Hélio Duque
(*)
O tripé
desafiador a ser enfrentado pelo governo a ser eleito em 2018, na administração
do Brasil, não será fácil: 1- Ajuste estrutural na economia; 2– desequilíbrio
fiscal que é gravíssimo; e 3– deve priorizar a estabilidade econômica.
Sem estabilização das contas públicas torna-se impossível a sustentação de
taxas de crescimento no médio e longo prazo. Acrescente-se que a dívida
pública, em permanente crescimento, deverá merecer prioridade no seu
estancamento e redução gradual ao longo dos anos. Sem o enfrentamento dessas
realidades com propostas e visão de estadista, o futuro do desenvolvimento
brasileiro será perringuinchante.
Facilmente
comprovável: em 2017, as despesas do governo federal apontadas pelo Tesouro
Nacional têm perfil gravíssimo e desconhecido dos brasileiros. Na composição
das despesas, o gasto com pessoal ativo, na maquina pública, representa 4,34%
do PIB (Produto Interno Bruto). Em valores são R$ 285 bilhões. Já os gastos no
sistema previdenciário e agregados representa 9,34% do PIB. Em valores se
traduzem em R$ 613 bilhões. O comprometimento do Orçamento Federal, somente
nesses dois itens, demonstra que é impossível a manutenção dessa realidade no
futuro.
O
economista do BNDES, Fábio Giambiagi, constatou que nos últimos 25 anos o
crescimento médio real das despesas se deu na média de 5% ao ano. No artigo
“Escolhas Decisivas” (Valor, 11-8-2017), aprofunda análise sobre a composição
das despesas do governo federal e o estrangulamento do Orçamento. Sua indagação
é oportuna: “O que se pode esperar da evolução dessas variáveis, nos próximos
anos?” A resposta deve frequentar o cotidiano dos brasileiros conscientes,
quando comparecerem as urnas de votação em 2018.
Observem,
com atenção redobrada, que no Orçamento de 2017, a saúde deverá receber R$ 98
bilhões e a educação R$ 94,5 bilhões. O binômio saúde e a educação, nos Estados
modernos é recebedor de dotações à altura das suas importâncias para o
desenvolvimento. No Brasil receberão R$ 182,5 bilhões, enquanto as despesas com
pessoal representam R$ 285 bilhões. Comprovando a existência de um Estado
inchado pelo empreguismo e excesso de pessoal, em muitos setores. É uma
realidade que exige e impõe urgência de reformas estruturais.
Paralelamente
o setor público carece de recursos para investimento na infraestrutura,
reduzindo a capacidade de estímulo na geração de renda. No garroteamento do
Orçamento, o sistema previdenciário, fundamentalmente a previdência pública
(inclui União, Estados e Municípios) é uma bomba de efeito retardado. O déficit
atuarial da previdência social brasileira, no seu todo, é insustentável. A
reforma estrutural no sistema previdenciário está na ordem direta de maior
equilíbrio das contas públicas. E garantia da sua própria sobrevivência no
futuro, atendendo aos milhões de beneficiários.
Reformar
o sistema previdenciário transformou-se em debate ideológico e oportunista. No
poder, Lula e Dilma defendiam a importância dessa reforma. Igualmente FHC
no seu governo. Agora, um governo impopular teve a coragem de coloca-la na
ordem do dia. Quem no passado era a favor, agora é contra por
conveniência da demagogia eleitoral.
Infelizmente
coerência e sintonia com os verdadeiros interesses nacionais, não frequenta a
agenda da classe política brasileira. Lastimável.
Catve.com
(*) Comentário do editor do
blog-MBF: "Comprovando a existência
de um Estado inchado pelo empreguismo e excesso de pessoal, em muitos setores.
É uma realidade que exige e impõe urgência de reformas estruturais".
Demorou para cair a ficha.
Empreguismo é ROUBO. Digo isto desde que iniciei o projeto Capitalismo Social,
em 1975.
Quem desvia recursos públicos com
aparência de legalidade, não tem mais moral para, posteriormente, evitar a seqüência de
fraudes.
Temos 11 milhões de empregados
públicos, a metade sem trabalho. Realidade facilmente comprovável.
Déficit da União este ano: R$ 159
bi.
Custo com excesso de pessoal à nível
Brasil: R$ 264 bi/ano.
Todas Prefeituras e todos estados
falidos. Prefeituras buscando socorro nos seus estados, estados buscando
socorro na União e União buscando socorro nos rentistas.
Depois se perguntam porque o juro é
caro, ou, a SELIC é alta.
Dinheiro é a mercadoria do banco e a
procura por parte do governo é maior do que a oferta. Sem contar o spread pelo
risco de calote, normal quando se trata do governo brasileiro.
Não enfrentam o problema do
empreguismo porque todas correntes ideológicas (monarquistas, conservadores,
liberais e socialistas) locupletam-se desavergonhadamente nos cofres públicos,
desde 1808. É esporte nacional, já é cultural.
Se a reforma estrutural e política
não atacar de frente o tema empreguismo, vamos acabar em guerra civil. A hora
que o governo não tiver mais recursos nem para bancar suas folhas de pagamento inchadas, e os
rentistas ficarem com medo de emprestar, a vaca vai pro brejo.
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