Airton
Junior
Os
dogmas do cristianismo foram formados de acordo com o tempo que ia
passando. A própria bíblia como conhecemos hoje não existia ainda
até o século III. Não só isso, como também muitas compreensões
foram surgindo e sendo entendidas pela maioria dos “cabeças” da
igreja como necessárias para o pensamento cristão.
Daí,
temos a teologia cristã do templo, que é a que ver Jesus em tudo,
desde utensílios, o pátio, o lugar santo e o santo dos santos.
Porém,
quando Jesus surge no cenário religioso de seu tempo, em determinado
momento, sua fala começa a ser direcionada para a destruição
daquilo que seria o objeto mais sagrado de sua religião: o templo.
Ora,
não há nada mais sagrado para um judeu que o templo de Jerusalém.
Morada e manifestação de Deus durante muito tempo na história.
Destruir o templo é deixar Deus sem moradia. O problema foi quando
Salomão transformou o tabernáculo (que era móvel) em um templo
(que era fixo). O que era andante, hebreu, caminhante, ficou parado,
virou judeu, engessado e fixo!
A
destruição falada por Jesus não só abalava as estruturas de pedra
e barro do Judaísmo como também minava a coluna central de todo
sistema religioso, a saber, seus dogmas, ritos e liturgias. Quando
falou que não ficaria pedra sobre pedra que não seriam derrubadas,
estava também afirmando: acabará esse negócio de rituais que levam
até Deus, findará esse negócio de observância de mandamentos, da
prática piedosa com fim de receber benefício de Deus. Vocês não
terão mais um lugar, vocês serão o lugar, a lei não estará mais
em pedras ou papiros e sim em vosso coração. As hierarquias que
existiam nesse lugar não existirão mais, vocês serão irmãos. Só
um é vosso mestre, Deus e Pai.
Notemos
que essa fala sendo direcionada a qualquer religião fundamentalista
seria uma afronta digna de morte. E foi o que aconteceu.
Passemos
agora bem adiante, para o discurso do nosso irmão Estevão. Ele em
sua fala diante de autoridades do templo fez um resumo brilhante da
história dos hebreus, até que chega ao verso 47 do capítulo 7 de
Atos e afirma que foi Salomão quem construiu uma casa para Deus.
Confirta:
Mas
foi Salomão quem lhe construiu a casa.
"Todavia,
o Altíssimo não habita em casas feitas por homens.
Como diz o profeta: ‘O céu é o meu trono, e a terra, o
estrado dos meus pés. Que espécie de casa vocês me edificarão?
diz o Senhor, ou onde seria meu lugar de descanso?
Não
foram as minhas mãos que fizeram todas estas coisas? ’
"Povo
rebelde, obstinado de coração e de ouvidos! Vocês são iguais aos
seus antepassados: sempre resistem ao Espírito Santo!
Atos 7:47-52
Estevão
abalou a mesma base que Jesus!
Sempre
tem alguém para construir a casa. Sempre alguém coloca Deus pra
morar nela. Sempre tem alguém para fazer dela a única morada e
manifestação de Deus. Logo nessa casa aparecem os “caciques”
que legalizam o que de Deus se pode conhecer, escrevem, dão teor
sagrado, inerrante e infalível. Nessa casa sempre tem
porteiros para fiscalizar a vida de quem entra lá, afinal, é a casa
de Deus e não se pode entrar de qualquer jeito. Nessa casa, os
“caciques” é quem mandam e desmandam. Elegem seus representantes
de acordo com interesses internos e financeiros.
Agora
pense comigo. O discurso contra “a casa de Deus” afeta
diretamente ao sistema e seus mantenedores. Daí Jesus, Estevão e
qualquer um que faça o que eles fizeram, serão estigmatizados,
condenados, perseguidos e só não será morto por que os tempos são
outros.
A
destruição que precisa ser feita não é de tijolos e sim de
pensamentos fundamentados em um sistema fixo, imutável e
intolerante. Toda vez em que passar por um lugar desses saiba: ali
reside normas, leis, mandamentos, liturgias e ritos que dizem que
aproximam o homem de Deus e foi justamente por ser uma ameaça a
esses fundamentos que Jesus e Estevão foram assassinados.
Airton
Junior
Semeador Irresponsável
Nenhum comentário:
Postar um comentário