Carlos Henrique Abrão
Os tempos de trevas vividos pela indigente
república brasileira assolam a preocupação com uma disrupção, diante da tênue
democracia e a falta de lideranças oposicionistas. O princípio seria válido se
não tivéssemos experiência no tema e estivéssemos distantes do profundo golpe
sofrido pela desabrida corrupção que infestou estatais e fundos de pensão,
livre, direta e indeterminadamente.
A lei deve ser aplicada para todos, não há qualquer
dúvida. Se temos suspeitas e fatos comprobatórios de irregularidades, ou
mazelas com o dinheiro público, tudo deve ser apurado e levado ao banco dos
réus. O lobby existe sim em países desenvolvidos, mas vantagens pessoais são
inadmissíveis e inaceitáveis.
Barack Obama quando defende as empresas norte
americanas no tratado pacífico não gera suspeita ou dúvida que defende
irrestritamente ao interesse da pátria e não o seu próprio. O mesmo acontece
com a Alemanha de Angela Merkel quando ela coloca em relevo a força da
indústria alemã e reconhece a falta grave de alguns procedimentos. Ela não está
posicionando interesse particular sobre o coletivo. Lá até o marido da primeira
ministra não entra no avião dela e viaja de trem ou condução por ele paga para
as férias do casal.
Enfim, o que precisamos mais uma vez é separar o
joio do trigo. E os investimentos feitos pelo BNDES, de bilhões no exterior,
hoje demonstram a falta que o dinheiro tem feito para irrigar empresas
brasileiras. Guardar o sigilo dos dados públicos é verdadeiramente canhestro,
pois se cuida de dinheiro público, do contribuinte, daí porque todos os dados
devem ser disponibilizados no site da instituição e colocados sob o prisma da
análise do Tribunal de Contas da União e a Controladoria, a fim de que semeiem
subsídios sobre as verdadeiras intenções a serem oportunizadas.
A anemia de nossa economia é preocupante e duas
notas de rebaixamento dos nossos índices mais ainda, assim os bancos acabam por
fazer mais exigências, evitando a inadimplência que anda em termos gerais em
patamares bem desalentadores.
O que fazer se o governo, ao longo de todo o ano de
2015, somente procurou esconder para debaixo do tapete essa realidade nas
eleições de 2014 situando que cresceríamos e tocaríamos em níveis próximos ao
primeiro mundo?
Engodo. A nossa economia patina e de sétimo lugar
agora está ocupando o décimo quinto. A estabilidade dos países vizinhos é real.
Chile, Peru, Colômbia, e até se formos enxergar os dados da Bolívia e Paraguai
são mais animadores que os nossos.
Tudo porque aqui sinalizaram que o Estado deveria
prover a pobreza e a miséria, desde que a corrupção fosse o alvo de um grupelho
que se cercou do poder e fez da nação uma disrupção com a legislação e o estado
de direito.
Criticam os plantadores de más notícias que a Lava
Jato acabará com a economia e fustigará as grandes empreiteiras, empregos e
serviços. No entanto, se não fizermos uma radical mudança nesse setor, dentro
em breve, a corrupção endêmica se tornara mais sistêmica ainda com o
comprometimento das novas gerações.
A união da sociedade civil é indispensável. Ninguém
em sã consciência poderia sequer imaginar ou desenhar o cenário atual,
conturbado, com o enlamear da República, os poderes fragmentados e o País
desgovernado.
Que a Suprema injustiça não se cometa para que a
responsabilidade pura, integral e inadiável de todos, sem exceção, venha à
baila, a fim de que o fardo pesado de hoje se torne mais leve com a destruição
de organizações criminosas que tomaram o poder para lesar a Nação
Carlos Henrique Abrão
Doutor em Direito pela
USP com especialização em Paris, é Desembargador no Tribunal de Justiça de São
Paulo.
Alerta Total – www.alertatotal.net
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