Editorial
Rombo
estimado das empresas dependentes do Tesouro para o ano ultrapassa os R$ 560
milhões
É crescente o déficit nas contas das empresas públicas dependentes do
Tesouro Nacional. Entre as mais deficitárias, se destacam os Correios, a
Infraero, a Casa da Moeda, o Serpro e a Dataprev.
Nessas cinco estatais, o rombo estimado para o ano já supera R $562
milhões, segundo análises de desempenho (em regime de caixa) realizadas pela
Secretaria Nacional do Tesouro e pelo Tribunal de Contas da União. As perdas
seriam de R$ 443,5 milhões nos Correios; R$ 38,8 milhões na Infraero; R $37,4
milhões no Serpro; R $13 milhões na Casada Moeda; e R$29,8 milhões na Dataprev.
O diagnóstico do próprio governo é objetivo: o buraco aumenta porque a
receita gerada por esse grupo estatal está em declínio. Ao mesmo tempo, os
gastos com pessoal crescem.
Empresas públicas não são uma peculiaridade do Brasil, fazem parte da
paisagem econômica global, inclusive em países onde o liberalismo pauta as
relações econômicas. É o caso da Inglaterra, onde representam 5% do Produto
Interno Bruto, segundo a Comissão Europeia.
A diferença no caso brasileiro está na transformação dessas empresas
em núcleos de interesses patrimonialistas — desde o empreguismo de cabos
eleitorais às mais variadas formas de corrupção, como mostram as investigações
sobre a institucionalização do suborno como método de administração pública, na
última década e meia.
O mito das “razões estratégicas” para multiplicação de empresas
controladas pelo Estado se consolidou a partir da era getulista, mas desabou
nas revelações da Operação Lava-Jato e nos prejuízos bilionários da Petrobras e
da Caixa Econômica Federal. Está aí o gigantesco estoque de ativos podres
acumulados pelos fundos de pensão estatais. E, também, empreendimentos menores,
até prosaicos, como a fábrica de preservativos erguida pelo governo do Acre —
igualmente falida.
A sociedade paga a conta de tais delírios políticos, adornados com
dogmas ideológicos, mas que apenas refletem a perpetuação de anacronismos, dos
interesses de segmentos privados privilegiados e das corporações de servidores
públicos. O preço do atraso é a drenagem permanente de recursos vitais ao país.
Candidatos à Presidência e aos governos estaduais têm o dever de
debater o peso do Estado na economia, com foco na retoma dadas privatizações.
Nada justifica a manutenção de estatais notoriamente deficitárias numa etapa
crítica, onde governantes não conseguem sequer garantir o pagamento de salários
dos servidores, a qualidade mínima em serviços de saúde, educação e segurança,
ou realizar investimentos emergenciais em infraestrutura.
Vale lembrar: o déficit projetado de cinco empresas estatais obsoletas
(Correios, Infraero, Casa da Moeda, Serpro e Dataprev) corresponde aos
investimentos federais cortados nas áreas de ciência, tecnologia e inovação
neste ano.
O
Globo
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