DW
– Deustche Welle
Brasil e
outros 12 países do grupo repudiam qualquer tentativa de manipular incidente
que, segundo governo da Venezuela, envolveu explosões provocadas por drones,
para perseguir e reprimir dissidência política.
Os países que integram o Grupo de Lima – Argentina, Brasil, Canadá,
Colômbia, Costa Rica, Chile, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá,
Paraguai e Peru – lançaram neste sábado (11/08) um apelo urgente ao governo da
Venezuela para que seja conduzida uma investigação "independente, exaustiva
e transparente" sobre uma suposta
tentativa de atentado contra o presidente Nicolás Maduro.
Por meio de um comunicado, o organismo repudiou qualquer tentativa de
manipular o suposto ataque com drones contra o mandatário, ocorrido no último
dia 4 de agosto, para "perseguir e reprimir a dissidência política".
Os governos que integram o grupo rechaçaram firmemente a violação do
devido processo legal e das normas internacionais em matéria de direitos
humanos com a detenção "arbitrária, ilegal e sem investigação prévia"
do deputado Juan Carlo Requesens, que o governo acusa de ser um dos
responsáveis pela tentativa de atentado.
O grupo também condenou a ordem de prisão internacional emitida por
Caracas contra o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Julio Borges,
também vinculado ao suposto ataque com drones.
O Grupo de Lima considerou que ambas as situações constituem uma
"aberta violação" de seu foro parlamentar e das garantias e
imunidades previstas na Constituição, assim como na Convenção Americana sobre
Direitos Humanos e em outros tratados internacionais.
Com uma investigação independente, o governo de Maduro deve esclarecer
o ocorrido no último dia 4 de agosto de maneira imparcial, respeitando o estado
de direito e os direitos humanos, pediu o grupo.
Seus membros expressaram "profunda inquietude pela utilização de
instituições de segurança e aplicação da lei do Estado venezuelano para
perseguir adversários políticos, o que demonstra mais uma vez a ruptura da
ordem democrática e a violação da Constituição". O grupo exigiu a
libertação imediata de presos políticos.
"Os governos de Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Costa Rica,
Chile, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru [...]
reafirmam seu compromisso de seguir tomando medidas e iniciativas para
contribuir para a restauração das instituições democráticas, o respeito aos
direitos humanos e a plena vigência do estado de direito na Venezuela",
diz o comunicado.
Maduro
culpa Colômbia
Em 4 de agosto, duas explosões, que as autoridades de Caracas dizem
ter sido provocadas por dois drones, obrigaram Maduro a abandonar
rapidamente uma cerimônia de celebração do 81º aniversário da Guarda
Nacional Bolivariana. Sete militares ficaram feridos.
A cerimônia, realizada na Avenida Bolívar de Caracas, era transmitida
ao vivo pelas rádios e televisões venezuelanas e, no momento em que Maduro
anunciou que tinha chegado a hora da recuperação econômica do país, ouviu-se
uma das explosões.
A Colômbia tem estado no centro das acusações do governo venezuelano.
Poucos dias após o suposto ataque, a Venezuela emitiu um comunicado
responsabilizando Bogotá por qualquer nova agressão contra Maduro. Neste
sábado, o líder venezuelano acusou diretamente o ex-presidente colombiano Juan
Manuel Santos de ordenar a tentativa de atentado.
"Foi o ex-presidente Juan Manuel Santos quem deu a ordem de
preparar a ação terrorista para o meu assassinato", disse Maduro durante
um ato com 700 generais e almirantes em Caracas, transmitido pelo rádio e pela
televisão. Segundo Maduro, Santos atuou em coordenação com o opositor Julio
Borges.
As autoridades venezuelanas identificaram até à data 25 indivíduos
suspeitos de envolvimento no ataque, incluindo os deputados opositores Júlio
Borges e Juan Requesens.
Crise e
investida contra oposição
O governo venezuelano com frequência acusa a oposição e ativistas
antichavismo –m a quem se refere com palavras como terroristas e extrema
direita – de conspirar para derrubá-lo e arquitetar atentados contra o
presidente, que é impopular, mas foi reeleito numa eleição rejeitada por grande
parte da comunidade internacional.
A Venezuela passa há meses por uma profunda crise, que levou centenas
de milhares de pessoas a deixar o país. Analistas afirmam que a crise está
associada à queda dos preços internacionais do petróleo, mas também a uma
política econômica desastrada dos governos chavistas.
A queda da produção interna, as restrições cambiais, a escassez de produtos
alimentares básicos e de medicamentos, os rendimentos familiares insuficientes,
bem como a hiperinflação – que, segundo projeções do Fundo Monetário
Internacional, será de 1 milhão por centro em 2018 – evidenciam a situação do
país.
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