terça-feira, 26 de setembro de 2017

É tudo ou nada

Martim Berto Fuchs

Não sou contra o lucro, pelo contrário. Tenho o lucro como o fermento indispensável ao crescimento. Sou contra a concentração do lucro. Numa empresa, normalmente o lucro é todo direcionado aos acionistas. Considero isto um erro e por mais de uma razão.

Primeiro. Não existe produção sem a participação de trabalhadores, e considero como trabalhador TODOS envolvidos na produção de determinada empresa, desde o Presidente até o trabalhador de menor renda.

Segundo. Nas empresas de capital aberto, o lucro maior é muitas vezes gerado nas Bolsas de Valores, mais até que na produção.  

Terceiro. Quem diminui o lucro do acionista não é o trabalhador, é o governo, que separa para si, a troco de apenas se manter (governo como fim em si mesmo), 1/3 parte do faturamento da empresa, cobrando impostos sobre a produção, sobre a renda, e ainda insatisfeitos, começaram taxar o faturamento, mesmo que a empresa esteja no prejuízo.

Assim, acho justo e de boa prática, além de inteligente, a repartição em partes iguais - capital & trabalho - do lucro gerado pela produção dos trabalhadores, pois sem eles não haveria lucro algum, nem haveria valorização das ações (lucro) em Bolsa gerada pelas expectativas futuras, que, frize-se, permanece todo com o acionista.

A proposta de Capitalismo Social se baseia num pressuposto: é um projeto completo, logo, não é para ser fatiado e implementado em partes, ou, apenas as partes que interessarem ao governante de plantão. Descaracterizado, não trará as recompensas pretendidas e se não trouxer, será condenado no todo. 

E, não foi desenvolvido pensando em agradar uma das partes já envolvidas com as agruras do nosso cidadão-contribuinte-eleitor, tendo monarquistas, conservadores e liberais de um lado, versus marxistas, socialistas, bolivarianos de outro. Com esta briguinha de comadres estamos envolvidos desde que D.João VI e sua turma de bon vivant aportaram por aqui. À cada par de décadas os militares tem que intervir - benditos sejam - para por ordem na casa e depois tudo volta ao "normal", ou seja, os otários voltam a sustentar os malandros que vivem as custas dos cofres públicos. Aliás, prática que se tornou esporte nacional, já incorporada à cultura.

É tudo ou nada.

Nenhum comentário: