionários
públicos. Se uma casta ordinária e privilegiada resolve se apropriar de
90% do bolo e relegar à 90% dos trabalhadores condições miseráveis de renda e
trabalho, é esta casta a inimiga a ser combatida, é esta casta a culpada pelos
problemas da categoria, é esta casta que deve responder a cada um dos
prejudicados. A mim e à toda sociedade civil privada, resta exigir que recebamos
por aquilo que já pagamos. Aliás, muito caro por sinal. E em dobro e triplo,
inclusive. Pagamos, pagamos e pagamos.
Ao
apontar os privilégios e benesses do funcionalismo público, eu exerço meu livre
direito de expressão e de indignação de quem cumpre os deveres sem, contudo,
receber os direitos. Não cabe a mim, como pagador de impostos e “patrão”, ficar
distinguindo as categorias de funcionários públicos entre os bons e os maus, os
pobres e os ricos, os vagabundos e os injustiçados. Não se trata de generalização.
Trata-se, sim, de indignação! Indignação em relação à uma categoria, já
que não estou personalizando as críticas ou as condutas. Nem poderia ou teria
como.
Se não
querem fazer parte do todo, que os “justos” se separem e apontem os “pecadores”
eles mesmos. Eu é que não vou ficar agora, além de tudo, procurando separar, em
cada texto, garis de deputados, médicos de postos de saúde de juízes federais.
Minha crítica e minha “guerra” é contra o funcionalismo, não contra o
funcionário. Quem quiser levar para o lado pessoal que leve. Até
porque, mimimi por mimimi, sinceramente sou mais o meu, que é o
de quem só se estrepa nesta história toda.
1.O Brasil está quebrado e os estados
também; isto não é novidade alguma. Apesar dos trilhões de reais arrecadados em
impostos todos os anos não há o mínimo de infraestrutura urbana, segurança
pública, saúde ou educação. Não há um mísero serviço estatal que funcione
adequadamente. O nível de humilhação e sofrimento por que passam diariamente
milhões de brasileiros é algo desumano e pra lá de revoltante. Indignidade é
uma palavra sequer próxima para descrever — e falo com conhecimento de causa —
o tratamento que o aparato do estado destina à população. E quanto mais
necessitado, mais desinformado, mais desassistido, mais pobre, mais castigado é
o cidadão.
Bem, por
que isso ocorre? Não são trilhões tungados dos nossos bolsos? Para onde, então,
vai esta enxurrada de dinheiro? Ora, amigos, lhes digo para onde. Funciona mais
ou menos assim:
Do
dinheiro arrecadado, noves fora a corrupção imediata, o roubo na veia, 45% vão
direto para o serviço da dívida, que são os juros e amortizações do rombo nos
cofres. Depois, mais uns 25%, vão para o buraco da previdência, sobretudo o
causado pelo funcionalismo público. Estados e municípios recebem 10%. O resto,
cerca de 20%, servem para os penduricalhos, despesas obrigatórias,
assistencialismos, etc.
Daí você
me pergunta? “Ricardo, cadê o dinheiro dos investimentos e melhorias?” E eu te
respondo: No mesmo lugar que os investimentos e melhorias, ora. No limbo, ou
melhor, na PQP!! E o dinheiro do custeio da máquina toda? Bem, esse é fácil… O
governo trabalha com 70% de endividamento, ou seja, gasta 70% a mais do que nos
leva. Calcule tal porcentual sobre trilhões e perceba o tamanho do custo do
funcionalismo público estatal (Municipal, Estadual e Federal, nos três poderes
— Executivo, Legislativo e Judiciário). Eu, você e absolutamente todos os
brasileiros, pobres ou ricos, empregados ou empresários, profissionais liberais
ou aposentados, não importa quem — se como Pessoa Física ou Jurídica —
custeamos a vida de 100% dos funcionários públicos deste país, quando não
também dos seus descendentes, através de pensões e benefícios especiais
vitalícios.
E o que
recebemos em troca? Bem, não preciso responder, não é verdade? Todos sabemos:
Cidades, estados e país falidos; serviços inexistentes ou precários;
humilhação, descaso e grosseria (salvo raríssimas exceções advindas de gente
decente e comprometida) e, principalmente, uma dívida impagável a infernizar
também os nossos filhos, netos e bisnetos, pois nada disso será resolvido
sequer nas próximas duas ou três décadas, tal qual ocorreu consosco que também
assistimos os nossos pais passarem pelas mesmíssimas coisas.
O Brasil
vive um caos generalizado. Um caos moral, estrutural e financeiro. A quebra dos
estados está a nos mostrar o tamanho do buraco. O Rio de Janeiro é só a parte
mais evidente do que essa gente fez conosco nos últimos anos. Sem uma
reviravolta no tamanho e na forma do estado, nada dará jeito. A máquina tem de
diminuir, tem de custar menos e tem de trabalhar mais e melhor. Sem demissões,
sem redução de salário e de benefícios, sem aumento de produtividade, não há
arrecadação que suporte.
E anotem
aí: Vai piorar muito ainda antes de melhorar. Se é que irá
2.Eu não quero pagar um super salário
para funcionário público algum. Quero pagar o justo, e em contrapartida quero
que ele desempenhe corretamente sua função. Não quero que me trate de forma
diferente da qual qualquer prestador de serviço trata seu cliente, mas não
aceito mais ser tratado com descaso e desrespeito. Quem paga espera receber;
quem recebe deve entregar.
Também
não quero mais custear benefício de vagabundo nenhum. Sim,
vagabundo! Aquele que se aproveita do poder para conceder a si mesmo
qualquer vantagem que os demais não têm, para mim trata-se de um
vagabundo. Seja aposentadoria especial, abonos e bônus, auxílios diversos
para moradia, creche, paletó ou o escambau. Chega de ser roubado para prover
boa vida àqueles que não querem trabalhar duro para tê-la.
Nunca
pedi à ninguém que se tornasse funcionário público. Quem o fez, faz ou fará,
que aja por sua conta e risco. Não acho justo que um servidor estatal receba
algo que alguém da iniciativa privada não recebe normalmente, inclusive esta
tal estabilidade. Nenhum trabalhador privado tem garantia de emprego. Por que
um funcionário público tem de ter?
Me
revolto com as leis de “proteção” aos servidores. É um tal de não poder
ofender, de não poder desacatar, não poder questionar. Que porcaria é essa? Se
a maldita Constituição Federal diz que todos são iguais perante às leis, por
que esta diferenciação? Que valham as mesmas regras para todos; ou que não
valham para ninguém. Mas um atendente do Mc Donald’s deve ter os mesmos
direitos e deveres que um outro (atendente) da prefeitura de qualquer cidade.
“Mas
Ricardo, se não for assim não haverá mais candidatos a empregos públicos”.
Mentira! É claro que haverá. Aliás, como sempre houve. Principalmente nestes
tempos de crise. O Brasil não é mais aquela mega zona rural, onde para atrair
funcionários públicos para trabalhar em Macapá precisava-se de incentivos
diversos. O Brasil é hoje predominantemente urbano, com cidades ligadas entre
si por aeroportos ou estradas. Não há mais grotões isolados da civilização.
“Ok.
Então o que você propõe?” Simples. Regras iguais para todos. E pra já!
Nada deste papinho furado de “direitos adquiridos”. Direitos adquiridos em cima
da desgraça de milhões eu não reconheço. Direitos adquiridos em cima da falta
de direitos dos outros é cretinice. Os tais direitos adquiridos foram impostos
por aqueles que usaram indevidamente suas canetas.
Meritocracia,
produtividade, isonomia, riscos, instabilidade. Todos têm de se sujeitar.
Palhaçada
tem limite. Safadeza também. Sofrimento, sacrifício, dor, agonia, desespero
mesmo. Gente sem dormir, sem emprego, sem dinheiro para as despesas de amanhã.
Condomínio atrasado, escola de filho atrasada, plano de saúde atrasado e uma
casta arrogante, vagabunda, egoísta, preguiçosa brincando de classe média-alta?
Não tá certo isso, não. Isso precisa ser interrompido já! Na marra!
Neguinho
quer passar férias na Disney? Que trabalhe para isso! Quer almoçar todo
fim-de-semana fora? Faça com seu próprio dinheiro. Quer carro bacana e
motorista para levá-lo ao trabalho? Ganhe na loteria. Quer se aposentar aos 45
anos com salário integral? Se vire e pague uma previdência privada. Mas chega
dessa porra de ter isso tudo e me mandar a maldita conta para pagar. Eu não
quero mais. Tô de saco cheio. Quero cuidar apenas da minha família, que já tá
difícil à beça.
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