sábado, 11 de agosto de 2018

A materialidade do crime

Editorial

O PT aposta que os brasileiros ou são todos néscios ou não têm memória

O PT aposta que os brasileiros ou são todos néscios ou não têm memória. Segundo seu discurso palanqueiro, a grave crise que o País hoje enfrenta é resultado do que os petistas chamam de “golpe”, isto é, o impeachment da presidente Dilma Rousseff – embora qualquer pessoa minimamente bem informada saiba que a crise foi obra da tenebrosa gestão daquela senhora, graças à qual o Brasil conheceu o mais profundo período recessivo de sua história, cujos efeitos nefastos se fazem sentir até hoje. Do mesmo modo, o PT e seu grande morubixaba, Lula da Silva, reclamam que são “perseguidos políticos”, como se não tivessem cometido crime algum – preso por corrupção e lavagem de dinheiro, Lula até já se qualificou como a “viva alma mais honesta deste país”. É como se os monumentais escândalos do petrolão e do mensalão, marcas indeléveis dos governos lulopetistas, simplesmente não tivessem acontecido. No entanto, de tempos em tempos, a realidade insiste em desmoralizar essa recorrente ofensiva petista contra a inteligência alheia.

Foi o caso da devolução, realizada no dia 9 passado, de R$ 1,034 bilhão aos cofres da Petrobrás, dinheiro recuperado pela Operação Lava Jato. O montante resulta de 17 acordos de delação premiada e outros tantos acordos de leniência firmados por empresas e executivos que participaram do assalto à Petrobrás no esquema liderado pelo PT e por seus associados.

A maior parte da devolução, R$ 687,5 milhões, veio do acordo com a empresa Keppel Fels, estaleiro de Cingapura que pagou propina para obter contratos com a Sete Brasil para o fornecimento de sondas. A Sete Brasil foi criada em 2010, nos estertores do governo de Lula da Silva, para gerenciar a construção de 29 sondas de exploração de petróleo em águas profundas por estaleiros nacionais, tudo pela bagatela de US$ 20,6 bilhões. Era uma mina de ouro, que os azougues a serviço do PT no petrolão souberam explorar como ninguém. O dinheiro da propina paga no esquema dos contratos foi dado ao PT e ao marqueteiro João Santana, o mago das campanhas petistas, que está em prisão domiciliar.

Há cerca de uma semana, o ex-diretor da Petrobrás Renato Duque, que também arrecadava propinas para o PT na estatal, disse ao juiz Sérgio Moro que a maior parte do suborno relativo à Sete Brasil tinha o partido como destino – e que tanto Lula da Silva como José Dirceu se beneficiaram pessoalmente. Ou seja, ainda há muito a ser investigado nesse caso.

No entanto, o que já se sabe e está comprovado, inclusive com devolução de vultosos recursos aos cofres da Petrobrás, deveria ser suficiente para demolir qualquer pretensão do PT de se desvincular do inaudito esquema de assalto aos cofres do Estado durante os governos lulopetistas e de se considerar perseguido por juízes e pela imprensa. Mas os petistas continuam a dizer que o petrolão é fichinha perto do que já fizeram outros partidos quando estiveram no poder, que a Justiça prendeu petistas sem provas e que nenhum petista enriqueceu com corrupção.

Esse padrão de desfaçatez já é bem conhecido – quem não se lembra de Lula da Silva, depois que seu partido foi pilhado no esquema de compra de deputados conhecido como mensalão, dizendo que “o mensalão não existiu”?

Assim, mesmo diante da incontestável materialidade do crime cometido na Petrobrás durante o mandarinato do PT, representada pelos bilhões de reais que estão sendo devolvidos à Petrobrás – no total projeta-se recuperar R$ 12 bilhões –, os petistas graúdos insistem em fingir que não é com eles.

Os desinformados e os que renunciaram à capacidade de pensar para adorar Lula da Silva podem até acreditar nessa patranha obscena e considerar que os petistas presos por causa desses crimes são “prisioneiros políticos”. Mas a maior parte dos brasileiros, a esta altura, já sabe que a devolução do dinheiro desviado da Petrobrás, bem como a arrumação das contas públicas, é apenas o início de um árduo trabalho para recuperar o País depois da razia causada pela passagem do PT pela Presidência.

O Estado de São Paulo


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