Renato Sant’Ana
Em 2007,
o Brasil assinou A Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, um tratado
internacional, concordando com a independência administrativa, política,
econômica e cultural das chamadas nações indígenas, passando a vê-las como
países autônomos, com leis próprias.
E, no
tocante àquelas que estão em território brasileiro (muitas ao longo dos 16 mil
quilômetros da faixa de fronteira), nem mesmo as Forças Armadas
"teriam" o direito de entrar em seus domínios. Não é bonitinho?
Portas escancaradas para tráfico de drogas, armas e migrantes clandestinos e
para a saída do que nos é roubado.
Acrescente-se
que, ao assinar, o Brasil aceitou esta regra que lhe reduz território, limita
jurisdição e afronta a soberania: qualquer demanda judicial que envolva
nativos, em qualquer parte do mundo, será julgada por cortes internacionais.
Mas países civilizados rejeitaram a convenção. Que pensar?
Com
efeito, todos os países que têm pendências dessa natureza - EUA, Canadá,
Austrália, Nova Zelândia e até a Argentina - não se deixaram governar por
sentimentalidades de grêmio estudantil, defenderam sua soberania e não firmaram
o tratado. Enquanto o Brasil, com nossa diplomacia entregue a um ativista
ideológico (Celso Amorim), assinou SEM RESSALVAS!
E a
Amazônia segue sendo saqueada! Roubam-nos desde material genético (da
riquíssima e pouco conhecida biodiversidade) até ouro e pedras preciosas
(traficados para fora do país sem um centavo de imposto). E a população local
submetida a toda sorte de abuso por estrangeiros que vêm explorar nossas
riquezas.
Agora
vem Michel Temer com seu famigerado decreto que autoriza a extração mineral em
"área de reserva". E, óbvio, viraliza na internet um vídeo com
"artistas" que protestam contra o decreto - que é mesmo ruim. Só que,
no vídeo, maquiaram o diabo para ficar mais feio: emocionalizam a questão para
ganhar adeptos! Aí não dá! Tem que pôr pressão no governo, sim, mas falando a
verdade. Aliás, comecem por esclarecer: onde estavam os articuladinhos em 2007?
Por que ficaram calados quando, assinando aquele tratado, o governo de então
começou a entregar a Amazônia? O que é mesmo que estão querendo agora,
honestinhos?
Será que
a trupe do vídeo entende isto? A solução não é simplesmente o nada confiável Michel
Temer desistir do assunto. Porque o Estado brasileiro precisa, sim, ocupar a
Amazônia antes de perdê-la em definitivo. Tem muito estrangeiro de olho na
imensa reserva de minérios, na abundância de água e na biodiversidade da
Amazônia. E muitos já a exploram predatória e ilegalmente.
O que se
deve exigir do governo é um "critério de sustentabilidade" no que
quer que se proponha para a região: desde preservar o ecossistema até apoiar os
habitantes. Mas isso o videozinho não aborda!
É
questão de soberania nacional, defender o território. Só que... Tem que ser com
verdade! É preciso escolher: ou "a causa nacional" ou uma bandeirinha
ideológica...
O
escritor William Faulkner, Nobel de literatura em 1949, sempre afirmou sua
posição contrária ao envolvimento político de escritores e artistas. Parece que
estava certo. Profissionais da emoção movem-se mal no terreno da política, em
que há o imperativo ético de seguir a baliza da racionalidade. Poesia é
importante, mas não substitui a política...
Alerta Total
Nenhum comentário:
Postar um comentário