quarta-feira, 7 de março de 2018

O ESTUPRO DA HISTÓRIA E OS AFOGADOS DA "ONDA CONSERVADORA"

Percival Puggina

A História, dita rainha das humanidades, é a mais violentada das ciências. Submetida a toda sorte de sevícias no mundo acadêmico brasileiro, a grande dama chega às salas de aula do ensino fundamental e médio já esgotada, manuseada, enferma, violada e pornograficamente abusada nos livros didáticos. Estou com a mão pesada? Sim, estou. Como não estar quando informado por um leitor que já são treze as universidades brasileiras com cursos de extensão sobre o “gopi” de 2016? Esse descaramento faz lembrar o bairro da luz vermelha de Amsterdã, com suas “mercadorias” e respectivos atributos expostos nas vitrinas.
 Meu tema, porém, se volta à outra parte do mesmo curso, àquela que na UFRGS promete excitar iras cósmicas contra a “nova onda conservadora no Brasil”. Que diabos é isso?

A cada dia se tornam mais nítidas, na sociedade, as rupturas com os padrões civilizados de comportamento. Perdem-se as noções de limite, amplia-se a violência, multiplicam-se as condutas desonestas na vida pública e privada. Ao mesmo tempo, algo que a maioria civilizada da população vê como perspectiva de reversão das piores expectativas sobre seu futuro, para os promotores do curso é inimigo a ser identificado, rotulado e destroçado. Listarei esses tópicos para que os conservadores brasileiros saibam contra o que se dirige o ódio do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS. Ele confronta nossos anseios por: a) revalorização da instituição familiar e natural exercício da autoridade de pais e mães; b) cultura do trabalho honesto; c) zelo pelas crianças, pelos idosos e proteção da mulher; d) respeito ao direito de propriedade; e) cuidado com os bens próprios e com os bens públicos e sociais; f) amor à verdade, ao bem e à justiça; g) zelo pela vida desde a concepção e h) respeito à dignidade da pessoa humana.

Como chegamos ao ponto em que tudo isso soçobra, arrastando à atual insegurança e tornando cada vez mais residuais os Valores que estruturam a ordem social? Felizmente, o tempo evidenciou o aviltamento e a gradualidade do processo a que fomos submetidos. Mostrou, também, sua relação de causa e efeito com o descrédito das instituições de Estado, com a ação nefasta das Organizações Globo e de poderosas ONGs internacionais. Tudo convergiu, em síntese, para reduzir ao ponto de praticamente anular a eficácia daquilo que, através das gerações, respondeu pela transmissão desses valores. Refiro-me ao trinômio família, religião e escola.

• Família. O desfazimento dos laços familiares, a promiscuidade e os novos arranjos conjugais, o combate à autoridade dos pais e a sistemática fragilização dos papéis masculino e feminino retiraram do âmbito familiar a energia e a autoridade moral indispensáveis à transmissão de valores.

• Religião. A Teologia da Libertação (TL) sacramentou uma união estável entre a CNBB e os partidos de esquerda, conferindo a estes poder e força para deturpar a laicidade do Estado e impor silêncio ao ensinamento cristão. O próprio Lula reconhece a contribuição da TL e da base da Igreja Católica para sua ascensão ao poder. A imagem da dança com lobos caracteriza muito bem o envolvimento da CNBB e de vastos setores do clero com os piores e mais destacados inimigos dos valores cristãos. Desviado de sua finalidade, o cristianismo definha na alma do povo brasileiro.

• Escola. O sistema de ensino foi capturado pela ideologia que domina o pensamento brasileiro desde o último terço do século passado. Nas salas de aula de todos os níveis do ensino público ou privado, confessional ou leigo, a tarefa de alinhamento político impôs-se sobre tudo mais. As exceções são apenas exceções e têm dificuldade, até mesmo, de encontrar material didático apropriado.

Finalmente, tornou-se impossível esconder causas e consequências das múltiplas crises que tanto dano causam à nação. A rápida propagação desse entendimento nas redes sociais, em ano eleitoral, foi batizada como “Nova onda conservadora”, sendo a UFRGS mobilizada para cumprir seu papel, na forma do parágrafo anterior.

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