Esther Felden
(*)
Trabalhadores
enviados por Pyongyang ao exterior são pouco atingidos por novas medidas
aprovadas pelo Conselho de Segurança. Estima-se que comércio de mão de obra
renda bilhões de dólares por ano ao país asiático.
De tudo
um pouco. Assim se poderia resumir, de forma simplificada, o conteúdo da Resolução
2.375 das Nações Unidas contra a Coreia do Norte, aprovada nesta semana. Muito
do que os Estados Unidos haviam exigido acabou não constando do texto.
O
embargo petroleiro total virou fornecimento restrito; as contas bancárias do
líder Kim Jong-un no exterior não foram congeladas, tampouco as da companhia
aérea estatal Air Koryo e do Exército Popular da Coreia. Todas essas foram
concessões de Washington perante a Rússia e a China, de modo a não colocar em
risco a aprovação do pacote de sanções no Conselho de Segurança da ONU.
Também
em relação ao status dos norte-coreanos que trabalham no exterior e de lá
enviam divisas para seu país natal, os EUA fizeram concessões significativas.
No texto original, estava prevista a retirada total das permissões de
trabalhos, o que na prática implicaria o retorno de todos os empregados à
Coreia do Norte. Em vez disso, no fim decidiu-se apenas que não poderão ser
concedidos novos vistos de trabalho a norte-coreanos.
Condições análogas à escravidão
Esta já
é a nona resolução da ONU contra Pyongyang desde o primeiro teste nuclear
norte-coreano, em 2006. Até agora, nenhuma rendeu resultado. A questão dos
vistos de trabalho exemplifica algumas das dificuldades de estabelecer
sanções eficazes.
O envio
em grande escala de mão de obra norte-coreana para o exterior é um negócio
extraoficial, que ano após ano propicia ao regime divisas de que muito
necessita. O esquema em si não é nenhum segredo, porém os detalhes, sim. Pois,
como costuma acontecer com o país comunista, informações confiáveis são artigo
escasso. Tudo se baseia em estimativas, e os números são contraditórios.
Cálculos
das Nações Unidas apontam que atualmente entre 35 mil e 100 mil
norte-coreanos são mantidos em condições análogas à escravidão por todo o
mundo, a maioria na Rússia e China. Eles trabalham, por exemplo, na indústria
madeireira ou têxtil, na mineração ou na agropecuária.
Segundo
depoimentos dos que escaparam do esquema, eles são submetidos a jornadas de
mais de 12 horas, sempre severamente vigiados por pessoal de segurança
norte-coreano. Do salário, não veem quase nada, pois o Estado da Coreia do
Norte embolsa a maior parte.
Negócio lucrativo para Pyongyang
Segundo
estimativas das Nações Unidas, esse comércio humano chega a render a Pyongyang
até 2,3 bilhões de dólares por ano. Parte desse dinheiro provém da União
Europeia, pois também há trabalhadores da Coreia do Norte em Estados-membros do
bloco.
No
início de 2016, uma equipe da Universidade de Leiden, na Holanda, dirigida pelo
professor de estudos coreanos Remco Breuker, publicou um relatório abrangente
sobre o tema. Segundo ele, na época havia cerca de mil norte-coreanos
trabalhando na Europa – em Malta e sobretudo na Polônia.
Lá,
atuavam em canteiros de obras, estaleiros ou na jardinagem, muitas vezes em
funções exaustivas e perigosas. Seus contratos eram negociados diretamente entre
Pyongyang e as firmas estrangeiras, enquanto eles próprios não dispunham de
nenhum documento a respeito.
Atualmente
Breuker e sua equipe desenvolvem um segundo estudo sobre o mesmo assunto.
Contudo, mesmo depois de um ano e meio se ocupando dele, numerosas questões
permanecem em aberto: "Continuamos sem saber exatamente quantos
norte-coreanos trabalham na UE. Existem estimativas, mas elas podem vir a se
revelar totalmente falsas."
Necessidade de coordenação na UE
Um dos
motivos para o baixo grau de esclarecimento é o fato de os países envolvidos se
recusarem a qualquer tipo de cooperação, observa Breuker. "Alguns
países-membros [da UE] isolados não foram muito cooperativos. Isso é um grande
problema. Enquanto não houver, por parte da UE e da Comissão Europeia, esforços
concertados e alinhados, vai ser muito difícil mudar alguma coisa. Aí, até
mesmo sanções são inúteis e ineficazes."
No
início de setembro, a UE manifestou seu respaldo ao esboço de resolução dos EUA
– então ainda na forma original – e anunciou que possivelmente também
endureceria suas próprias medidas. Para Breuker, esse teria sido um passo na
direção certa.
"Se
a mão de obra forçada norte-coreana sofresse sanções dentro da UE, isso
certamente traria efeitos, pois há um monte de dinheiro envolvido. No melhor
dos casos, tais sanções deveriam ser coordenadas com a ONU, os EUA e a
Organização Internacional do Trabalho (OIT)."
50 euros para trabalhador,
30 mil dólares para empresa
Entretanto
essas medidas só teriam eficácia se fossem direcionadas. E é justamente aí que
está o problema, reconhece Breuker. "Só podemos impor sanções a coisas de
que sabemos – por exemplo, fontes de divisas conhecidas. Só que também existem
todas essas redes econômicas informais. Temos uma grande lacuna de informação sobre
como a Coreia do Norte obtém dinheiro no exterior."
Cabe,
portanto, primeiro identificar e localizar as redes informais. "Nós
sabemos que elas existem, mas em muitos casos não sabemos, justamente, onde
estão, quanto dinheiro rendem e quem está envolvido. Isso, ainda precisamos
descobrir." Só então as sanções poderão ter impacto real.
As
pesquisas da Universidade de Leiden revelaram que, se um trabalhador
norte-coreano chega ao fim do mês com 100 euros no bolso, ele pode se dar por
feliz. Em média, só lhes restam cerca de 50 euros, e estima-se que os demais
90% do salário fiquem com o Estado norte-coreano e os intermediadores.
Mas
também a empresa sediada na UE lucra seriamente com a mão de obra
norte-coreana, aponta Breuker. "A OIT calculou que um único desses
empregados traz à empresa que o explora um lucro líquido de cerca de
30 mil dólares ao ano."
Satisfação em Seul
Por
enquanto, portanto, nada muda no status dos trabalhadores da Coreia do Norte no
exterior. Os que já estão fora do país podem permanecer no exterior, não
só na UE, China ou Rússia, mas também na Ásia, África ou na península arábica.
Apesar
das sanções relativamente brandas que o Conselho de Segurança adotou agora
contra o recente teste da Coreia do Norte de uma suposta bomba de hidrogênio, a
Coreia do Sul se manifestou satisfeita com o catálogo de medidas.
"Comparado
ao esboço originalmente apresentado pelos EUA, a resolução é, de fato, mais
fraca", comentou o primeiro-ministro Lee Nak Yon numa reunião de gabinete.
Ainda assim, ele considera um sucesso o fato de a aprovação pelo Conselho de
Segurança ter sido unânime.
DW – Deutsche Welle
(*) Comentário do editor do
blog-MBF: a prática dos países
comunistas de exportar mão de obra escrava é uma rotina. Cuba há muitos anos
exporta “consultores militares” para apoiar revoluções no mundo inteiro, principalmente
para a África e América Latrina. No caso brasileiro, inovaram, pois exportaram “médicos”
que nos custam R$ 10.000,00/mês mais moradia, sendo que o próprio fica com R$
1.700,00. O saldo vai para o patrão, leia-se família Castro. Detalhe 1: estes “médicos”
não seriam aprovados numa prova de qualificação em nossas Universidades.
Detalhe 2: o valor pago a médicos brasileiros pelas respectivas Prefeituras é
de R$ 4.800,00/mês, sem moradia.
Na Coréia do Norte sabemos em que o
dono do país emprega o dinheiro: armamento bélico e manter as despesas do
Palácio.
E pensar que a esquerda brasileira apóia
esses regimes, tendo-os como exemplo a ser seguido. A principal afirmação dos
nossos comunistas é a de que o sistema capitalista é explorador de mão de obra.
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