Editorial
É muito oportuna a pesquisa do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a
Infância) segundo a qual seis em cada dez crianças e adolescentes brasileiros
até 17 anos vivem na pobreza. A vergonhosa estatística, com base em dados de
2015, escancara o tamanho da falácia lulopetista, repetida exaustivamente pelo
departamento de agitação e propaganda do PT, segundo a qual no tempo em que
Lula da Silva e Dilma Rousseff presidiram o Brasil trinta e tantos milhões de
pessoas deixaram de ser miseráveis, por obra e graça do “pai dos pobres” ora
recolhido à carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
O critério usado pelo Unicef para mensurar o alcance da pobreza entre
crianças e adolescentes no Brasil leva em conta não somente a renda, mas também
a qualidade do acesso dessas pessoas à infraestrutura e aos serviços públicos
necessários para seu desenvolvimento, como educação e saneamento básico, além
de moradia decente, proteção contra o trabalho infantil e acesso à informação.
Assim, o quadro apresentado pelo levantamento mostra o quanto é
questionável a propaganda de Lula da Silva a respeito de seus feitos na
Presidência. Levando-se em consideração apenas a renda, o estudo mostra que de
fato houve melhora na última década, provavelmente como resultado da política
de distribuição forçada de renda – da qual o Bolsa Família é o exemplo mais
vistoso nos palanques petistas. No entanto, corretamente, o Unicef considera
que não basta atingir um certo nível de renda para que se possa considerar
satisfatório o combate à pobreza. “Os resultados mostram que a pobreza
monetária na infância e na adolescência foi reduzida no Brasil na última
década, mas as múltiplas privações a que meninas e meninos estão sujeitos não
diminuíram na mesma proporção”, diz a pesquisa.
Utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)
de 2015, o Unicef concluiu que 61% das crianças e adolescentes do País são
pobres, quer porque estejam em famílias com renda insuficiente, quer porque
sofrem diversas privações – ou uma combinação entre as duas situações, o que é
ainda mais dramático.
São 18 milhões de crianças e adolescentes que vivem em famílias com
renda insuficiente, dos quais 12 milhões também não têm acesso à infraestrutura
e aos serviços sem os quais terão enorme dificuldade para se desenvolver.
Outros 14 milhões até dispõem de renda considerada suficiente, mas sofrem
privações múltiplas em outros aspectos essenciais.
A privação que mais afeta as crianças pobres brasileiras é a de
saneamento básico, que atinge 13,3 milhões de pessoas. Em seguida vêm educação
(8,8 milhões), água tratada (7,6 milhões), acesso à informação (6,8 milhões),
moradia adequada (5,9 milhões) e proteção contra o trabalho infantil (2,5
milhões).
Há gradações em cada um desses aspectos. No caso de educação, por
exemplo, é considerada “sem privação” a criança em idade escolar que frequenta
escola sem atraso e sabe ler e escrever. Já a “privação intermediária” é aquela
em que a criança acima de 7 anos de idade frequenta a escola com atraso e é
analfabeta. E a “privação extrema” é aquela em que a criança acima de 7 anos
não vai à escola nem é alfabetizada. Passa de 20% o total de crianças que estão
em alguma dessas categorias de privação.
Em relação ao saneamento básico, 21,9% das crianças e adolescentes
moram em casas onde há apenas fossas rudimentares ou esgoto sem tratamento. São
mais de 13 milhões de brasileiros jovens vivendo em condições insalubres,
majoritariamente no Norte e no Nordeste.
Tudo isso poderia ter sido ao menos atenuado nos mais de dez anos em
que o PT esteve no poder, mas Lula da Silva preferiu o caminho fácil da
demagogia de “dar dinheiro na mão de pobre”, que é como o ex-presidente costuma
descrever suas políticas assistencialistas. Como mostrou o estudo do Unicef,
essas políticas serviram apenas para mascarar a pobreza, iludir os tolos e
render muitos votos ao hoje presidiário de Curitiba. Enquanto isso, o País vê
toda uma geração ser condenada ao subdesenvolvimento.
O
Estado de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário