Carlos Henrique Abrão
O principal problema que reflete na vida do cidadão
se chama desgoverno. O total descaso e a falta de apetite para mudar o retrato
sombrio que convive com altas taxas de inflação, baixa produção e enorme
recessão.
Não fosse esse o modelo desenhado pela incompetência
generalizada, ainda os idosos do País sofreriam o desafio da sobrevivência.
Planos de saúde que não tem controle algum da agencia reguladora e desembocam
milhares de associados na vala comum do SUS ou de valores absolutamente
impossíveis de serem pagos.
O completo descaso estatal denota a corrupção
latente. Nenhuma preocupação com o social, coletivo e interesses difusos já que
a maioria da população fica nas filas de hospitais, de serviços públicos
ineficientes, e aquele desprovido de recursos financeiros não poderá acreditar
no combalido e falido Estado brasileiro.
Gastão e perdulário, incompetente e banhado por uma
maquiavélica impunidade, não ampara a infância, nada faz pela juventude e
desampara a velhice. Eis o quanto podemos asseverar numa análise daquilo que
constatamos, judicializando todo e qualquer tipo de problema para que a justiça
opine, solucione e de uma solução heróica.
O caso mais inaceitável foi do plano de saúde da
Unimed Paulistana colocando em risco mais de 700 mil pessoas, cuja agencia
reguladora demorou para agir, fazer a intervenção ou autorizar uma fiscalização
rígida dentro da cooperativa.
Aqueles que puderem farão a portabilidade com
carência. Os hipossuficientes financeiros terão que se subordinar aos planos
para terceira idade ou tirar a carteira do SUS e torcer com fé para não
adoecerem. Não há qualquer logística, ideologia ou sinalização de resultado.
Podem faturar, ganhar bilhões, mas quem sempre paga a conta é o cidadão que não
pode ficar a perder sua capacidade de indignação.
O sucateamento em tudo que se analisa é frequente,
com repercussão na educação, na cultura, na saúde e na própria saúde da
população. Como aplicar uma reviravolta se a cidadania não é exercida e a
população, sua maior parte, fica quieta e não se movimenta para mudar o cenário
perverso com o qual nos deparamos.
Estruturada assim essa tênue linha que perpassa
intervenções estatais deslumbradas e despreparadas, cujos reflexos hoje
assistimos, no setor elétrico, de petróleo, óleo e gás ,tudo isso mata a
correlata cadeia produtiva e estabelece uma insolvabilidade em série, matando
na fonte o melhor do crescimento e desenvolvimento.
Ao lado disso o descaso estatal gera a pauperização
e derruba a classe média passando a fazer parte de uma pseudo inclusão que
levou a euforia e logo em seguida ao descalabro que mostra a insensibilidade
do Estado, do governo, de oposição ausente e da cidadania martelada,
apesar da intitulada Constituição cidadã.
Nada disso altera o raio de ação de nortear mudanças
e conseguir um caminho para salvar a população de tantos efeitos maléficos que
a paralisação da economia provoca. Um Estado que se comporta com total descaso
desde a tenra até a última idade precisa ser questionado todos os momentos e
colocado para se explicar e minorar os distanciamentos entre as classes menos
privilegiadas e aquelas que usufruem das benesses do Estado em rota de colisão
com o bem estar comum.
Uma completa transformação é inadiável e ela
somente se perfaz com a participação da sociedade e daqueles insatisfeitos e
descrentes de tanta corrupção e roubalheira generalizada subtraindo da Nação a
razão da governabilidade.
Carlos Henrique Abrão
Doutor em Direito pela USP com Especialização
em Paris, é Desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo.
Alerta Total – www.alertatotal.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário