Os trabalhadores estão preferindo
desistir ao invés de lidar com as novas tecnologias e opções de menu nos
Estados Unidos. O resultado: os consumidores esperarão mais
Para
Dudley Dickerson, o aplicativo de pedido foi a última gota. O McDonald’s vem se
atualizando com novas tecnologias, um menu renovado, novos processos de entrega
e pontos de retirada. Mas o projeto “Experiência do Futuro” tem também mais
empregados sobrecarregados com algumas tarefas – em muitos casos, dizem alguns
deles, sem aumento salarial ou recrutamento adequado. Então, Dickerson, de 23
anos, entregou sua espátula pela última vez.
“Eles
acrescentaram muitas coisas complicadas que tornam [o dia a dia] mais difícil
para os trabalhadores”, diz Dickerson. O relato diz respeito a unidades da rede
nos Estados Unidos, mas se sabe que tudo o que é testado por lá, aos poucos,
chega aos franqueados e outras unidades da marca no mundo.
Muitos
trabalhadores do ramo de fast-food passam de um emprego a outro. Mas com o
desemprego tão baixo nos EUA, o rotatividade está se tornando um problema. Os
trabalhadores estão preferindo desistir ao invés de lidar com as novas
tecnologias e opções de menu. O resultado: os consumidores esperarão
mais.
O tempo
de espera no drive-trough da rede aumento para 239 segundos no ano passado,
mais de 30 segundos mais lento do que em 2016, segundo a revista QSR. E está
também mais lento que os concorrentes Burguer King, Wendy’s e Taco Bell.
A
rotatividade nos restaurantes de fast-food como um todo pulou para 150%, o que
significa que uma loja com 20 trabalhadores passa por uma rodada de 30 em um
período de um ano. Esse número é o mais alto desde o início desse
acompanhamento pela People Report, em 1995.
“Os
restaurantes de serviço rápido estão tendo um pouco de dificuldade em ofertar
empregos e encontrar trabalhadores. É o ritmo do trabalho, da tecnologia e a
menor faixa salarial [os problemas]”, afirma o diretor-executivo de operações
da People Report, Michael Harms.
O
próprio McDonald’s e seus franqueados dizem não ter sentido um aumento da
rotatividade de seus funcionários ao longo do último ano, e que não há uma
correlação entre novas iniciativas e rotatividade, de acordo com um email
enviado pela porta-voz Terri Hickey.
“Juntamente
com nossos proprietários-operadores, estamos investindo em todos os
treinamentos necessários para garantir a implementação bem-sucedida de qualquer
mudança em nossos restaurantes”, escreveu ela. “Ao mesmo tempo em que o
‘Experiência do Futuro’ moderniza a experiência de nossos restaurantes para os
consumidores, há também um foco na melhoria do ambiente de trabalho para os
funcionários da rede”.
Steve
Easterbrook, CEO do McDonald’s, vem promovendo iniciativas que ajudaram a
aumentar em 3,6% algumas vendas no ano passado as quais a empresa monitora. “A
bola está realmente na quadra dos trabalhadores, não dos empregadores”, avalia
Harms.
Em 2017,
o McDonald’s afirma ter empregado 235 mil pessoas, incluindo funcionários da
área corporativa e dos restaurantes. Cada uma dessas pessoas gerou US$ 87 mil
em receita, em comparação com os US$ 65 mil do ano anterior. Embora este dado
pudesse ser visto como um sinal de eficiência, também pode ser visto como uma
sobrecarga sobre um número inadequado de empregados.
No
condado de Broward, Flórida, Westley Williams diz que está mudando do
McDonald’s para o concorrente Joint Checkers em razão dos pedidos por meio de
aplicativos móveis, itens novos e seis novos quiosques de autoatendimento.
“É mais
estressante agora”, diz Williams, de 42 anos, frisando também que ele não
conseguiu qualquer aumento por trabalhar mais. “Quando nos atrapalhamos um
pouco porque ainda estamos nos acostumando com alguma coisa nova, nós levamos
bronca.”
Gazeta do Povo
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